Mestre e Doutora pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Marinês Dalla Valle Martino está há mais de 30 anos na área de medicina laboratorial, e hoje coordena, como médica, o setor de Microbiologia da Medicina Diagnóstica da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Com passagens pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, também da Santa Casa, é especialista em título conferido pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC). Professora da disciplina Agente Hospedeiro na Faculdade de Ciências da Saúde Albert Einstein, atualmente preside o Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, que reunirá mais de quatro mil participantes entre os dias 4 a 7 de outubro em Florianópolis, Santa Catarina. E aqui para LaborNews ela detalha o evento e seus principais temas, além de analisar o cenário do setor Laboratorial, seu papel na sociedade, os desafios para o futuro para esta área tão importante no desenvolvimento humano
César Hernandes
Marinês Dalla Valle Martino
LaborNews – Quais os principais temas que serão debatidos neste ano durante o 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial?
Marinês – O tema central do Congresso é “A Patologia Clínica/Medicina Laboratorial como protagonista no apoio à decisão no diagnóstico”. Dentro deste contexto, teremos sessões nas áreas de Imunoquímica, Hematologia, Microbiologia, Gestão, Qualidade, Biologia Molecular entre outras.
LaborNews – Como será o formato do Congresso?
Marinês – A programação integral terá o formato presencial. Ainda teremos transmissão online de duas salas do Congresso, com rodízio das diferentes áreas.
LaborNews – Após dois anos, o Congresso volta a ser presencial. Qual a expectativa para este retorno?
Marinês – Por ser o primeiro grande encontro presencial, além do cunho científico que é característico dos congressos da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), espera-se um empenho pessoal ainda maior para ser coroado de sucesso, tanto da parte dos congressistas e palestrantes quanto dos expositores.
LaborNews – Como será a programação científica? Qual será o conteúdo?
Marinês – Teremos uma programação variada que vai se estender entre os dias três e sete de outubro. Entre outras atividades, a programação científica vai começar no dia 3, com o oferecimento de 12 cursos pré-congresso. Entre os dias 4 e 6, passaremos a ter as mesas redondas, conferências, encontro com especialistas, aulas de acadêmicos e, a cada dia, uma palestra magna. Neste mesmo período ocorrerá a feira dos expositores com atividades dentro dos stands e um período reservado às atividades didáticas. No último dia (7), teremos dois painéis que abordarão a Incorporação dos Exames Laboratoriais e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As atividades sociais também terão o seu espaço na abertura do Congresso e na festa de confraternização. A sessão de fechamento será abrilhantada pela palestra do ex-jogador de vôlei e campeão olímpico, Tande, além de sorteio de bolas autografadas e outros brindes.
LaborNews – E as novidades entre palestrantes e expositores? Qual a expectativa?
Marinês – Passamos os últimos dois anos muito focados às publicações e à área de testes laboratoriais voltadas ao combate à Covid-19, entretanto, ocorreu muita evolução de lá pra cá. Então será o momento de atualização, revisão de práticas e apresentação de produtos e equipamentos que ficaram, de certa forma, em segundo plano neste período.
LaborNews – Qual é o atual cenário do setor de Medicina Laboratorial no país?
Marinês – A pandemia de Covid-19 deu uma oportunidade para que o papel da Medicina Laboratorial mostrasse ainda mais a sua importância, permeando as diversas áreas da Medicina. Foi um setor que teve um trabalho intenso e mostrou que tem condições de se adaptar rapidamente às necessidades do mercado.
LaborNews – Qual o papel da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial? Quais os desafios para o futuro?
Marinês – Ela tem várias frentes de atividade de trabalho no que diz respeito aos exames laboratoriais, que vai desde as ações regulatórias até fornecendo atualização técnico-científica em relação aos procedimentos empregados. Sendo assim, os desafios estão nestes propósitos: desde apoiar o desenvolvimento e validação de novos testes, incentivando a qualidade destes, até a atuação junto às entidades governamentais e regulatórias, incluindo os procedimentos nas diversas tabelas de remuneração existentes. A conclusão destes desafios é apoiar as melhores práticas de saúde.
LaborNews – Ainda estamos vivendo a pandemia da Sars-Cov-2 e agora o mundo está em volta da Varíola dos Macacos? Como o setor vem atuando para auxiliar a população no combate a essas doenças?
Marinês – Novamente o setor se volta à busca de testes que atendam às necessidades epidemiológicas. Desta forma, já dispomos de testes desenvolvidos em diferentes instituições. Outros produtos comercializados já estão surgindo também.
LaborNews – O brasileiro se adaptou ao autoteste? Ele é confiável?Marinês – Os autotestes podem facilitar o rápido diagnóstico, porém carregam problemas nas diversas etapas de um exame de laboratório que necessitam ser cumpridas, como por exemplo, a disponibilização de testes com boa qualidade, coleta adequada, armazenamento correto, processamento e interpretação adequados, já que testes falsamente negativos levam ao não isolamento de pacientes infectados. Alguns testes validados para uso em laboratórios durante os momentos mais críticos da pandemia apresentaram sensibilidades extremamente variáveis. Dentro deste contexto, a SBPC/ML apoiou um projeto junto a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) validando marcas de testes em alguns laboratórios com o objetivo de que os testes oferecidos aos laboratórios tivessem qualidade aceitável. Portanto, onde não há controle dos autotestes após a disponibilização aos pacientes, este aspecto da qualidade é mais crítico ainda. Outro ponto a destacar é que os autotestes não são notificados, portanto este tema também deve ser levado em conta para traçar os dados epidemiológicos corretos.