Diabetes Mellitus exige acompanhamento médico e exames laboratoriais para evitar agravamento

Sociedade Médica reforça a importância dos testes de rastreamento, uma vez que diabetes pode ser uma condição silenciosa e, frequentemente, é descoberta tardiamente, aumentando a chance de complicações no organismo

O diabetes mellitus é uma condição silenciosa que afeta muitas pessoas e é uma das doenças crônicas mais prevalentes em todo o mundo. O Brasil ocupa a sexta posição no ranking dos países com maior incidência de diabetes mellitus, sendo líder entre as nações da América do Sul e Central com o maior número de casos. Nesse cenário, o Brasil já soma 16 milhões de pessoas vivendo com diabetes, dos quais cerca de 40% ainda não descobriram a condição. Os sintomas frequentemente não aparecem ou podem ser confundidos com questões do dia a dia. Afinal, ter muita fome, sede e vontade de urinar nem sempre está relacionado a uma doença. Por isso, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) reforça a importância dos testes de rastreamento como dosagem de glicose e/ou hemoglobina glicada e um eficaz monitoramento com outros exames complementares quando a doença for diagnosticada.

O endocrinologista e patologista clínico membro da SBPC/ML, Pedro Saddi Rosa (foto), explica que o diabetes pode interferir em diversos aspectos do funcionamento do organismo, e correlacionar esses aspectos com os exames de laboratório é muito importante. “Analisar os resultados laboratoriais conhecendo as características clínicas, ou seja, os sintomas e sinais da pessoa que vive com diabetes e os mecanismos através dos quais o diabetes pode interferir no organismo maximiza a qualidade desses resultados e minimiza a chance de erros. O diagnóstico e a pesquisa de eventuais lesões de órgãos como rins são obtidos por meio de exames. E diante dos resultados, determinamos todos os procedimentos necessários como mudança de estilo de vida e medicamentos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes”, ressaltou. Saddi explica que a compreensão dos aspectos clínicos do diabetes, história familiar, sintomas, exame físico e fatores de risco, é essencial para o tratamento adequado.

O diabetes mellitus é uma condição crônica caracterizada por concentração elevada de glicose no sangue, resultando de problemas na produção ou ação da insulina, um hormônio que regula a glicose. O tipo mais comum de diabetes mellitus, que representa cerca de 90% dos casos, é o tipo 2, que costuma ocorrer em adultos e está relacionado ao excesso de peso, à falta de atividade física e a uma alimentação pouco saudável. É a diabetes mais comum, e mais frequentemente atinge outros membros na mesma família.

“O tipo 2 é o que mais cresceu nas últimas décadas, porque tem essa associação com o estilo de vida, e, como a população está aumentando o excesso de peso, se alimentando mal e praticando menos atividade física, o número de pessoas vivendo com diabetes vem aumentando”, destacou Saddi.

O diabetes tipo 1 é o segundo mais frequente. Ele pode ser diagnosticado em qualquer faixa etária, mas o clássico é em jovens e crianças. O patologista clínico da SBPC/ML explica que este tipo não está associado ao estilo de vida. “Trata-se de uma doença autoimune, na qual ocorre a destruição das células que produzem insulina. E é por isso que esses indivíduos precisam usar insulina desde o início do tratamento”.

Há também o diabetes gestacional, que é transitório e não uma condição permanente. “Ele é caracterizado por uma elevação da glicemia durante a gravidez. Quando termina a gestação, o médico reavalia essa mulher, que pode voltar a apresentar a glicemia sob controle ou ser reclassificada com outro tipo de diabetes”, explicou Saddi, acrescentando que as mães que desenvolvem diabetes gestacional têm um risco aumentado de desenvolver o tipo 2 da doença no futuro.

Testes para Diabetes

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, a glicemia em jejum, o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) ou a dosagem de hemoglobina glicada (também chamada hemoglobina A1C ou glico-hemoglobina) podem ser usados para diagnosticar diabetes e identificar pessoas com pré-diabetes.

Cada exame tem indicações, vantagens, desvantagens e limitações. Por exemplo, a glicemia em jejum exige a não ingestão de alimentos por 8 horas. O teste oral de tolerância à glicose requer uma glicemia em jejum, seguida da ingestão de uma dose padronizada de glicose e uma nova glicemia após 1 ou 2 horas. Para a hemoglobina glicada, não é necessária a pausa de 8 horas na alimentação ou a coleta de diversas amostras em horas diferentes, mas o exame não é recomendado para todos.

“‘Não deve ser usado para o diagnóstico de diabetes gestacional nem em pessoas que tiveram sangramento importante ou transfusões de sangue recentes, pessoas com doenças crônicas renais ou hepáticas, ou pessoas com distúrbios sanguíneos como anemias e determinadas variantes de hemoglobina. Por outro lado, somente métodos de dosagem de hemoglobina glicada padronizados devem ser utilizados para fins diagnósticos e de triagem. Se o resultado inicial de um exame for anormal, é necessário que ele seja repetido em outro dia para confirmar o diagnóstico de diabetes ou, é necessário um outro teste alterado na mesma amostra”, explica o médico.

Em geral, recomenda-se que todas as pessoas com mais de 34 anos realizem o rastreamento para diabetes mellitus por meio dos exames de glicemia de jejum e hemoglobina glicada. Esse rastreamento também deve ser considerado em pessoas mais jovens que apresentem excesso de peso associado a pelo menos um fator de risco adicional. O teste oral de tolerância à glicose é indicado em casos duvidosos ou em situações específicas, como na síndrome dos ovários policísticos.

Pessoas com diabetes podem monitorar seus próprios níveis de glicose, para ajustar sua medicação de acordo com as instruções do médico. Isso pode ser feito colocando uma pequena gota de sangue (obtida por punção da pele com uma lanceta) em uma tira reagente, que é inserida em um glicosímetro, aparelho que fornece uma leitura digital da glicemia. Outra opção é a utilização de sensores subcutâneos que medem a glicose de maneira contínua.

A hemoglobina glicada também é usada para acompanhamento da pessoa com diabetes, podendo ser solicitada de 2 a 4 vezes por ano. Representa uma medida da quantidade média de glicose presente no sangue nos últimos 3 a 4 meses, e ajuda o médico a determinar a eficácia do tratamento.

Fonte: www.danthi.com.br