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Entrevista ideia, na pandemia, a Publix mudou a embalagem dos
produtos para que as pessoas pudessem ter uma visão
Por: Andrea Penna mais ampliada de quantas calorias tem cada produto.
Assim, as pessoas tinham noção do valor nutricional do
alimento que estavam doando para quem precisasse e não
tinham como comprar. Isso é uma relação verdadeira,
isso é atuar com inteligência, isso é atuar em modelo de
comunidade, inclusive.
Você fala também de “ciclo” que terminam.
Como é isso? Como e por quê as empresas podem e
devem rever seus posicionamentos?
Na verdade, eu falo que as empresas precisam
antecipar o final de ciclos. Isso, porque a estratégia
tende a envelhecer, ela tende a ficar casada se a gente
não provoca essa renovação constante. Então, antecipar
o final de ciclo é justamente você reinventar os processos
antes que alguém reinvente por você. Então é importante
você rever posicionamentos no sentido de buscar
outros posicionamentos mais ágeis, estar investigando
tendências mais frequentemente, conversar mais com
os clientes, com os fornecedores, com os prospects,
entender aquilo que pode ser modificado, e ter realmente
uma atenção um pouco maior no seu radar corporativo,
no sentido de poder, conversando também com startups,
com venda e inovação, tentar ver qual é o próximo rumo
que vai ter naquele negocio. E a partir daí, abandonar
o modelo que não serve mais e incorporar o novo
posicionamento. Tudo isso faz parte de uma cultura que
eu abordo muito no meu próximo livro, o Desinvente.
Quando você pode estar com seu carro colado num para-
choque traseiro da tendência, não deixar o novo tomar
Cassio Grinberg - sócio fundador da Grinberg Consulting e autor do livro "Desaprenda" distância, você precisa estar sempre colado atrás. Porque
se o novo toma distância maior, você acaba perdendo o
Para sobreviver no Século XXI: time, e quando precisar rever a estratégia, haverá ali um
gap, um degrau muito grande, uma ponte muito longa
inovação acontece quando você abandona para atravessar. E se isso acontece, pode ser que você
acaba não conseguindo fazer essa travessia, muitas
vezes tendo de apostar a empresa inteira.
o que faz e inventa com o que desaprende
Como é possível fazer planejamento estratégico
A provocação, busca dar respostas ao turbilhão de novidades e mudanças em todos os setores da em tempos de impermanência?
economia, seja na relação com clientes ou na adoção da inteligência artificial e outras tecnologias. A verdade é que precisamos ter planejamentos
É preciso desaprender o que se faz para reinventar. Nessa entrevista, uma prévia dos conceitos que estratégicos mais ágeis com ciclos de diagnóstico e de
revisão mais curtos, processos mais rápidos, sob pena
estão mexendo com planejamentos estratégicos e revolucionando ciclos. de quando a gente terminar uma analise e diagnóstico
Com mais de 15 anos de experiência, Cassio Grinberg Não experimentamos escovar os dentes com a outra mão, aquilo, já estaremos defasados. Precisamos priorizar
tem formação em ecossistema de inovação de Israel,pelo sentar-se em outro lugar na mesa, que não o lugar que a nos nossos planejamentos, a estratégia de execução,
Ministry of Foreign Affairs. Ele é mestre em Marketing gente se senta sempre. Ao longo do tempo a gente vai com mais velocidade na execução, mais tentativa e erro,
pelo PPGA/UFRGS e especialista em International adquirindo forças do hábito e desaprendendo justamente mais experimentações, planejar na hora de conversar
Business na London City College, Cassio também é é liberar um pouco do espaço antigo para o conhecimento com empresas, com players que não necessariamente
sócio fundador da Grinberg Consulting, professor de novo. Como a gente não consegue acumular tudo, estão no nosso setor, para adquirir uma visão um pouco
MBA em Marketing Estratégico na PUCRS, além de precisamos então estar sempre abrindo espaço para o mais ampla do mercado, e então tentar, a partir disso,
ser palestrante e autor do livro já lançado Desaprenda, novo. O Desaprenda faz essa provocação, e eu tenho planejar cada vez mais à lápis, saber que aquilo que a
e articulista no Estadão e Zero Hora. Em maio de 2023 levado essa provocação adiante nos meus planejamentos gente planeja, o posicionamento que a gente cria, e o
lança outro livro provocativo, o Desinvente, onde estratégicos, nos meus treinamentos com pessoas, e próprio propósito que a gente estabelece, nem sempre
aprofunda conceitos que tem servido de norte para palestras, por exemplo. ele vai durar muito tempo. Então a gente deve ter o
muitas empresas que procuram novos caminhos. lápis e a borracha à mão, e também a capacidade e até
Você comentou em entrevista para um programa, a humildade de rever aquilo que a gente planejou com
Explique um pouco a inspiração e o conteúdo do recentemente, que “acredito que a inteligência, mais velocidade, com mais frequência.
seu livro Desaprenda: transparência e a relação verdadeira vão ficar no
O Desaprenda é um livro que lancei antes da modelo da economia”. Pode desenvolver um pouco
pandemia (disponível na Amazon) – agora em maio mais essas ideias e conceitos?
estou lançando outro, que é o Desinvente. O Desaprenda Realmente é isso! Cada vez mais os clientes estão
é baseado numa reflexão, numa curiosidade, uma mais e mais bem informados. Conseguem ser “detetives
inquietação minha, sobre o por quê a transformação particulares” de uma empresa, de um negócio. Eles têm
vem sempre de fora para dentro e não de dentro para muita informação online disponível. Portanto, cada vez
fora. Por quê geralmente uma indústria é desinventada mais no meio empresarial e no meio da relação entre
e depois reinventada não por ela mesma, mas em geral as empresas e clientes, a mentira tem pernas curtas.
por alguém de fora, por alguém que em tese, não está ali Isso significa que precisamos ser transparentes, passar
dentro do dia-a-dia do negócio, olhando setorialmente. informações verdadeiras, se relacionar verdadeiramente
Temos vários exemplos disso, como a indústria com os nossos clientes a partir da percepção de
fonográfica, reinventada pelo Itunes, depois pelo Spotfy. problemas que a gente tem para resolver. Eu acredito
Outro exemplo é a indústria hoteleira, reinventada pelo muito na inteligência, que é justamente saber investigar,
AirB&B. Claro, depois desse processo, cada setor acha saber conversar, saber trilhar e detectar informações que
seu share, seu espaço. vão te ajudar a rever posicionamentos, a rever modelos
Eu me dei conta de que uma das grandes dificuldades de atuação. Isso é muito verdadeiro., se a gente se der
que existe é justamente a dificuldade de desaprender. conta. Ainda há pouco eu estive nos Estados Unidos
Ou seja, supor que aquilo que nos trouxe até aqui é o para fazer uma imersão, olhando muito de perto, vários
que vai nos levar daqui pra frente, e não rever crenças, cases de algumas empresas. Me chamou muita atenção
convicções, pensamentos, não experimentar jeitos o caso da Publix, que é um dos líderes em faturamento
diferentes de fazer as coisas. Continuamente precisamos em marca própria nos EUA. Eles possuem uma rede
jogar fora jeitos de fazer as coisas e adotar novos, mas de supermercados, que fatura 20% em cima de marca Para consultorias e palestras,
realizar isso é muito difícil, seja pelo hábito ou pela própria, e ela tem um modelo de preocupação com cassio@grinbergconsulting.com.br
inércia. No plano pessoal temos muitas evidências disso. a comunidade muito verdadeira. Para você ter uma
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