Page 38 - Jornal Labor News Versão Digital
P. 38

Linfoma
               Anvisa aprova nova terapia para tipo agressivo de linfoma não-Hodgkin

             Após duas décadas, o anticorpo monoclonal conjugado à droga apresentou benefício significativo em estudo clínico para linfoma difuso de grandes células B
          A  Agência Nacional de  Vigilância  Sanitária (Anvisa) aprova polatuzumabe   estimativa do Instituto Nacional do Câncer é de que sejam mais de 4 mil novos casos
       vedotina mais R-CHP para o tratamento de pacientes com linfoma difuso de grandes   anualmente no Brasil.
       células  (LDGCB) não tratados  previamente,  baseado em dados do estudo clínico   Este tipo de linfoma é chamado de difuso porque as células cancerosas se espalham
       POLARIX. A combinação é a primeira terapia aprovada pela agência em quase 20 anos   deformando os linfonodos, pequenas estruturas presentes em todo o organismo
       para o tratamento deste tipo da doença, forma mais comum entre os tipos agressivos de   responsáveis  por  filtrar  substâncias  nocivas  –  processo  essencial  para  o  sistema
       linfoma não-Hodgkin no Brasil.                                   imunológico combater infecções e destruir germes.
          O estudo internacional  de fase III, randomizado,  duplo-cego,  controlado  por   Aproximadamente metade dos pacientes que apresentam recidiva não são elegíveis
       placebo, mostrou que a combinação polatuzumabe vedotina mais R-CHP (rituximabe,   ao transplante de medula por diversos  fatores, como outras comorbidades, idade
       ciclofosfamida,  doxorrubicina  e  prednisona)  reduziu  significativamente  o  risco  de   avançada ou coleta malsucedida de células-tronco. Esse perfil de paciente é de alto
       progressão da doença, recidiva ou morte em 27% em comparação com o padrão de   risco e possui chance remota de cura; portanto, tem como objetivo de tratamento a
       tratamento atual, R-CHOP (rituximabe, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e   estabilização da doença e o aumento da sobrevida.
       prednisona), com um perfil de segurança comparável.                 Referências:
          Michelle França Fabiani , diretora médica da Roche Farma Brasil, reitera que   Scott DW. Cell-of-Origin in Diffuse Large B-Cell Lymphoma: Are the Assays Ready for the
       “a aprovação  de polatuzumabe  vedotina  mais R-CHP representa  uma nova opção   Clinic? American Society of Clinical Oncology Educational Book. maio de 2015;(35):e458–66.
       de tratamento com o potencial de reduzir o número de pacientes com progressão da   Linfoma  não  Hodgkin:  Estatística.  Disponível em  https://www.cancer.net/cancer-types/
       doença após o tratamento de 1ª linha, assim como toxicidades e custos de regimes   lymphoma-non-hodgkin/statistics. acessado em 15 de maio de 2023.
       intensivos de resgate, e melhorando a jornada dos pacientes com esse tipo de linfoma   Dornan D, Bennett F, Chen Y, Dennis M, Eaton D, Elkins K, French D, Go MA, Jack A, Junutula
       agressivo. Como empresa focada em inovação, a Roche tem o compromisso de buscar   JR, Koeppen H. Therapeutic potential of an anti-CD79b antibody–drug conjugate, anti–CD79b-vc-
       alternativas para ampliar o avanço de tratamentos de que os pacientes mais necessitam   MMAE, for the treatment of non-Hodgkin lymphoma. Blood, The Journal of the American Society
       - e que impactem no seu tempo e qualidade de vida”.              of Hematology. 2009 Sep 24;114(13):2721-9.
          Linfoma difuso de grandes células B – entenda                    Polson AG, Yu SF, Elkins K, Zheng B, Clark S, Ingle GS, Slaga DS, Giere L, Du C, Tan C,
          É o subtipo mais comum entre os  linfomas não Hodgkin, respondendo por   Hongo JA. Antibody-drug conjugates targeted to CD79 for the treatment of non-Hodgkin lymphoma.
       aproximadamente  30%  nessa  classificação  e  por  80%  de  linfomas  agressivos  em   Blood, The Journal of the American Society of Hematology. 2007 Jul 15;110(2):616-23.
       geral1. No mundo, isso equivale a 162 mil pessoas diagnosticadas a cada ano2 e a   Para saber mais, acesse: www.roche.com.br


                                                                Artigo
                       A montanha russa financeira dos planos de saúde no Brasil

           As operadoras  de planos  de  saúde amargaram  no ano  passado um prejuízo  de   O que se via como preocupante era a necessidade de se criar uma segurança
        mais de R$ 10 bilhões em 2022. Além disso, em setembro de 2022,  o setor apurou  maior para o sistema, inclusive no uso que se refere ao tratamento desses dados.
        uma taxa de sinistralidade recorde de 93,5%. Desde 2021, há um aumento recorrente de   Sob o ponto de vista da LGPD, cabe às clínicas ter o consentimento do paciente
        procedimentos médicos devido a uma combinação de atendimentos represados durante  para o tratamento e uso desses dados, com transparência quanto à finalidade e o
        a pandemia, surgimento de novas doenças e tratamentos. Assim, o foco das empresas  descarte do login e senha.
        do setor é reajustar o preço dos convênios. Nos planos voltados a pequenas e médias   Outra causa para os números desfavoráveis, segundo as operadoras, estaria no
        empresas, os aumentos devem ser de 16% a 25%.                     aumento do rol de procedimentos com cobertura obrigatória. No entanto, não há
           Resultado  direto  dessa situação  negativa  de caixa  é que as operadoras  passaram  estudos comparativos sobre o quantum que o aumento da lista de procedimentos
        a renegociar e atrasar pagamentos com os hospitais e prestadores de serviço. Não são  de fato representou.
        poucos os médicos e hospitais que reclamam de crescentes glosas e de exigências cada vez   Durante  a  pandemia,  houve  aumento  no  custo  de  insumos  e  no preço  de
        maiores para que os pagamentos sejam realizados. Uma mudança recente das operadoras  medicamentos, que também não voltaram às condições anteriores quando cessada
        tem sido a exigência de comprovantes de pagamento de desembolso de honorários aos  a pandemia. Outro fator que soma à crise.
        médicos, por exemplo, quando já se tem um recibo ou Nota Fiscal comprovando o gasto.   Nessa busca de causas para justificar a crise, está a preocupação com a fixação
        Seria uma forma de retardar reembolsos?                           de um piso para os profissionais da enfermagem, o que poderia (ou irá) resultar
           Segundo as operadoras, tal exigência  se deve ao crescente  aumento de fraudes.  em aumento de custos. Para aquelas operadoras com rede própria, o impacto seria
        Pacientes que fazem procedimentos estéticos não cobertos por seus planos e que declaram  imediato,  resultando  em  demissões  ou,  claro,  aumento  de  mensalidades  para  o
        como procedimentos terapêuticos, como exemplo.                    consumidor.
           Recente decisão da Justiça de São Paulo determinou que clínicas e laboratórios se   Ocorre que algumas  operadoras promovem  ajustes nas mensalidades  que
        abstenham de solicitar login e senha de pacientes ou realizem pedido de reembolso em  sequer  conseguem  justificar.  Vários  consumidores  têm  recorrido  ao  Judiciário
        nome  deles.  Ao decidir, a magistrada  constatou  que estabelecimentos "engendraram  para questionar os aumentos que consideram abusivos, enquanto as operadoras os
        verdadeira arquitetura para burlar sistema de reembolso e daquilo que está autorizado a  chamam de necessários para o equilíbrio financeiro.
        ser reembolsado nos contratos".                                      Um dos grandes eixos para a virada  desta balança  negativa  poderia ser o
           De acordo com o processo, clínicas e laboratórios médicos estariam envolvidos em  investimento  das operadoras  em  prevenção.  Se o foco  das empresas mirar  a
        um esquema de adulteração de quadro clínico e solicitações de reembolso, em nome de  promoção à saúde, com programas de incentivo  à prática  de esportes, de uma
        beneficiários de planos de saúde, chamado de "reembolso assistido". Ou seja, já está se  melhor  alimentação  e um acompanhamento  regular  de médicos  generalistas,
        criando uma jurisprudência desfavorável para paciente e médicos, já que é comum que  sem dúvida esses resultados poderão ser diferentes em um futuro breve. Mas é
        pacientes passem para as recepcionistas a tarefa (juntamente com login) de fazer o pedido  necessário começar: por exemplo, quais os benefícios financeiros que um usuário
        de reembolso.                                                     diabético tem ao aderir a um programa de controle de alimentação de realização
                                                                          de exercícios físicos?
                                                                             Outra mudança que já tem se mostrado efetiva está na diminuição da rede
                                                                          credenciada, criação de planos com menos abrangência geográfica. Esse tipo de
                                                                          medida, por vezes, provoca um outro problema: a excessiva judicialização por
                                                                          coberturas que, muitas vezes, sequer tem previsão contratual. O fato: a defesa das
                                                                          operadas possui um custo elevado a computar.
                                                                             Uma mudança cultural precisa ocorrer na forma como beneficiários usam seus
                                                                          planos de saúde. Não se deve fazer todos os exames disponíveis em um laboratório
                                                                          só “porque o plano cobre’. Esse pensamento é de quem não se dá conta do princípio
                                                                          do mutualismo: todos pagam o que um realiza. Hoje, novos modelos são estudados
                                                                          e alguns já aplicados: a coparticipação, a limitação de atendimentos e de pedidos
                                                                          de exames, a obrigatoriedade de consulta a um generalista antes de um especialista,
                                                                          o incentivo ao uso da telemedicina.
                                                                             Atualmente, estamos presos a um sistema de saúde que só foca no tratamento
                                                                          das doenças. Ou seja, os usuários-pacientes  de planos de saúde só utilizam  os
                                                                          serviços em tratamentos de doenças crônicas ou emergências. Existem poucos
                                                                          projetos com foco na prevenção. Um maior incentivo nas práticas de prevenção,
                                                                          certamente, mudaria o rumo do mercado e tornaria a vida das empresas e de seus
                                                                          pacientes mais saudáveis. Tivemos também, sem dúvidas, um forte impacto da
                                                                          pandemia da Covid-19 e todos os problemas relacionados a saúde que ela causou
                                                                          em  milhões  de  brasileiros.  E  isso,  logicamente,  refletiu  nas  empresas  nesses
                                                                          últimos anos. Necessário discutir sobre o sistema de saúde suplementar. Ele é
                                                                          essencial para a saúde do SUS – imagine o que ocorrerá se todos os 50 milhões de
                                                                          beneficiários de planos privado migrarem para o sistema público?
                                                                             Ou seja, é interesse de toda a sociedade encontrar um equilíbrio financeiro
                                                                          para o sistema, marcado, porém, pela transparência com o beneficiário. Frear a
                                                                          excessiva busca por lucros cada vez maiores pode também fazer bem à saúde
                                                                          suplementar e a de todos.
                                                                             *Sandra Franco é consultora jurídica especializada em Direito Médico e da Saúde, doutoranda
                                                                          em Saúde Pública, MBA-FGV em Gestão de Serviços em Saúde,  diretora jurídica da  Abcis,
                                                                          consultora jurídica da ABORLCCF, especialista em Telemedicina e Proteção de Dados, fundadora
                                                                          e ex-presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São José dos Campos (SP)
                                                                          entre 2013 e 2018
                                                                                38
                                                                                38
   33   34   35   36   37   38   39   40