Estão aumentando os casos de arboviroses – dengue, chikungunya e zika – não apenas no Brasil, mas em toda a região das Américas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a intensificação de ações contra a proliferação do mosquito transmissor e reforça a importância de realizar exames diagnósticos para identificar a presença do vírus quando as pessoas apresentam os sintomas típicos, como febre, dor no corpo e manchas vermelhas.
“O Brasil tem sido vítima de uma série adicional de infecções causadas por vírus que nos são transmitidos pela picada de mosquitos. Mas a boa notícia é que os laboratórios de Patologia Clínica e a indústria do setor possuem hoje uma série de testes capazes de identificar qual vírus está infectando a pessoa e de forma mais
rápida. Assim, auxiliam no tratamento dos pacientes, com a escolha certa do tratamento e contribuem para o registro de casos, ampliando -se o conhecimento da epidemiologia das doenças e consequentemente, a melhor forma de prevenção”, pontua o médico Dr. Celso Granato, infectologista pela Sociedade Brasileira de
Infectologia (SBI) e especialista e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
Sintomaticamente, as infecções agudas por zika, dengue e chikungunya são muito semelhantes e não é confiável o diagnóstico destas doenças apenas pelo quadro clínico. “É necessário fazer exames etiológicos, em particular, a RT-PCR na fase aguda da doença ou através da detecção do antígeno viral, no caso da dengue’,
explica João Renato Rebello Pinho, coordenador médico do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
Normalmente, os testes existentes detectavam a presença do vírus no organismo a partir do 4ª dia de sintoma, quando apareciam os anticorpos, substâncias produzidas pelo próprio organismo para combater a infecção. Mas os testes de antígenos disponíveis hoje conseguem o diagnóstico muitas vezes a partir do primeiro dia da
infecção, por conta de glicoproteínas que estão sendo utilizadas para a replicação dos vírus e já podem ser encontradas com antecedência no sangue. Já os testes de PCR são os mais precisos, mas por serem mais caros, nem sempre são a primeira opção.
Em menor ou maior escala estão disponíveis à disposição dos clínicos e da população, os seguintes testes:
– Febre amarela – sorologia (IgG e IgM) e teste molecular (PCR) – está disponível na maior parte das regiões em laboratórios públicos de referência, mas em alguns estados em laboratórios privados;
– Dengue – Teste para antígeno viral NS1 (antes do 5º dia) e sorologia IgG / IgM (após o 6º dia de sintomas). O teste molecular – RT PCR detecta o RNA viral e caracteriza a presença dos quatro tipos do vírus (1, 2, 3 e 4) no período sintomático da infecção até o 5º dia. A detecção do RNA viral geralmente precede à produção de anticorpos específicos, e mesmo à detecção do antígeno NS1. É o único exame que identifica o vírus e que não sofre alteração caso o paciente tenha tido alguma infecção anterior por outro sorotipo. É importante fazer uma leitura precisa do resultado, já que o RNA viral pode se tornar negativo após alguns dias de sintoma. Portanto, o RT PCR não é em geral o exame de primeira escolha para casos com mais de uma semana de sintomas;
– Chikungunya – O teste molecular RT PCR pode ser realizado a partir do primeiro dia da doença e permanece positivo nos primeiros oito dias da doença. A sorologia IgG/IgM deve ser realizada a partir do 4º dia do início dos sintomas;
– Zika -Teste molecular – em amostras de sangue (1º e 5º dia) e urina (1º e 8º dia) do início dos sintomas, após este período por sorologia IgM e IgG.
Os testes moleculares do tipo RT PCR são mais diretos e evitam o “falso-positivo” dos testes rápidos (Imunocromotografia), além de não sofrerem reações cruzadas com outros vírus da mesma família. “Existem exames de RT-PCR que fazem a detecção destes três agentes de uma só vez que podem ser uma boa opção para casos em que não haja nenhuma suspeita epidemiológica, ou seja, não há muitos casos de um mesmo tipo de infecção na região e não fica uma “dica” da possível infecção”, finaliza o coordenador médico e associado da SBPC/ML, dr. João Renato Rebello Pinho.
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