Entenda o que é óbito fetal e por que ele ainda acontece, mesmo em gestações ava

Especialista da AMCR explica causas, diagnóstico e cuidados que podem reduzir o risco de perda gestacional
 A apresentadora Tati Machado, da TV Globo, comoveu o público ao anunciar a perda de seu bebê com 33 semanas de gestação. Casos como esse, embora raros e profundamente dolorosos, reacendem um debate necessário sobre o óbito fetal e os cuidados durante a gravidez.
 Segundo a ginecologista Dra. Viviani H. S. Costa, membro da Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), o óbito fetal é caracterizado pela morte do feto antes do nascimento e pode ocorrer tanto ao longo da gestação quanto durante o trabalho de parto. A classificação varia conforme o tempo gestacional e o peso do feto: é considerado precoce quando acontece a partir de 22 semanas ou 500 gramas; e tardio quando ocorre após 28 semanas ou em fetos com mais de 1.000 gramas.
 “O diagnóstico geralmente é confirmado por meio da ausência de batimentos cardíacos fetais durante a ultrassonografia”, explica a médica. Ela destaca que as causas podem ser diversas — desde condições maternas, como hipertensão, diabetes e infecções, até problemas fetais ou placentários, como anomalias cromossômicas, infecções congênitas, descolamento de placenta ou inflamações intrauterinas. Traumas físicos também estão entre os fatores de risco. No entanto, mesmo com a medicina avançada, aproximadamente 50% dos casos não têm uma causa identificável.
 Após a confirmação do óbito, o próximo passo é definir a melhor via de parto, sempre respeitando a história obstétrica da paciente, o estágio da gestação e, principalmente, seu desejo. Em gestações mais precoces, a indução do parto costuma ser o caminho indicado. Já após a 28ª semana, as recomendações seguem protocolos semelhantes aos de uma gestação em curso com feto vivo. “A cesárea, nesses casos, deve ser indicada apenas em situações excepcionais, quando há risco para a vida da mãe. Como o bebê infelizmente já faleceu, os riscos cirúrgicos não se justificam”, ressalta Dra. Viviani.
 Embora cerca de metade dos casos não tenha causa conhecida, há evidências de que parte dos óbitos fetais tardios pode ser prevenida com uma assistência pré-natal cuidadosa e contínua. “O pré-natal de qualidade é uma das ferramentas mais importantes que temos para acompanhar a saúde da gestante e do bebê, identificar fatores de risco e agir de forma preventiva sempre que possível”, pontua Dra. Viviani. Ainda assim, mesmo com todos os cuidados e exames em dia, perdas podem acontecer — e, muitas vezes, sem uma explicação médica precisa.
 Falar sobre o tema com responsabilidade e empatia é uma forma de acolher famílias que enfrentam essa dor silenciosa, além de ampliar o conhecimento da sociedade sobre as complexidades da gestação. “Informação também é cuidado. E toda mulher merece ser acolhida, orientada e respeitada — em qualquer etapa da gestação, inclusive diante da perda”, finaliza a especialista. Para saber mais informações, acesse o site.
 



Fonte:

Gabrielle Botário | (11) 92032-3768