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Opinião




                     KELLY CASIMIRO
                     É Psicóloga, fez carreira em RH de empresas da área da saúde.
                     Atualmente é sócia da Desenvolvere Assessoria, empresa especializada
                     em desenvolvimento humano na área da saúde.
                     Kelly.casimiro@desenvolvereassessoria.com.br

                                        Sobre empresas e chefes tóxicos


          Nesse  mundo  VUCA  no  qual  vivemos,  as   Com essa imagem em mente, é fácil entender   por causa do meu chefe.
       mudanças  são  rápidas  e  constantes.  Um  dia   por  que  existem  empresas  tóxicas.  Vejo  que   Para  que  a  empresa  deixe  de  ser  toxica,  ela
       dificilmente  é  igual  ao  outro,  principalmente   muitos  chefes  acabam  se  tornando  autoritários   deve ter mentalidade estratégica, ou seja, mudar
       quando  se  tem  uma  empresa  ou  se  atua  como   e  coercitivos  por  dois  motivos:  1)  a  cultura   seu mindset e buscar inovar. Nesse sentido não
       líder.                                     organizacional prioriza o modelo autoritário e o   cabem  mais  os  estilos  autoritários  de  liderança
          E  junto  a  esse  cenário,  tem-se  muitos   dito líder simplesmente replica o modelo; 2) esse   e  sim  o  compartilhar  de  conhecimentos  e
       “líderes”  despreparados  –  aqui  denominados   suposto líder não foi desenvolvido para ocupar o   informações.  Essa  mudança  de  cultura  é  bem
       simplesmente como Chefes - e empresas que não   cargo e atua no melhor estilo – eu me viro.  trabalhosa,  é  verdade,  porém,  os  ganhos  que  se
       preparam  seus  profissionais  para  essa  posição.   É sabido que a postura do chefe exerce grande   tem após esse tipo de trabalho são imensos. Ouso
       Não  adianta  ter  uma  empresa  estilo  “vale  do   influência  na  decisão  de  um  desligamento.  E   dizer que trabalhar a cultura organizacional é o
       silício”  com  espaços  modernos,  arquitetura   também  não  é  surpresa  quando  ouvimos  que   que diferencia as empresas boas das ruins.
       arrojada, estrutura participativa e isso não refletir   boa parte dos profissionais não confiam em seus   Em contrapartida, os chefes que desejam trilhar
       o estilo de liderança da empresa.          chefes. Isso infelizmente é consequência da falta   o  caminho  da  liderança,  podem,  da  mesma  forma,
          Segundo o Guia Você S/A – As 150 melhores   de  atenção  das  empresas  para  esse  assunto  de   mudar seus mind sets e atuarem de modo estratégico
       empresas  para  trabalhar  de  2019,  10%  dos   suma importância.                     também.  Mas  como?  Buscando  e  transmitindo
       profissionais entrevistados referem ser liderados   Esse  tipo  de  situação  faz  com  que  a   informações  fidedignas  à  equipe,  incentivando
       por profissionais de estilo coercitivo e autoritário.   comunicação  fique  comprometida,  as  metas   melhorias  internas,  apoiando  os  colaboradores  no
       Além  disso,  13%  trabalham  em  ambientes   não  sejam  atingidas  e  o  clima  organizacional   sentido de se aprimorarem, expondo suas opiniões
       altamente sufocantes, já que seus chefes gostam   despenque.  Isso  sem  contar  os  pedidos  de   de  modo  que  isso  agregue  valor  à  empresa  e
       de liderar via pressão.                    demissão cujo motivo se declara: pedi demissão   trabalhando autoconhecimento. Simples assim!

             Nova Legislação

                    Será lei agora: como os ginecologistas e obstetras veem a
                notificação compulsória em caso de violência contra a mulher



           Segundo a Lei n° 13.931, publicada no Diário                                       Kozan.  Dra.  Maria  Rita  completa:  “A  SOGESP  não
        Oficial da União, em 11 de dezembro de 2019, os                                       tem  o  objetivo  de  trabalhar  somente  com  ações
        agentes  de  saúde  que  se  depararem  com  casos                                    voltadas às atualizações cientificas dos associados,
        de  indício  ou  confirmação  de  violência  contra                                   mas  também  valorizar  o  exercício  profissional  e
        a  mulher  em  serviços  públicos  ou  particulares                                   dar suporte jurídico, ético e legal, ajudando-os de
        de  atendimento,  a  partir  de  10  de  março  de                                    forma efetiva”.
        2020,    deverão  notificar  os  centros  de  vigilância                                SOBRE A LEI
        epidemiológica  e  comunicar  as  autoridades                                           A nova legislação alterou a Lei nº 10.778/2003,
        policiais em até 24 horas.                                                            que já estabelecia a obrigatoriedade de notificação
           A medida levantou discussões sobre a perda da                                      compulsória  de  casos  de  violência  contra  a
        autonomia feminina, o risco à segurança da paciente                                   mulher, para fins de coleta de informações para
        e, ainda, a questão do sigilo médico. A dra. Maria   às  orientações  e  aos  esclarecimentos  quanto  a   melhorar  o  atendimento  e  fomentar  políticas
        Rita, Diretora de Valorização e Defesa Profissional   possibilidade de denúncia e a obrigatoriedade médica   públicas. Mas a notificação, com caráter sigiloso,
        da  Associação  de  Obstetrícia  e  Ginecologia  do   da  notificação  compulsória,  segundo  a  nova  lei.  “É   ficava restrita ao sistema de saúde. As mudanças
        Estado de São Paulo (SOGESP), e a advogada Juliana   fundamental  enfatizar  que  a  mulher  estará  dando   são que a notificação compulsória deverá ser feita
        Kozan, assessora jurídica da instituição, comentam   subsídios aos serviços governamentais para agirem   mesmo  se  houver  apenas  indícios  de  violência,
        a decisão.                                no foco do problema”.                       bem como a comunicação do caso à autoridade
           “O  objetivo  dessa  lei  é  combater  a  violência   Os dados serão compartilhados com a Secretaria   policial.
        contra a mulher, uma questão muito séria em nosso   de Estado de Saúde e com a Secretaria de Vigilância   A  Lei  define  violência  contra  a  mulher  como
        país.  Por  outro  lado,  existe  o  risco  de  prejudicar   em  Saúde  do  Ministério  da  Saúde,  a  fim  de  gerar   “qualquer  ação  ou  conduta,  baseada  no  gênero,
        o atendimento das vítimas, que podem deixar de   estatísticas que fomentem políticas públicas efetivas   inclusive   decorrente   de   discriminação   ou
        buscar o serviço de saúde para evitar a notificação   de combate à violência.         desigualdade  étnica,  que  cause  morte,  dano  ou
        e a comunicação à polícia. Mas, a despeito dos prós   A  diretora  de  Valorização  e  Defesa  Profissional   sofrimento  físico,  sexual  ou  psicológico  à  mulher,
        e contras, a lei atingirá diretamente os médicos e   também  destaca  que,  apesar  de  a  lei  tornar   tanto no âmbito público quanto no privado”, caso
        deverá ser cumprida”, opina Kozan.        obrigatória a notificação à vigilância e a comunicação   tenha ocorrido em qualquer das situações a seguir:
           Mulheres  que  sofrem  qualquer  tipo  de   à autoridade policial, o médico não deve entregar o   *  dentro  da  família  ou  unidade  doméstica  ou
        violência  tendem  a  evitar  o  assunto,  dirigindo-se   prontuário da paciente, sem a expressa autorização   em  qualquer  outra  relação  interpessoal,  em  que
        a  clínicas  e  hospitais  apenas  em  casos  extremos   dela. Essa resolução está expressa na nota técnica n°   o  agressor  conviva  ou  haja  convivido  no  mesmo
        de  agressão.  Em  razão  do  sigilo  médico,  grande   3/2016 do Conselho Federal de Medicina.  domicílio que a  mulher e que compreende, entre
        parte  das  pacientes  sentem  maior  tranquilidade   Como  recomendação,  a  SOGESP  incentiva  os   outros,  estupro,  violação,  maus-tratos  e  abuso
        em compartilhar suas vivências com profissionais   médicos  a  questionarem  os  diretores  técnicos  dos   sexual;
        médicos e de sua confiança. Contudo, a notificação   estabelecimentos  de  saúde,  responsáveis  pelo   * na comunidade e seja perpetrada por qualquer
        compulsória  e  principalmente  a  comunicação  à   funcionamento  do  serviço  perante  as  autoridades,   pessoa e que compreende, entre outros, violação,
        autoridade policial, sem consentimento da mulher,   sobre as medidas burocráticas necessárias, além de   abuso  sexual,  tortura,  maus-tratos  de  pessoas,
        pode ferir a autonomia feminina além de promover   informarem  quaisquer  dificuldades  que  estiverem   tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro
        inibição  da  procura  aos  serviços  de  saúde  com   enfrentando durante o processo.  e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como
        prejuízo à assistência adequada.             “Isso  para  que,  quando  a  lei  entrar  em  vigor,   em instituições educacionais, estabelecimentos de
           A  dra.  Maria  Rita  ressalta  a  importância   o  profissional  não  seja  pego  de  surpresa  e  as   saúde ou qualquer outro lugar; e
        do  primeiro  contato  entre  o  médico  e  a  vítima   instituições  já  tenham  organizado  um  formato   *  onde  quer  que  ocorra,  se  perpetrada  ou
        de  agressão,  dando  ênfase  ao  acolhimento,   eficiente  que  não  prejudique  a  assistência”,  explica   tolerada pelo Estado ou seus agentes.
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