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Uma esperança ainda com incertezas

No fim do ano passado, de forma exultante até, prevíamos que em 2022 nos livraríamos do peso representado pela pandemia da Covid-19. Muitos fatores levavam a crer que estávamos corretos, devido à evolução natural da doença e à vacinação atingindo índices crescentes.

Contávamos com a retomada da atividade econômica, com a melhora do nível de empregos, com a redução da inflação e, enfim, com a volta à normalidade. Sabíamos que tínhamos muitos desafios pela frente, em especial o desabastecimento de insumos industriais e a desorganização do mercado como um todo.

Porém, pouco a pouco, buscaríamos as soluções e trilharíamos o caminho da correção destes problemas.

Mas fomos impactados pela variante Ômicron, claramente menos letal, mas com uma capacidade infectante extremamente importante. O número de infectados por ela é assustador. E é relevante registrar que a maioria dos infectados não tem o esquema vacinal completo.

As vacinas não impedem os indivíduos de contraírem o vírus, mas os protege. Afinal, possuem o poder de evitar que a doença atinja patamares de gravidade muito altos. Assim, vacinados tem sintomas leves e muitos sequer apresentam sintomas.

A boa adesão dos brasileiros às vacinas, já comprovada em outros ações do Plano Nacional de Imunizações, está contribuindo decisivamente para um maior controle neste momento. Os nossos níveis de vacinação são até superiores à maioria dos países Europeus a aos dos Estados Unidos da América.

Os defensores da não-vacinação estão deixando de contribuir para esta conquista e significativa melhora do quadro sanitário. Com todo o respeito aos que pensam de outra forma, entendo que se vacinar é um ato de cidadania.

De qualquer forma, essa variante, embora pouco letal, deve ser encarada com muita preocupação.

É impressionante a rapidez e a intensidade do aparecimento de novos casos que, por sua grande quantidade, estão levando à ocupação de muitos leitos de UTI, além do aumento, embora pequeno, no número de óbitos.

A nossa grande esperança é ouvir pesquisadores renomados, brasileiros e estrangeiros, dizendo que os estudos realizados com as doenças infecciosas sinalizam para que as variantes se tornem menos letais e mais infectantes com o passar do tempo – o que poderia indicar que a pandemia está “chegando ao fim”.

Veja, é importante ressaltar que não é a doença que está chegando ao fim, mas sua incidência como pandemia. Provavelmente teremos que conviver com a Covid-19, controlando-a com vacinas por um tempo ainda sem previsão. Inclusive, temos notícias de que o panorama da doença na Europa já tem uma significativa mudança, apresentando um declínio acentuado de casos.

É relevante lembrar que em todo o período em que a pandemia nos aflige, a atuação intensa e qualificada dos laboratórios clínicos foi de alta importância no diagnóstico, no tratamento, na avaliação e no acompanhamento da resposta imunológica. A mídia tem feito justíssimos elogios aos médicos e enfermeiros, mas esquecem de citar os laboratórios que foram fundamentais em todas as etapas da pandemia.

Os laboratórios clínicos brasileiros são submetidos à mais rigorosa norma técnica sanitária da área da saúde, o que garante um ambiente qualificado e a segurança dos pacientes. Os exames laboratoriais são realizados com controle da qualidade, expertise técnica e ambientes adequados, diferentemente dos testes realizados fora do laboratório – que não oferecem tal segurança nos resultados.

Fazer testes fora do ambiente laboratorial é válido quando se está inserido numa estratégia de enfrentamento de doenças, mas não substitui e nunca substituirá os exames laboratoriais. Insinuar, por meio de propaganda, tal possibilidade de substituição, é iludir a sociedade. Os laboratórios clínicos fazem EXAMES. Fora deles são feitos TESTES limitados e sem finalidade diagnóstica.

Vamos lembrar que aumentar o acesso aos clientes é muito importante. No entanto, os acessos oferecidos devem ser qualificados, e a rede de laboratórios existente no Brasil atende perfeitamente esta demanda.

Apesar do susto com essa nova variante, penso que as esperanças de um 2022 melhor irão se realizar, e que logo teremos uma situação bem mais confortável. E que encerraremos 2022 bem melhor que nos últimos dois anos.

Temos muita fé de que realizaremos, depois de três adiamentos, o 47º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas em Fortaleza, de forma presencial, entre os dias 19 e 22 de junho.

Estamos, faz muito tempo, necessitando retomar esta atividade que permite, além da atualização científica, o reencontro com colegas e professores, o convívio com os palestrantes, conhecer novos equipamentos e sistemas diagnósticos, conversar com os fornecedores, relaxar nas atividades sociais e, por vezes, estender alguns dias a mais a presença na cidade para aproveitar um pouco de turismo.

O “charme” conferido por um congresso presencial não pode ser esquecido e, por esta razão, devemos manter e apostar que conseguiremos realizá-lo.

Finalmente, a SBAC continuará com as atividades digitais, como o SBAC Digital, o CEPAC Digital e a Semana das Análises Clínicas, devido a clara percepção de que se trata de uma maneira de oferecer o conhecimento de forma mais efetiva e capilarizada num país do tamanho do nosso.

Venham conosco!