A conscientização sobre o autismo cresceu nos últimos anos, assim como o número de diagnósticos. Muitas pessoas acreditam que esse transtorno se manifesta de maneira evidente, com sintomas como dificuldade de comunicação, dificuldade de interação social, comportamentos repetitivos, hiperfoco em um tema específico, dificuldade para interpretar as emoções dos outros e de expressar as próprias emoções, entre outros.
No entanto, milhares de autistas de nível passam a vida sem diagnóstico ou enfrentam descrença quando revelam sua condição, simplesmente porque “não parecem autistas”. Esse “autismo invisível” traz desafios profundos, como esgotamento emocional, isolamento e dificuldades no ambiente de trabalho e social.
O autista de suporte leve (ou suporte 1), mais comum em mulheres, é aquele que não precisa de um nível alto de apoio em suas atividades, mas que, ao longo da vida, pode sentir algumas dificuldades na interação social, no aprendizado e apresentar comportamento inflexível.
“O transtorno do espectro autista nível 1 de suporte é o que acarreta em menos prejuízo tanto na fala quanto no desenvolvimento cognitivo. Mas algum prejuízo ele vai trazer, pois é isso que caracteriza o transtorno”, afirma Danielle Admoni, psiquiatra geral e psiquiatra da infância e adolescência, supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
O esforço de mascarar as características do autismo acarreta em um alto preço emocional pelo esgotamento mental de estar sempre se esforçando para se encaixar nos padrões esperados pelas pessoas neurotípicas, para evitar o bullying ou críticas a seus comportamentos.
“O suporte vai depender de cada caso. Em geral, apenas uma terapia cognitivo-comportamental pode ser suficiente, mas varia para cada pessoa. O fato do nível autista 1 conseguir se comunicar já é um grande passo para uma boa adaptação”, afirma Danielle.
Investigar quais são as características principais apresentadas pelos autistas de suporte 1 e esclarecer quais são as terapias que podem ajudar-los podem lançar luz para pessoas que são autistas e ainda não sabem disso e podem incentivar que elas busquem um diagnóstico e acompanhamento profissional para que sintam-se mais seguras em se manifestarem e a se aceitarem como são.