A doença de Alzheimer foi descoberta no início do século 20, precisamente em 1906, e somente passou a representar preocupação médica e social quando o contingente populacional composto por idosos começou a aumentar, elevando também a frequência desta doença. Este aumento ocorreu inicialmente em países do primeiro mundo a partir dos anos 60, alertando os médicos para esta doença, e nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, sua importância médica e social tomou corpo a partir dos anos 90. Hoje se sabe que a doença de Alzheimer é a mais comum das demências neuro degenerativas, e se deve ao acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro. Estas proteínas vão se depositando gradualmente ao longo de vinte anos, ou mais, no cérebro, interrompendo as transmissões de sinais biológicos entre neurônios e dificultando comandos básicos como visão, comunicação e localização espacial, entre outros.
Por outro lado, a toxicidade do cérebro também se deve ao acúmulo dessas proteínas tóxicas entre os vasos sanguíneos que transportam oxigênio para os neurônios, “espremendo-os” e impedindo a oxigenação ideal destas células. Portanto, a diminuição de transmissão de sinais entre neurônios e o seu enfraquecimento fisiológico por conta da baixa oxigenação é provavelmente a causa das diversas alterações patológicas que vão se somando nesta doença com o passar do tempo desde seu início.
Recentemente as pesquisas em neurobiologia estabeleceram três causas básicas. A primeira causa, portanto, a mais comum, atinge entre 80 e 90% das pessoas e é adquirida por hábitos não saudáveis (por exemplo: tabagismo) e situações patológicas que causam lesões vasculares por longos períodos, por exemplo: colesterol cronicamente elevado, doenças autoimunes, tromboses e diabetes não controladas, principalmente. A segunda causa é de origem constitucional da pessoa, afeta 5 % dos casos de Alzheimer, e se deve à baixa imunidade crônica que atinge as células que fagocitam as proteínas tóxicas do cérebro. A terceira causa é de origem genética e é responsável também entre 10 e 20% dos doentes de Alzheimer por diminuição da capacidade da proteína APO-E4, entre outras, em bloquear a ação das proteínas tóxicas.
Ainda como terceira causa de ordem genética desta doença há a trissomia do cromossomo 21, frequente em pessoas com síndrome de Down.
Depois desta breve introdução, segue um resumo sobre informações importantes para o conhecimento geral, e que certamente poderá auxiliar as pessoas a conhecerem melhor esta doença que está nos assombrando cada vez mais.
Importante saber:
1) 80 a 90% desta doença ocorre em pessoas com idade acima de 65 anos e é conhecida por doença de Alzheimer senil; quase a totalidade destes casos se devem às causas adquiridas acima especificadas, e algo próximo de 5% à deficiência imune de células que fagocitam as proteínas tóxicas.
2) 10 a 20% desta doença ocorre em pessoas com idade abaixo de 65 anos e é conhecida por doença de Alzheimer precoce; quase a totalidade destes casos se devem às causas genéticas e cerca de 5% também se deve à deficiência imune.
Independentemente da idade, a doença de Alzheimer começa a ser percebida por fases de alterações de comportamento e são classificadas em inicial, moderada, grave e terminal, conforme se segue:
– Fase inicial: se dá quando a pessoa tem alterações de visão de cores e de profundidade, perda de memória, e momentos de incapacidade de localização espacial.
– Fase moderada: se dá na sequência da fase acima e se manifesta por dificuldades em falar ou de se expressar, de planejar, de criar, e se acentua com a insônia.
– Fase grave: ocorre ao longo de meses ou anos após a fase moderada e se caracteriza por resistência e agressividade em aceitar tarefas comuns do dia-a-dia, por exemplo, banho, diálogo e exercício físico, principalmente. Esta fase se acentua no momento que o doente passa a ter dependência para higiene pessoal e alimentação.
– Fase terminal: ocorre quando o doente se torna restrito ao leito, se recusa a falar ou comunicar. Nesta fase o sistema imune se torna muito fraco principalmente por conta da alimentação desregulada e da diminuição do comando sensorial orgânico, culminando com constantes infecções que são as causadoras principais de óbitos.
Até o momento não há medicações curativas para esta doença, destacando-se que a prevenção ainda é o melhor caminho e deve ocorrer antes da quarta década através de hábitos e alimentação saudáveis.
Este artigo foi redigido durante minha recente passagem pela Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde esta doença está sendo estudada e discutida com profundidade. Uma das possíveis possibilidades que está sendo pesquisada aqui é a busca de drogas que possam limpar as proteínas tóxicas que afetam o cérebro, impedindo a progressão da doença.
Obviamente são experimentos que podem levar anos, mas que representam auspicioso progresso no combate à doença de Alzheimer.