A tecnologia dos smartphones colocou a internet em nosso bolso, e aparentemente podemos descobrir respostas para milhares de perguntas com o simples toque de um botão. Mas esses avanços tecnológicos vêm com um custo. Há evidências de que estamos nos tornando excessivamente dependentes, ou até possivelmente viciados, em smartphones. Pense em como você se sente quando percebe que o esqueceu ou deixou-o em algum lugar. Para algumas pessoas é apavorante não estar com este valioso equipamento. De fato, pesquisas recentes mostraram que há pessoas que se tornam estressadas e ansiosas quando são separadas destes “aparelhinhos”, e podem até exibirem sintomas semelhantes aos de abstinência da dependência de um vício. Pesquisas científicas apontam que altos níveis de envolvimento com smartphones e tecnologias multimídias podem estar mudando fisicamente a estrutura e função cerebral. Por conta disso especialistas da área psicossomática (referência abaixo) definiram que há pelo menos cinco estressores relacionados ao uso de smarphones:
1- Distração perpétua (ou déficit cognitivo)
O bipe persistente, a vibração e o piscar das notificações causam distrações aos usuários de samartpones, e estes são levados a interromperem o que estão fazendo para verificarem as telinhas de seus equipamentos. Isso significa que estas pessoas não conseguem focar suas atenções quer seja no trabalho, no estudo, na direção de um veículo etc. Consequências: suas habilidades cognitivas estão deteriorando, com piora na atenção, na memória e no aprendizado.
2- Desregulação do sono
Muitos usam o seu smartphone na hora de dormir; a justificativa é checar se há algo importante. Este comportamento tem o duplo efeito de estimular o cérebro e dificultar o relaxamento das sinalizações sinápticas dos neurônios. Além disso, a luz da tela pode diminuir a produção da melatonina – um hormônio natural que induz e regula o sono. Consequências: sono instável e prejuízo à saúde física e mental.
3- Desequilíbrio funcional
Se caracteriza por não saber separar o trabalho da vida pessoal. Antes da internet e das tecnologias resultantes desse avanço da comunicação, havia uma clara distinção entre o tempo dispendido para o trabalho e o da vida familiar (ou social). Atualmente esta distinção não existe para muitas pessoas, pois elas se tornaram disponíveis e conectáveis a qualquer momento. O relaxamento que as pessoas faziam deixou de existir. Consequências: estresse e ansiedade diária, e prejuízos na comunicação com pessoas de convivência de seu círculo familiar, social e de trabalho.
4- Síndrome do FOMO (Fear Of Missing Out ou O Medo de Perder)
Esta síndrome é um tipo de ansiedade que surge do medo de perder alguma coisa, quer seja um evento, a oportunidade de um trabalho, a comunicação de um assunto etc., e do qual gostaria de participar. Consequência: carência social, impaciência, estresse e ansiedade.
5- Comparação social
Os smartphones trazem imagens e gravações de momentos pessoais, inserção social, número de curtidas de postagens etc. Tudo em tempo real. A mídia de celebridades, por exemplo, incentiva intensamente estes tipos de comparações e as usam como medidas do sucesso ou insucesso da vida. Comparações sem filtros de análises levam muitas pessoas a reeditarem artificialmente suas formas de viver, sem que a mesma corresponda a realidade. Consequência: alteração constante da auto estima e desvio de personalidade.
Os efeitos deletérios à saúde mental e física nas pessoas “viciadas” em smartphones se somam cumulativamente. Com o passar do tempo produzem doenças psicossomáticas que precisam de cuidados médicos.
Por outro lado, para quem faz o uso racional de smartphones há o aumento do conhecimento e o desenvolvimento da inteligência.
Referência principal: Harrison G e Lucassen M. – Stress and anxiety in digital age. March of 2019. The Open University, UK.