A primeira fase do Projeto ADAP (Accelerating Diagnostic Access Project) foi concluída no mês de março. O programa, que teve início há alguns anos, foi uma iniciativa da Prof. Rosanna Peeling, da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), com o apoio do Wellcome Trust e da Chatham House, além da IDC – The International Diagnostics Centre, Africa CDC, ALADDIV / CBDL e ASEAN Dx Initiative.
A reunião global, da qual a CBDL/ALADDIV representou as entidades da América Latina, teve como foco a revisão das descobertas nas reuniões de consultas regionais e com a indústria, e além de propor alternativas de desenvolvimento de políticas e processos regulatórios.
As conclusões serão compiladas em um documento, cuja proposta é alicerçar um esforço global a fim de garantir o suporte na aceleração do diagnóstico.
Destacado apenas como aplicação de testes em laboratórios de análises clínicas, a função do diagnóstico é muito mais abrangente. Um dos exemplos foi o papel de destaque na pandemia de COVID-19, onde foi possível aferir a quantidade de pessoas que tiveram acesso pela primeira vez a um teste rápido nos postos de testagem ou em farmácias. Segundo índices da ABRAFARMA, mais de 16 milhões de testes (de antígeno) foram aplicados em mais de 5 mil farmácias nestes últimos dois anos.
De acordo com a LSHTM, 47% da população no mundo tem pouco ou nenhum acesso ao diagnóstico! Fundamental para a qualidade e efetividade na saúde, o conceito de diagnóstico ainda não é integralmente compreendido. Há falta de financiamento e de recursos para que isso ocorra de forma adequada. Infelizmente, o papel essencial do diagnóstico no cuidado com a saúde necessitou ser alavancado por um uma pandemia de grandes proporções.
O Projeto ADAP contou com quatro fases distintas: Mapeamento das etapas em regulação, aprovação e introdução dos produtos em termos de políticas de países da África, Ásia e América Latina para testes POC (Point Of Care); Aumento da conscientização entre reguladores, profissionais de saúde, especialistas de saúde pública sobre as barreiras e os gargalos, além de ausências e duplicações de normas nos processos de regulação e registro com introdução de produtos para a jornada e políticas de novos testes POC; Identificação de soluções para contornar os problemas que impedem o registro e o acesso de forma acelerada ao uso de testes de diagnóstico POC; e Desenvolvimento de sugestões de políticas para um cenário regulatório, além de políticas de saúde pública para a aceleração do registro e a introdução de novos testes de diagnóstico POC com qualidade assegurada.
O relatório final desta fase do ADAP trará as recomendações, no entanto ficou evidente a importância ao diagnóstico precoce e preciso, o que permitirá o acesso a terapias eficazes e com menor custo.
Desta maneira, o investimento na área de diagnóstico (cerca de 2% do PIB de saúde) conferirá uma economia substancial para a saúde pública, no sentido de evitar internações desnecessárias, terapias sem eficácia, e ainda perda de tempo, custo e sofrimento dos pacientes e familiares.
O uso inteligente de ferramentas regulatórias como o “reliance”, a convergência regulatória, recomendada pela OMS, poderão agilizar e acelerar o processo para introdução de novas soluções diagnósticas. E ainda, novos arranjos produtivos que possa aproveitar o que cada um pode oferecer em recursos será possível eliminar diversos gargalos e mitigar riscos logísticos.
Muitas propostas e soluções serão compartilhadas em breve. Aguardemos!