O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinou a retomada da obrigatoriedade do exame toxicológico para motoristas de ônibus, carreta e caminhão como parte do processo de obtenção e renovação da carteira de motorista. A medida visa fortalecer a segurança nas estradas, assegurando que os condutores estejam livres do uso de substâncias ilícitas que possam comprometer a sua habilidade ao volante. A partir de 28 de dezembro, o motorista que não apresentar o exame toxicológico será multado.
De acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Alvaro Pulchinelli, os exames toxicológicos desempenham um papel crucial na promoção da segurança viária, assegurando que os motoristas profissionais estejam livres de substâncias que podem comprometer suas habilidades ao dirigir. “O teste é projetado para procurar substâncias estimulantes, como cocaína, anfetamina, metanfetamina, ecstasy, bem como substâncias depressoras do sistema nervoso central, como maconha e os opióides, ou seja, substâncias psicoativas que não permitem que o usuário delas estejam em plenas condições de conduzir veículos de grande porte com a capacidade integral e a responsabilidade exigidas”, explicou Alvaro, acrescentando que a medida também protege os outros usuários das rodovias (motoristas passageiros, pedestres) bem como propicia menor impacto sobre o sistema de saúde com menos acidentes e sequelas.
O exame toxicológico tem validade de 30 meses e de acordo com o médico, a detecção precisa de substâncias ilícitas pode ocorrer por um período de até 90 dias após o uso da substância. “Os exames laboratoriais evoluíram consideravelmente, garantindo maior eficácia na identificação dessas substâncias, proporcionando assim uma avaliação mais abrangente da condição dos motoristas”, ressaltou.
Alvaro, toxicologista da SBPC/ML, explica que essa questão pode e deve ser tratada como um problema de saúde pública, uma vez que não estamos apenas falando de acidentes de trânsito, mas também da saúde dos motoristas.
“Essas substâncias podem atuar no sistema nervoso central do indivíduo, provocando alterações psiquiátricas, cardiológicas, aumento da pressão, aumento da frequência cardíaca, entre outras coisas. Sem contar com o risco de se viciar. Estamos falando de um problema que vai além da decisão do motorista de usar ou não a substância, influenciando também em sua saúde, na saúde dos outros usuários da rodovia e nas pessoas ao seu redor”, explicou.