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CONGRESSO SBAC: VALORIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE DO LABORATÓRIO

A CAMPANHA DE VALORIZAÇÃO PASSA PELA SUSTENTABILIDADE DOS LABORATÓRIOS, E A SUSTENTABILIDADE PASSA POR ESSA VALORIZAÇÃO, UMA DEPENDE DA OUTRA, SÃO INTERDEPENDENTES, E ESTAMOS FOCANDO O CONGRESSO NISSO. Por Andrea Penna…

Em entrevista para a Labornews, o Vice-Presidente da SBAC e membro daComissão Científica do 49º CBAC, Dr. Marcos Kneip Fleury, explica que nes-
te ano, o tema principal do congresso é a sustentabilidade dos laboratórios de análises clínicas. “A SBAC vem trabalhando já há algum tempo na valoriza-
ção dos laboratórios do Brasil e isso, aliás, não é não é um movimento só brasileiro, mas é um movimento internacional que começou durante a pandemia do Covid-19”.
Ele ressalta que o objetivo é mostrar a importância que os laboratórios de análises clínicas têm e tiveram, durante ou após a pandemia, para enfrentar
todos os tipos de problemas. “Agora no Brasil, especificamente, nós temos um surto de dengue assustador no país inteiro. E onde se faz o diagnóstico e o acompanhamento dos casos dengue é no laboratório. A dengue pode ser confundida com outras infecções, com outras doenças com outras viroses, mas o diagnóstico é firmado no laboratório. A demonstração da evolução clínica do paciente não é feita somente pela clínica. Os resultados dos exames são fundamentais no acompanhamento e na tomada de decisões..”
Ele resume assim, o conceito que norteia a SBAC para o evento deste ano: “A campanha de valorização passa pela sustentabilidade dos laboratórios, e a sustentabilidade passa por essa valorização, uma depende da outra, são interdependentes, e estamos focando o congresso nisso”.
Ele antecipa que a estratégia da entidade no Congresso, é, em primeiro lugar, ”proporcionar aos Laboratórios, a possibilidade de uma melhoria técnica.
É preciso que os laboratórios avancem tecnicamente, para poderem evoluir, acompanhar as tecnologias dos exames laboratoriais. Não adianta o laboratório ficar trancado no interior do país utilizando as mesmas metodologias ou técnicas de trinta, quarenta anos atrás. O laboratório precisa se atualizar porque, caso contrário, vai ficar fora do mercado e vai se transformar num mero coletador de exames. E sem capacidade de realizá-los, ele vai mandar todos os exames para outro laboratório. Então quando terceiriza esses exames, ele não exporta somente o teste, ele exporta e terceiriza o conhecimento técnico desse laboratório, ele deixa para outra pessoa resolver o problema técnico, ele recebe apenas um resultado”.
Fleury frisa que a principal missão da SBAC no 49º Congresso, será apresentar aos Laboratórios as soluções, como é que os laboratórios podem
melhorar tecnicamente. “Estamos organizando uma série de palestras orientadas para essa melhoria técnica, e vamos dizer para os laboratórios, que na cidade dele talvez possa iniciar a realização de testes do tipo tal, já que há um surto de dengue nesse município. Vamos explicar que na região dele, ele poderá, por exemplo, tentar montar um serviço de biologia molecular para fazer um diagnóstico mais preciso das doenças infecciosas de uma maneira geral, se houver demanda”.
“De uma maneira geral, o dono de laboratório, principalmente o gestor do pequeno laboratório, se assusta muito quando se fala nessas novas tecnologias, diz que é muito caro, e que os aparelhos são muito grandes. No congresso, vamos mostrar que isso não é verdade mais. Teremos exposição de equipamentos e de kits de tecnologias que estão acessíveis ao laboratório de pequeno e médio porte, que podem ser adquiridos por laboratórios de pequeno porte, e mais, serão apresentados cases de sucesso mostrando quem fez como fez e o que aconteceu com eles”, explica Fleury.
No Congresso, os laboratórios terão oportunidades de conhecer como laboratórios do interior do país conseguiram dar um salto, como se uniram
com outros Laboratórios em cooperativas ou em associações, como as que existem no sudeste no sul no centro-oeste no nordeste. Fleury exemplifica:
“laboratórios se uniram para resolver problemas de compras, de legislação e várias outras demandas. Eles são mais fortes e conseguem taxas melhores de empréstimos e preços melhores de material de consumo, de reagentes negociam melhor com os fabricantes de equipamentos etc. Então essas associações começaram a crescer no Brasil e a SBAC está tentando capitanear essas associações, juntar todo mundo, porque todo mundo está querendo crescer, querendo melhorar a qualidade dos seus exames melhorar e a demanda gi-
gantesca cada vez maior”.
O congresso também vai falar muito da gestão de pessoas, da gestão técnica. Fleury diz que os temas abordarão como o gestor do laboratório pode
manobrar todas as dificuldades, “como é que a gestão pode ajudar esse laboratório a vencer essas crises que se sucedem no setor de saúde do país”. E
completa: “vamos focar nisso e por isso vamos ter também a parte regulatória com a ANVISA, quando vamos abordar todos os aspectos. Os representantes da agência vão falar sobre a nova RDC, a nova resolução que rege os laboratórios, já que o tema foi motivo de muita discussão no congresso do ano passado, mas continua ainda num outro aspecto, que tange à divulgação de homogeneização da fiscalização. Então nós vamos ter um evento paralelo no Congresso que vai falar exatamente disso: como a fiscalização da Anvisa vai abordar os laboratórios utilizando essa nova RDC, como serão preparados esses fiscais?”. O Congresso então, vai debater como vai ser essa homogeneização do conhecimento desses fiscais, para que eles possam atuar corretamente ou eficientemente nos Laboratórios. Fleury anuncia que o Ministério da Saúde também estará presente no Con-
gresso tratando vários aspectos, principalmente o manejo das grandes epidemias que vem acontecendo no país. “Saberemos o que o Ministério da
Saúde faz em relação a isso, e como o laboratório pode ajudar”. Fleury adianta que o Congresso também discutirá a necessidade de um
projeto de Estado que inclua os laboratórios na proteção à saúde. “É preciso que o laboratório seja valorizado dentro de um projeto de Estado para a Saúde. Quem faz o exame no interior é um laboratório pequeno, já que em muitos municípios não há laboratório Estadual. Quem atende a população daqueles municípios são os laboratórios pequenos que estão conveniados, então por isso mesmo esses laboratórios têm que ser incluídos nesse projeto nacional, porque a capilaridade já existe, essa parceria acontece, mas essa participação do laboratório não funciona institucionalmente. Exatamente é necessário que se haja uma valorização dessa participação”.
Outra demanda dos laboratórios que Fleury aponta, e que estará em desta que no Congresso, é a tabela do SUS: “é preciso que os preços sejam corrigidos. A tabela do SUS é muito grande e está muito desatualizada”, explica. Ele diz a ideia não é discutir os 1.500 testes, mas os exames mais realizados, em torno de 250 a 300. “Mexer em 300 é muito mais fácil que mexer em 1500.