InovaUSP – USP Ribeirão entrega dois grandes complexos e amplia a infraestrutura científica e de inovação

Inaugurações do InovaUSP e do Centro de Pesquisa em Ciências Biomédicas somam cerca de R$ 180 milhões em investimentos e quase 30 mil m² de novas áreas no campus

Por Rose TalamoneDescerramento de placas das inaugurações do InovaUSP Ribeirão – Foto: Vladimir Tasca/SCS-RP

Foram inaugurados, na manhã do, dia 15 de dezembro, dois novos edifícios no campus da USP em Ribeirão Preto: o InovaUSP – Complexo Ribeirão Preto e o Centro de Pesquisa em Ciências Biomédicas (CPCBio), vinculado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). As duas obras somam investimentos de mais de R$ 180 milhões e resultaram na entrega de aproximadamente 30 mil metros quadrados de novas áreas físicas, destinadas a atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação.

As inaugurações ocorrem em um campus que oferece 1.385 vagas na graduação e, em 2025, conta com 6.751 alunos de graduação, 54 programas de pós-graduação e 3.379 alunos de pós-graduação, além de 7.303 estudantes de outros cursos como: atualização, especialização, MBA e residência, totalizando 17.433 alunos. A estrutura acadêmica e administrativa do campus é composta por 919 docentes e 1.677 funcionários, distribuídos em oito unidades de ensino.

InovaUSP – Complexo Ribeirão Preto

Com mais de 4 mil metros quadrados de área construída, o InovaUSP – Complexo Ribeirão Preto recebeu investimento superior a R$ 30 milhões em obras e cerca de R$ 1 milhão em equipamentos. O edifício reúne laboratórios multiusuários, ambientes de inovação, coworking, áreas de certificação e um programa estruturado de residência em inovação.

Ao abrir a cerimônia, o coordenador do InovaUSP Ribeirão Preto, Norberto Peporini Lopes, apresentou o conceito que orientou a criação do espaço. “Alguns anos atrás, junto com o professor Luiz Henrique Catalani, estudávamos gargalos no sistema de inovação do Brasil. O modelo tradicional aumentava os riscos no processo de inovação, porque levar uma empresa da universidade direto para uma incubadora aumentava muito o risco do chamado vale da morte”, afirmou. A partir dessa constatação, segundo ele, foi concebido o modelo de residência em inovação.

Prédio do InovaUSP em Ribeirão Preto – Foto: Vladimir Tasca – SCS/RP

Lopes explicou que o prédio se estrutura em dois eixos centrais. “Primeiro, a atração de empresas de grande porte para desenvolver soluções para problemas específicos, por meio de laboratórios compartilhados e certificados. Segundo, o ambiente de residência e inovação”, detalhou. Sobre a formação dos participantes, afirmou: “Os alunos que ingressarem aqui com seus projetos, preferencialmente projetos de doutorado, ao final de dois anos, o que se espera é que eles alcancem um CNPJ viável ou que nós tenhamos a formação de um doutor especialista em gestão”.

O coordenador também mencionou a presença de representantes do setor produtivo na cerimônia. “Isso mostra que o setor produtivo tem interesse nesse ambiente, e eu tenho certeza de que isso será um grande sucesso.”

Na sequência, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, contextualizou o papel do InovaUSP dentro da estratégia institucional. Segundo ele, a inovação passou a ser prioridade da gestão e, consequentemente, uma atividade-fim da Universidade. Também chamou atenção para a rapidez da obra: “É muito raro você ter no serviço público uma obra tão rápida quanto essa, iniciada e finalizada na mesma gestão”.

Ao explicar a finalidade do edifício, Carlotti afirmou: “Estamos criando um ambiente para termos empresas aqui dentro da Universidade, para que elas tenham o poder de induzir a nossa pesquisa a ser mais rápida, mais eficiente e mais qualificada”. Ele destacou ainda a vocação regional do complexo: “São vários polos em todos os campi, e o de Ribeirão Preto tem a missão de ser um centro de inovação voltado para a saúde e o agro, áreas em que a USP tem uma grande tradição”.

O reitor também comentou o perfil atual dos estudantes. “Hoje, os nossos alunos estão mais interessados em abrir suas próprias empresas, em desenvolver produtos inovadores, e o nosso papel é dar as condições para que isso aconteça.” Nesse contexto, ressaltou a importância da certificação: “O pesquisador ou empreendedor vai trazer do seu laboratório para ser certificado e poder conversar com a indústria. Hoje, você não consegue interagir com as empresas se o produto não estiver totalmente certificado”.

Carlotti citou ainda o papel de estruturas como a Embrapii e a Fapesp. “Temos aqui no campus, com o modelo Embrapii, a possibilidade de dobrar o investimento da indústria. Isso é fundamental para fortalecer a inovação e gerar produtos que tenham impacto real na sociedade.”

Ao concluir, reforçou a missão institucional: “A obrigação da universidade é colaborar para o desenvolvimento da sociedade. A aproximação da universidade com a sociedade é o que vai garantir que a USP tenha mais 91 anos pela frente”.

Ao encerrar a inauguração do InovaUSP Ribeirão, o vice-governador do Estado de São Paulo, Felício Ramuth, destacou o simbolismo do novo espaço. “Nada melhor do que começar a semana ao lado de quem produz ciência, tecnologia e inovação”, afirmou. Para ele, a estrutura é um meio, não um fim: “O prédio é maravilhoso, mas vai ser mais bonito aquilo que vai se produzir aqui dentro”.

Ramuth enfatizou a importância da cultura empreendedora e da formação de uma mentalidade voltada à inovação. “Levar o empreendedorismo é ensinar resiliência, criatividade e respeito às regras”, afirmou. Ao tratar da relação entre os diferentes setores, ressaltou a interdependência como elemento central do desenvolvimento. “Nós nascemos dependentes e continuamos interdependentes. Dependemos uns dos outros. Esse prédio representa a união da comunidade, das empresas e da Universidade, criando novos produtos, inovação e desenvolvimento.”

O vice-governador também mencionou as iniciativas do Estado voltadas à educação. “Estamos levando o empreendedorismo desde o ensino fundamental até o ensino médio. O que queremos é criar essa mentalidade no jovem.” Para concluir, projetou os efeitos do novo espaço no longo prazo. “Tenho certeza de que esse prédio será o ponto de partida para muitos novos projetos que vão contribuir para a sociedade. Juntos, vamos construir a cidade, o Estado e o País dos nossos sonhos.”

Centro de Pesquisa em Ciências Biomédicas

Descerramento de placas das inaugurações do Centro de Pesquisa em Ciências Biomédicas da FMRP – Foto: Vladimir Tasca/SCS-RP

Com 25.400 metros quadrados de área construída e investimento de cerca de R$ 150 milhões, o Centro de Pesquisa em Ciências Biomédicas (CPCBio) da FMRP reúne 187 salas destinadas ao ensino, administração, depósitos e informática, 238 áreas de laboratório, incluindo laboratórios, freezers, biotério e lavagem, além de área técnica, sanitários, paramentação, resíduos e DML. O edifício abrigará cinco departamentos da FMRP: Fisiologia, Farmacologia, Biologia Celular Molecular e Bioagentes Patogênicos, Bioquímica e Genética, com atividades integradas de ensino, pesquisa e extensão.

A abertura da cerimônia coube ao diretor da FMRP, Jorge Elias Junior, que destacou o significado institucional da entrega. “É uma grande alegria nos reunirmos para inaugurar o Centro de Pesquisa em Ciências Biomédicas. Este é um marco para a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, para todo o campus da USP e para a pesquisa científica no Estado de São Paulo”, afirmou.

Ele chamou atenção para o prazo de execução. “Há exatos dois anos, no dia 15 de dezembro, lançamos a pedra fundamental. Hoje estamos inaugurando um prédio real, completo, pronto para servir à ciência. Isso é prioridade, planejamento e compromisso institucional.”

Segundo Jorge Elias, o CPCBio nasceu de uma necessidade objetiva. “Centralizar, modernizar e expandir a infraestrutura de pesquisa da Faculdade de Medicina, criando um ambiente verdadeiramente multidisciplinar, capaz de integrar grupos, acelerar resultados e transformar conhecimento em inovação.”

Ao detalhar a estrutura, afirmou: “Estamos inaugurando um prédio com mais de 25 mil metros quadrados, com dezenas de laboratórios, biotério moderno, áreas multiusuários e espaços compartilhados, concebidos para facilitar a colaboração, otimizar recursos e elevar o padrão de segurança e qualidade do trabalho científico”. E concluiu: “Este é um espaço pensado para formar pessoas, produzir ciência de alto nível e gerar impacto real para o SUS e para a sociedade”.

Na sequência, as falas do presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, da secretária-executiva da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, Stephanie Costa, e do superintendente do Hospital das Clínicas da FMRP, Ricardo Cavali, convergiram para uma mesma ideia central: a integração entre ciência básica, pesquisa aplicada e impacto direto na vida das pessoas.

Para o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, o CPCBio é resultado de decisões estratégicas. “A Universidade tem um modelo de financiamento baseado em uma parcela do ICMS. Quando temos momentos melhores, é responsabilidade da Universidade fazer a diferença”. Ele lembrou que assumiu a reitoria após dois mandatos de saneamento financeiro. “Eu assumi a Universidade após os mandatos dos professores Marcos Antonio Zago e Vahan Agopyan, esse ainda enfrentou a pandemia.”

Segundo Carlotti, a gestão optou por investir em atividades-fim. “Além da recuperação salarial e das contratações, a nossa opção foi aplicar um volume importante de recursos em ensino e pesquisa”, e detalhou: “A graduação recebeu mais de 230 milhões de reais em investimentos, fizemos editais de pesquisa em torno de 200 a 230 milhões e também investimos fortemente na recuperação predial”.

Centro de Pesquisas em Ciências Biomédicas da FMRP – Foto – Vladimir Tasca – SCS/RP