TEMAS DISRUPTIVOS COMO CHOOSING WISELY, OVERDIAGNOSES, MACHINE LEARNING,
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ORGANÓIDES CEREBRAIS, E TAMBÉM OS CLÁSSICOS,
ESTARÃO PRESENTES EM SALVADOR, DE 10 A 13 DE SETEMBRO.
Andrea Penna
O que mudou da pandemia para os dias de hoje na patologia clinica?
É notório que nesse período o mundo é outro, aconteceram diversas mudanças tanto do ponto de vista de saúde, de comportamento humano, de hábitos, e eu acho que o Congresso Brasileiro de Patologia Clínica traz a incorporação dessas mudanças. Começa pelo tema que escolhemos, “o papel da patologia clínica na sustentabilidade do sistema de saúde”. A pandemia efetivamente desafiou o sistema de saúde e precisamos que se torne sustentável nesse “novo normal”.
Quais são os desafios desse “novo normal” para o sistema de saúde?
O desafio é muito grande tanto para o poder público conseguir gerir e prover a saúde e o bem-estar para a população, como também para parte da população que opta pelo sistema de saúde suplementar. Nesse contexto a gente já traz dois palestrantes. O primeiro, é o Doutor Luiz Cláudio Lemos Correia, mestre em saúde pública pela Johns Hopkins University e atualmente pesquisador da Emory University, no departamento de epidemiologia, ambas nos EUA. Ele foi um dos precursores no Brasil do Choosing Wisely que é uma metodologia de utilização racional dos recursos. Essa metodologia é uma campanha mundial, e no sistema de saúde, implica na utilização dos recursos corretos para a pessoa correta no momento correto, trabalha muito com estatística epidemiológica, mas também com estatísticas de procedimentos, tentando buscar da melhor maneira possível a otimização dos recursos sem colocar em risco a qualidade assistencial nem a segurança do paciente. E o nosso congresso conversa muito com essa questão de sustentabilidade. O Doutor Luiz Cláudio Correia também estará numa mesa sobre overdiagnoses que significa diagnosticar coisas que talvez não precisassem ou não não existam, o que gera também uma série de custos.
Quem é o outro palestrante?
É o Dr. Alisson Muotri. Ele é professor do departamento de Pediatria e medicina molecular da Universidade de San Diego, também é diretor da equipe de células troncos da Universidade de Stanford, ambas nos Estados Unidos, além de outros cargos diretivos. Ele é doutor em ciências biológicas pela UNICAMP e Phd em genética pela USP. Hoje ele tem um trabalho na Universidade de San Diego com organóides cerebrais, o comportamento e o desenvolvimento desses organóides, que são modelos celulares que tentam mimetizar numa forma reduzida, o comportamento do cérebro humano. É uma questão muito disruptiva que temos apresentado dentro do nosso congresso. Dr. Alisson também trabalha com esses organóides cerebrais no projeto junto da Nasa. Então, aqui é uma outra ponta, de quando falamos de sustentabilidade do sistema, mas iremos percorrer todos os temas, dos clássicos aos disruptivos. Além desses dois palestrantes, que estarão nas palestras magnas conosco, teremos outras envolvendo biomarcadores em doenças mais comuns como diabetes e Alzheimer. Outro aspecto da disrupção, comentada ao longo dos últimos anos e que já está em prática, são as machine learning, que é o aprendizado pelas máquinas, e a tão falada Inteligência Artificial que seria o uso de diversas ferramentas, dentre elas, algoritmos que conseguem prever o comportamento das pessoas ou comportamento das coisas em determinados ambientes. Isso faz com que possamos rapidamente identificar esse padrão de comportamento e determinar condutas.
Inteligência artificial então terá grande espaço no Congresso?
Terá o maior número de mesas, quer seja na identificação de métodos para poder tornar um exame mais preciso e/ou rápido, ou tornar exequível algum tipo de exame através de utilização de ferramentada bioinformática, como também o uso de inteligência artificial para tentar captar dados dos pacientes para agilizar o atendimento nos Laboratórios clínicos. É um tema de muito interesse da população, de nós médicos patologistas clínicos, e dos profissionais de laboratório.
Mas os temas clássicos e de ponta também terão espaço, não é?
O congresso vai abordar desde temas mais modernos aos mais clássicos. Teremos mesas de Estudos óticos e mecânicos para coagulação, Hematologia de uma forma geral, e testes bioquímicos, urianálise, parasitologia, além da própria microbiologia que é uma área de grande interesse para o laboratório clínico para patologia clínica. E ainda, Diagnósticos moleculares, citometria de fluxo para doenças hematológicas, e genéticos, desde screening para o recém-nascido ou a utilização de testes laboratoriais genéticos antes do nascimento, até a detecção de doenças crônicas.
Do clássico, da ponta, ao disruptivo.
Então falamos de coisas disruptivas, mas também trazemos o básico de líquidos biológicos, de exame de urina. É um congresso inclusivo, que vai interessar aquela pessoa que está na bancada, e vai também interessar as pessoas que são estratégicas, que pensam em inovação e em disrupção. Serão 10 salas, oito delas com aulas simultâneas, além de workshops, das arenas, e ainda, a própria indústria diagnóstica que estará presente em peso no nosso congresso.
Informe por favor, sobre a área de exposição.
Teremos a maior área de estandes vendida em toda a história do nosso congresso. São mais de 4.200 metros vendidos para expositores, e teremos uma feira com 8 mil metros quadrados.
O Congresso também abordará a gestão laboratorial. Como será?
Um dos temas tradicionais no nosso congresso é a gestão. Parte importante da nossa grade estará falando sobre gestão, atendimento do paciente, gestão de recursos humanos dentro do laboratório, planejamento, relacionamento com as principais entidades. Teremos ainda, uma mesa com a Anvisa e outra com a ANS, todos esses grandes entes que participam da regulação. E ainda falando de uma grande área que abordaremos, e já fazendo um link com os com os produtos e serviços da SBPC, por ser muito caro para nós, é a questão da qualidade assistencial e da Segurança do paciente. Teremos muitas mesas sobre qualidade no laboratório. Fomos um dos primeiros setores dentro da saúde que se preocuparam com a qualidade, com as questões de sistematização de atendimentos, procedimentos operacionais, padrões e indicadores. Então vamos ter mesas fantásticas, especificamente de indicadores que eu acho que são imperdíveis, vamos trazer aqui o estado da arte desse tema. E algumas mesas específicas de PALC, nosso programa de acreditação de Laboratórios clínicos que é um dos melhores programas mundiais de acreditação de laboratório clínico, que ao longo desses 20 anos desenvolveu uma série de inovações e de diferenciais para seus associados que utilizam esse programa ou que são filiadas a esse programa. É um dos principais produtos da SBPC. Obviamente temos outros produtos, como a realização do teste de especialista, uma miríade de cursos EAD, o LabTestOnline, uma excelente Biblioteca digital, o jornal brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, a revista notícias Medicina Laboratorial. Mais recentemente na nessas últimas diretorias, temos podcasts, que chamamos Papo de laboratório. E ainda incentivamos programas de residência médica em patologia Clínica, publicamos um ou dois dois livros anualmente, e mais recentemente, apoiamos as ligas acadêmicas de patologia clínica nas diversas Universidades. Tudo isso faz com que a SBPC/ML seja uma entidade de vanguarda e consiga, obviamente, um dos maiores congressos médicos do país.