À FRENTE DA NOVA GESTÃO NA SBPC/ML, ALVARO PULCHINELLI ADIANTA PROJETOS E DESAFIOS

Nesta entrevista, Pulchinelli avalia os próximos desafios da gestão, como a entrada das farmácias nos testes laboratoriais, o uso de inteligência artificial, a internacionalização do PALC, e projetos das diversas diretorias com a entidade. “A nova RDC 786 vai mexer – já está mexendo – muito com o mercado, tanto do ponto de vista técnico como no aspecto comercial”.
Andrea Penna

QUAL SERÁ O MOMENTO MAIS EMBLEMÁTICO DA SUA GESTÃO?

Sem dúvida, a será a nova RDC 786, que vai mexer – já está mexendo – muito com o mercado, tanto do ponto de vista técnico como no aspecto comercial. Essa nova resolução traz novos desafios e talvez o principal é a inserção do laboratório em lugares onde antes não estava, e agora outros estabelecimentos estão sendo permitidos a fazer exames, como as farmácias. É fundamental para o setor de laboratório clínico estar próximo dessas mudanças, porque essa entrada desses novos players também traz a responsabilidade de um exame bem realizado. Esses testes laboratoriais dentro de outros estabelecimentos que não o laboratório, devem ter a sua qualidade assegurada e cobrada da mesma maneira que os laboratórios clínicos são cobrados. E esses exames vendidos em farmácia têm um papel específico, principalmente na triagem. Então são soluções que não encaramos como antagônicas, mas complementares (com os laboratórios clínicos) . E é importante que essa complementaridade defina bem os papéis e as atuações de cada um dos players. No fundo vemos nisso uma oportunidade para todo mundo crescer.

QUAL SERÁ O TEMA DO PRÓXIMO CONGRESSO DA SBPC/ML?

Esse ano será em Salvador, de 10 a 13 de setembro. E o tema, “O Papel do Laboratório Clínico na Promoção da Saúde”, terá interligação, essa interdisciplinaridade provocada pela nova RDC. Outro aspecto muito interessante no Congresso são as ferramentas de inteligência artificial. A integração de todo o conhecimento que o laboratório gera é fundamental. E deve ser tratada de maneira mais profícua, mais profundidade e mais assertividade, porque quando produzimos uma série de resultados de glicemia de um paciente, por exemplo, nós temos dados que podem virar informação. Quando alguém faz a integração deste resultado com a clínica, então temos uma informação. E essa informação se transforma em conhecimento quando vem de uma série histórica de um paciente. Essa inteligência artificial também pode ser aplicada na avaliação populacional, entender como determinadas populações vão progredindo determinadas doenças ou progredindo conforme as demandas vão aparecendo. Nós estamos vivendo uma epidemia de dengue, certo? Se todos esses dados de dengue estiverem coordenados entre si, dos resultados de exame com os dados clínicos, começaremos a ter respostas muito mais importantes para dar ao serviço de saúde. Então o banco de dados do laboratório é uma menina de ouro.
ENSINO À DISTÂNCIA SE TORNOU UMA MARCA IMPORTANTE DA SBPC/ML. HAVERÁ CURSOS PRESENCIAIS TAMBEM?
No aspecto da educação continuada, a SBPC/ML dará continuidade a todos os cursos, que no modo EAD a lista é imensa! E vamos fazer aqui em São Paulo o curso de médico revisor dos exames toxicológicos, pois a legislação pede que haja médicos capacitados na avaliação desses exames. Um outro recurso importante que estamos desenhando é o Educa MEDLAB, uma plataforma de educação com 80 aulas curtas de 30 minutos para que os médicos e acadêmicos de medicina, e outros profissionais, possam fazer cursos de forma até segmentada pelos temas gerais, depois passando por bioquímica e hemato.

QUAIS OS PRÓXIMOS PASSOS PARA O PALC?
Estamos trabalhando para internacionalizar o PALC, Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos. E percebemos que toda essa experiência que a SBPC/ML tem no gerenciamento do PALC pode ser levada tanto para países lusófonos como de língua espanhola. Então decidimos fazer uma revisão nessa nossa Norma, que vai ter no final do ano uma edição nova, está sendo já traduzida para o espanhol, e algumas sociedades de língua espanhola, já manifestaram interesse em tê-la. O PALC pode ser um formador de opinião fora também do Brasil, ser um líder em outros países. No Brasil são 200 Laboratórios acreditados pelo PALC, respondendo mais ou menos por 65% dos exames liberados no Brasil. Por isso já é o momento de sairmos para vôos maiores.

QUAIS OS DESAFIOS DAS DIRETORIAS DA ENTIDADE?
O trabalho que Anelise Wengerkievicz fez nesses últimos anos na comunicação, nas gestões do Carlos Eduardo e Fábio Brazão, foi excepcional. Houve uma revolução na nossa comunicação, que ficou mais ágil, mas além de uma intensa penetração nos meios de comunicação, também estamos reformulando a nossa Revista, que passará a ser uma revista eletrônica. A atuação do Conselho de ex-presidentes é bastante significativa, temos também uma diretoria que é muito importante, a de Relações Institucionais onde temos uma ligação importante junto à Anvisa e ANS. Um aspecto que nos orgulhamos bastante é que na gestão do Carlos Eduardo nosso projeto da avaliação dos kits de coronavírus foi tão bem visto pelas agências que a própria Anvisa no final de 2020 citou programas como o da SBPC, como modelo. Com a ANS, conversamos sobre o monkeypox, sobre os exames, diretrizes de utilização, a forma como seria colhido, processado e cobrado. Também fizemos reuniões com a ANVISA. Estamos muito próximos, de outras instituições, tanto governamentais como não governamentais, como a CBDL, a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, onde o Carlos Gouveia é um parceiro de toda hora. Outra ação importante da entidade é a campanha Eu confio no laboratório foiuma campanha bastante importante que fizemos no final do ano passado e vem produzindo bons resultados, inclusive nas redes sociais, como Instagram, LinkedIn, no Facebook.

A ENTIDADE TEM PLANOS PARA O SITE LABTEST-ON- LINE?
O LTO brasileiro é o segundo em acesso no mundo e o sucesso não é apenas junto ao público leigo, mas chega também mais rápido para para biomédicos, médicos, técnicos. Existiam vários no mundo todo, criados pela Associação Norte-americana de Química, mas eles mudaram a entidade, venderam o LTO. Hoje por sermos os segundos maiores usuários, continuamos a usar a marca, pagamos um aluguel e temos o LTO-Br, que está a pleno vapor, bem ativo, tem um papel ativo, tem vida própria.