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Opinião



                                  CD - A nova linguagem hematológica

                                                                        métodos  de  diagnósticos  rápidos  que  identificassem  pessoas  infectadas  com  vírus
                               Prof. Dr. Paulo Cesar Naoum              HIV.  Descobriram  então  que  os  leucócitos  analisados  por  microscopia  eletrônica
                               Professor Titular pela UNESP             em 3D  e aumento de 40.000 vezes tinham milhares de proteínas em sua superfície
                               Diretor da Academia de Ciência e Tecnologia,  celular, aparentando os rambutões – aquelas frutas cabeludas da Malásia da família da
                               Acadêmico da ARLC                        lichia. Algumas destas proteínas de membrana foram extraídas para estudos.
                               a.c.t@terra.com.br                          Ainda na metade da década  de 80, diante  da descoberta  de vários anticorpos
                                                                        monoclonais diferentes, os cientistas passaram a usa-los em leucócitos de pessoas
                                                                        com  AIDS  e  descobriram  que  esses  anticorpos  “grudavam”  fortemente  em
           Evoluções científicas e tecnológicas ocorridas nos últimos 20 anos em hematologia   determinadas proteínas de membrana de leucócitos. Começava, assim, uma nova fase
        fizeram  com  que  conceitos  básicos  de  células  (núcleo,  citoplasma e  organelas)  se   no diagnósticos de leucócitos patológicos através de métodos de imunofenotipagem.
        tornassem parte natural do conhecimento incorporado à biblioteca cerebral de quem   Dessa forma, alguns grupos de proteínas  de membranas  de leucócitos  foram
        se propõe  a  trabalhar  nesta  área.  Os leucócitos,  por exemplo,  tiveram  mudanças   diferenciados em antígenos de superfície celular e outros em  receptores celulares.
        conceituais após as descobertas de receptores e de antígenos de membrana, assim como   Por  meio  desses  anticorpos  monoclonais  específicos  para  antígenos  de  superfície
        de suas vias de sinalização celular. E, simplesmente, tudo isto forneceu informações   celular foram identificados os linfócitos (ou células) T em CD-4 e CD-8, e logo em
        para diagnósticos e terapias alvo de leucemias, linfomas, e mieloma múltiplo.   seguida, relacionaram que o HIV atacava e anulava o linfócito TCD-4, cortando todo
           Outras células sanguíneas, como os eritrócitos  afetados pela hemoglobinúria   o sistema de comunicação imune do organismo humano, - causa principal da AIDS, a
        paroxística noturna, e as plaquetas em diversos eventos hemostáticos, também tiveram   síndrome da imunodeficiência adquirida. Por outro lado, de forma bastante audaciosa,
        notáveis evoluções com marcadores celulares.                    outros grupos de cientistas tentavam introduzir medicamentos para dentro das células
           A base deste progresso começou nos anos 80 do século passado através de pesquisas   através dos receptores celulares, surgindo daí a terapia alvo.
        realizadas durante o impacto das primeiras notificações causadas por infecções do   A sigla CD, derivou de duas palavras inglesas: Cell Differentiation, que depois
        vírus HIV. Verificaram que reações celulares se desenvolvem em microssegundos,   mudou  para  Cluster  Differentiation.  A  partir  de  então,  os  CDs  passaram  a  ser
        efetuando  múltiplas  respostas para diferenciação  celular, mobilidade,  reprodução   considerados marcadores celulares relacionados com diversas alterações patológicas
        e  indução  para  sua  morte.  Observaram,  também,  que  as  atividades  genéticas  das   ou evolutivas do desenvolvimento celular, e também como alvo terapêutico de alta
        células  sofrem  forte  influência  de  produtos  advindos  do  meio  ambiente  onde   especificidade.
        estamos inseridos, e de hábitos pessoais. Neste contexto de pensamento científico,   Atualmente  o  número  desses  marcadores  ultrapassa  400  tipos  específicos,  e
        a epigenética  -  termo cunhado há muito tempo para indicar alterações do DNA -   cerca de uma centena deles são usados para diagnosticar e tratar muitas doenças,
        passou a ser considerada como fator principal de transformações celulares motivadas   notadamente as neoplasias hematológicas.
        por influências ambientais e habituais.                            Esse é apenas o começo da história da nova hematologia, que associada à modelos
           Voltando  à  epidemia  da AIDS,  havia  nos  anos  80  necessidade  em  se  buscar     matemáticos cria novos índices e amplia sua magnífica história!




                               Outono                                                            VISÃO
             Doenças alérgicas aumentam                                           Saúde ocular e o Estresse

                  no outono e demandam                                   Brasil (ISMA-BR) apontou que 70% da população brasileira apresenta algum sinal
                                                                            Um levantamento da Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse
                      cuidados especiais                                 de estresse. Preocupações do dia-a-dia relacionadas ao trabalho, faculdade, escola
                                                                         ou família podem gerar consequências muito graves para o corpo humano, incluindo
                                                                         os olhos. Indivíduos que são submetidos a situações de estresse elevados, podem ter
                                                                         sua visão afetada de várias formas, ao ponto de causar sintomas como coceira, dores
                                                                         de cabeça, visão turva, tremor nas pálpebras, derrame ocular dentre outros.
                                                                            Segundo a médica oftalmologista do Núcleo de Oftalmologia, Danielle Costa,
                                                                         se manifestado de forma elevada, o estresse pode afetar a visão de uma forma ainda
                                                                         mais profunda. “Em alguns casos extremos, a sobrecarga emocional pode afetar a
                                                                         retina, estrutura neurológica situada interiormente no globo ocular responsável pela
                                                                         recepção de luz e formação de imagens em alta definição, induzindo o aparecimento
                                                                         de uma doença chamada Coriorretinopatia Serosa Central ou simplesmente Serosa
                                                                         Central”, aponta Dra. Danielle Costa.
                                                                            Conhecido como hormônio do estresse, o cortisol é responsável, dentre outras,
                                                                         pela  ativação  do corpo  para  dar respostas rápidas  em  situação  de emergência.
                                                                         Passada a  situação de  perigo,  todo o corpo  volta  à  sua normalidade.  Entretanto,
           Também conhecido como a estação das frutas, o outono chegou trazendo   a sensação constante de alerta, típica dos indivíduos estressados, faz com que os
         variações climáticas, temperaturas mais amenas e redução gradual da incidência   vasos sanguíneos, presentes na região posterior à retina, se dilatem promovendo
         solar, fazendo com que os dias passem a ser cada vez mais curtos no Hemisfério   vazamento de líquido. Este, por sua vez, gerará “bolhas” que acabam por elevar
         Sul do planeta.                                                 as camadas da retina e provocar o descolamento da mesma, exatamente onde se
           O outono é propenso ao aumento de crises alérgicas, uma vez que as chuvas   encontra a mácula, ou seja, na região central.
         passam a rarear e o ar fica mais seco e frio, tornando-se irritante para as vias   A Serosa Central geralmente ocorre em homens entre 20 e 50 anos e se manifesta
         respiratórias  e  demandando  atenção  e cuidados  especiais  principalmente  entre   com perda ou distorção súbita da visão central. Outras queixas comuns incluem
         crianças e idosos.                                              micropsia (ver os objetos menores do que são) e/ou uma mancha na visão central.
           Com sintomas que vão dos espirros até a falta de ar, é possível prevenir as   O tratamento desta alteração ocular deve ser orientado apenas por um médico
         típicas alergias da época com ações simples, tais como evitar locais fechados,   oftalmologista. A ida regular a um consultório deste profissional é primordial para a
         grandes aglomerações e lavar as mãos com frequência, além dos cuidados com a   manutenção e prevenção de sintomas como esses, de acordo com a Dra. Danielle. “O
         higienização de ambientes.                                      ideal é que haja um equilíbrio na saúde emocional associado à prevenção na saúde
           Higienização de ambientes e saúde são dois conceitos que se complementam,   ocular para que situações como essas não ocorram”, aconselha.
         uma vez que poeira, ácaro, fungos e bactérias se acumulam quando o espaço não
         é higienizado. Os ácaros, por exemplo, que são fonte importante de produção de
         alérgenos, são responsáveis por 50% dos ataques de asma em pessoas e, segundo
         a OMS (Organização  Mundial  de Saúde), 90% das alergias respiratórias  são
         causadas pela poeira doméstica, o seu habitat natural.
           Além do tamanho imperceptível – medem de 0,2 a 0,3 mm –os ácaros possuem
         3 garras em cada uma de suas 8 pernas e 2 pinças, o que dificulta a sua remoção
         em materiais têxteis. Outra característica é que eles se desenvolvem em ambientes
         escuros, com umidade e matéria orgânica, tais como restos de pele.
           Colchões  e travesseiros formam  o ambiente  ideal  para os ácaros. Em  um
         colchão com 10 anos de uso, estima-se que vivam 1 trilhão de ácaros. Já nos
         travesseiros são encontradas de 3 a 5 espécies diferentes, e após 6 anos de uso 10%
         de seu peso é constituído de ácaros e suas fezes, que são produzidas em grande e
         constante quantidade.
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