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Opinião

Dra. Angela Satie Nishikaku
Biomédica formada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-Botucatu). Mestre e doutora em Ciências na área
de Imunologia, pelo Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo (USP).
Realizou o pós-doutorado no Laboratório Especial de Micologia, pela Disciplina de Infectologia, Departamento de Medicina, Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP).
Atualmente pertence ao corpo técnico do Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Biologia Molecular Dr Ivo Ricci
info@biomolricci.com

Onicomicose: doença de fácil aquisição, difícil de tratar

A onicomicose, ou simplesmente infecção seguido por T. mentagrophytes. Outras infecções em pelo menos dois tempos diferentes com
das unhas causada por fungos (também cada vez mais comuns envolvem a ação de FFNDs, intervalos de aproximadamente 4 semanas é
denominada paroníquia e tinea unguium), é tais como espécies de Aspergillus, Fusarium, recomendada para confirmar a detecção de
umas das micoses superficiais mais comuns em Acremonium, Neoscytalidium e Scopulariopsis fungos filamentosos como agente causal e não
todo o mundo. É a onicopatia que corresponde brevicaulis, além de leveduras Candida albicans contaminantes ambientais. 12
1,5
à aproximadamente metade das queixas em e C. parapsilosis. Nas últimas décadas, estudos Outros métodos diagnósticos
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consultórios de dermatologia e, em escala global, científicos destacam o aumento de onicomicoses complementares incluem: histopatologia,
apresenta prevalência estimada de 5,5 a 10% na por FFNDs como causa isolada desses distúrbios ensaios de amplificação do DNA, testes de
2,3
população geral, sendo responsável por cerca ou em infecções mistas com os dermatófitos, que imunocromatografia, citometria de fluxo e
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de 90% dos casos de infecção nas unhas dos pés . vem contribuindo para a crescente resistência espectrometria de massas. 5,10 Dentre os métodos
A ocorrência da onicomicose é consideravelmente antifúngica relatada. 1,5,7 No entanto, os casos de de amplificação do DNA, a reação em cadeia
crescente com a idade e é particularmente comum onicomicose por FFNDs ainda são subestimados e da polimerase (PCR) convencional e a PCR em
em idosos. Fatores que predispõem à infecção muitas vezes diagnosticados incorretamente por tempo real trouxeram grandes benefícios em
incluem diabetes, psoríase, trauma persistente na avaliação clínica e exames micológicos clássicos, função da possibilidade de identificação de
unha, má circulação sanguínea, tabagismo, fatores quando realizados, pois são considerados diferentes fungos em nível de gênero e espécie
genéticos, ambientes úmidos, uso constante de principalmente fungos contaminantes. Neste a partir de alvos moleculares específicos, além
calçados apertados ou fechados, HIV e agentes sentido, torna-se primordial a identificação da análise pelo sequenciamento do DNA, com
imunossupressores. Geralmente ocorrem específica do(s) fungo(s), em decorrência das maior sensibilidade e especificidade, assim como
concomitantemente ou após a infecção fúngica diferenças nas condutas terapêuticas apropriadas menor tempo para a confirmação do diagnóstico
dos pés (tinea pedis). 5 e principalmente pela presença de fungos definitivo. É particularmente útil quando há
As manifestações clínicas são variadas e resistentes aos antifúngicos de uso convencional, suspeita de FFNDs ou de infecção mista e
descritas de acordo com o tipo de invasão no tecido como a terbinafina e os azólicos. recomendado em combinação com os exames
ungueal, caracterizando-se principalmente por O diagnóstico clínico de onicomicose requer micológicos tradicionais. 7-10
descoloração (cor amarelada ou esbranquiçada) a confirmação por métodos laboratoriais, Finalmente, as abordagens para o manejo
e espessamento da unha, muitas vezes que geralmente incluem como padrão-ouro a da onicomicose devem envolver o diagnóstico
acompanhados por onicólise (separação da unha microscopia direta com solução de hidróxido de laboratorial preciso antes de iniciar o tratamento,
do leito ungueal) e possivelmente afetando a potássio (KOH) e /ou cultura a partir do raspado evitando assim os efeitos adversos dos antifúngicos
pele adjacente. As formas mais graves causam da lesão ungueal, adequadamente coletado. sistêmicos, como a toxicidade para o fígado e os rins,
cavitação e onicocriptose (unha encravada) até No entanto, a detecção de elementos fúngicos além das interações medicamentosas indesejadas.
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a completa fragmentação das unhas . Embora a pelo exame direto com KOH pode apresentar de Devido à natureza multifatorial da onicomicose,
onicomicose não seja associada a casos de alta 5-20% de resultados falso-negativos, enquanto a mudanças comportamentais relacionadas ao estilo
mortalidade, é uma doença de difícil tratamento sensibilidade dos métodos de cultura pode variar de vida, condições ambientais e desinfecção dos
e de alta recorrência (10-53%), podendo ocasionar de 30 a 57%. 2,5,8,9 Estudos demonstram que cerca calçados e outros acessórios podem prevenir a
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desconforto, dor, limitações físicas e ocupacionais, de 35% dos casos podem ter culturas negativas propagação e manutenção de reservatórios do
além de afetar diretamente na qualidade de vida mesmo após uma microscopia direta positiva. 10,11 fungo, contribuindo para a redução das taxas de
5,12
dos indivíduos acometidos. 5,6 O crescimento dos fungos em cultura apresenta recorrência dessa micose, que ainda permanece
Os agentes etiológicos das onicomicoses tempo variável, dependendo do fungo e dos como um grande desafio para a saúde pública
incluem os dermatófitos, as leveduras e os meios de cultivo empregados, ou seja, 48-72 mundial.
fungos filamentosos não dermatófitos (FFNDs). A horas para leveduras e até 3-4 semanas para os
maioria das infecções é causada por dermatófitos, FFNDs e dermatófitos. 5,10 Em casos de suspeita Bibliografia. As referências bibliográficas serão
predominantemente Trichophyton rubrum, de onicomicose por FFNDs, a cultura sequencial enviadas, quando solicitadas.

Avanço

Ultrassom dermatológico

A Sociedade Brasileira de Dermatologia chama atenção para a prevenção do
câncer de pele. O ultrassom dermatológico é importante para o diagnóstico e
planejamento terapêutico e cirúrgico com precisão. O câncer de pele, segundo
dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), corresponde a 27% de todos os
tumores malignos no país.
Dessa forma, a tecnologia do exame de ultrassom dermatológico
permite identificar as lesões com características de benignidade ou
malignidade, medidas precisas, profundidade e se a camada da pele
se encontra na lesão. Além de caracterizar a lesão primária e sua
correta localização e limites. Ainda, avalia estruturas nobres que
podem ter sido atingidas, como cartilagens e osso.
O ultrassom dermatológico é um exame de imagem altamente
preciso que permite ao médico verificar diferentes condições
dermatológicas. Particularmente nas neoplasias cutâneas e sua
associação com o doppler colorido, permite um diagnóstico acurado, verificando
em tempo real e com detalhamentos as lesões .
Também é indicado para elucidar diagnósticos, planejamento cirúrgico e
tratamentos, punções guiadas na cosmiatria, permitindo ao dermatologista
ou cirurgião plástico fazer um estudo antes de um procedimento estético,
identificando os diferentes tipos de preenchedores cosméticos que podem não
ser compatíveis entre si e as variações anatômicas durante o exame.
Dessa forma, o procedimento é guiado, aliando precisão e segurança, evitando
vasos importantes e depositando produtos no plano adequado para cada tipo de
técnica e substância. Depois, em caso de possíveis complicações, é auxiliado em
tratamentos e punções guiadas.
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