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Opinião
Câncer de endométrio
Giannina Ricci, PhD
Doutorado realizado através do convênio CAPES/DAAD entre o Instituto de Medicina Tropical, Universidade de Tübingen, Alemanha e o
Departamento de Patologia (UNIFESP).
Pós-doutorado na Disciplina de Infectologia, Departamento de Medicina– Laboratório Especial de Micologia (LEMI), UNIFESP.
Diretora Executiva do Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Biologia Molecular Dr. Ivo Ricci
info@biomolricci.com
Carcinomas Endometriais (CEs) são neoplasias malignas que acometem o Usualmente, utilizam-se dos seguintes meios de diagnóstico: clínico;
revestimento epitelial interno do útero (corpo do útero) e cerca de 95% delas têm ultrassonografia transvaginal; histeroscopia e exame histológico. Com relação
origem no endométrio (a camada de revestimento mais interna do útero). ao histopatológico, a Organização Mundial da Saúde (OMS), propôs uma nova
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De acordo com a literatura, houve nos últimos anos um aumento na incidência classificação que divide os CEs em subgrupos. A classificação patológica dos
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e mortalidade associada aos CEs colocando-os como o 6º tipo de câncer usualmente carcinomas do endométrio, um dos pilares no manejo clínico do paciente, tem sido
diagnosticado nos países desenvolvidos . No Brasil, de acordo com projeção do tradicionalmente baseada em características morfológicas. No entanto, esse sistema
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INCA para este ano, os CEs ocuparão a 7ª posição em relação aos tumores femininos . de classificação não reflete totalmente a diversidade biológica dos carcinomas
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Nos Estados Unidos, o câncer uterino é o tumor maligno mais comum dos órgãos endometriais e tem reprodutibilidade limitada . Porém, vale ressaltar que essa nova
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reprodutores femininos, sendo que os carcinomas endometriais representam mais de classificação fornece informações prognósticas importantes e é útil na determinação
90% dos casos . da terapia cirúrgica e adjuvante apropriadas. No entanto, o sistema de classificação
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Os fatores de risco associados são: a) faixa etária - De acordo com estudos, mais poderia ser melhorado através da incorporação de determinantes moleculares .
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de 90% dos casos de CEs ocorrem em mulheres entre 65 e 75 anos de idade. Portanto, Grandes esforços têm sido feitos no sentido de introduzir ensaios moleculares (PCR,
a maioria das pacientes diagnosticadas, com esse tipo de câncer, estão na pós- qPCR e sequenciamento) com a finalidade de auxiliar a histologia.
menopausa, com uma idade média no momento do diagnóstico de 60 anos. Porém, Atualmente, recomenda-se que a classificação molecular seja realizada em todos
vale destacar que até 14% dos casos ocorrem em mulheres na pré-menopausa ; b) os carcinomas endometriais. No entanto, até que sejam desenvolvidas técnicas de
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estilo de vida, obesidade (Índice de Massa Corpórea elevado – aumenta em 50% testes rápidos, confiáveis e baratos para a identificação de mutações no domínio
o risco; c) exposição endógena ou exógena ao estrogênio; d) uso de tamoxifeno; da exonuclease POLE, pode não ser possível realizar o teste em todos os tumores.
e) menarca precoce e menopausa tardia; f) baixa paridade ou nuliparidade; g) Dessa forma, em um cenário com recursos limitados, é importante estabelecer quais
síndrome metabólica ; h) histórico familiar e predisposição genética, há relatos que pacientes se beneficiariam mais com o perfil molecular e, portanto, deveriam ser
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aproximadamente 3% dos CEs estão relacionados à síndrome de Lynch e até 28% priorizadas para esses exames . O valor prognóstico específico e o tamanho do efeito
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associados à síndrome de Cowden . das variáveis patológicas dentro de cada subgrupo molecular devem ser avaliados
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Os sintomas mais comuns compreendem: sangramento vaginal anormal, nos próximos anos para melhorar ainda mais a avaliação de risco e o manejo das
corrimento aquoso, perda de peso inexplicada, dificuldade para urinar e dor abdominal pacientes .
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que não são sinais patognomônicos, daí a importância da realização de exames com o
objetivo de diagnóstico prévio e mais assertivo. Obs.: As referências serão enviadas, quando solicitadas.
Cálculos Renais
Pedras nos rins podem ser prevenidas
Popularmente conhecidos como “pedras nos rins”, os cálculos renais são formações O DIAGNÓSTICO
rígidas que surgem nos rins ou no trato urinário, resultado do acúmulo de cristais O diagnóstico pode ser feito com exames de imagem, desde uma radiografia simples
presentes na urina. Essas partículas se formam a partir de sais e minerais dissolvidos até ultrassonografia ou tomografia computadorizada de abdômen total. Esse terceiro
que adquirem forma endurecida quando atingem níveis elevados. As pedras podem ser procedimento é o mais recomendado, pois avalia os cálculos com maior precisão,
pequenas inicialmente, mas, com o passar tempo, aumentam de além de apresentar detalhes anatômicos importantes para
tamanho até preencherem estruturas internas ocas dos rins. traçar os planejamentos terapêuticos.O urologista Gabriel
Barbosa explica, no entanto, que cálculos um pouco maiores
O QUE CAUSA? ou sintomáticos devem ser tratados. “Há tratamentos menos
A formação de cálculos renais acontece por diversos agressivos, como a litotripsia extracorpórea, mas com
fatores, sendo a baixa ingestão de líquidos o principal deles. frequência é necessário algum procedimento cirúrgico”,
O médico Gabriel Barbosa, tutor do departamento de Urologia esclarece o especialista.
da Prevent Senior, esclarece que quem bebe pouco líquido, Segundo ele, para cálculos não muito grandes, cirurgias
produz pouca urina, que acaba ficando mais concentrada que podem ser realizadas por via uretral, sem cortes. Se os cálculos
o normal. “Chega um determinado ponto que a urina, de tão forem volumosos, podem ser necessárias cirurgias de maior
concentrada, começa a produzir cristais, que se agregam e porte, em que é realizado um pequeno corte para acesso ao
formam pequenos cálculos, podendo crescer, migrar, e gerar rim diretamente.
complicações”, explica. Nos pacientes com cálculos pequenos e assintomáticos,
o acompanhamento sem tratamento especial é seguro.
Outras causas importantes para formação de cálculos renais Nestas situações, recomenda-se repetir exames de imagem
são: periodicamente para avaliar se está ou não havendo
- Distúrbios genéticos; crescimento. Já para os cálculos um pouco maiores, um
- Alterações anatômicas; tratamento especial é o mais indicado, pois essas pedras
- Infecções urinárias de repetição; podem migrar pelo ureter, provocando obstrução e muita dor. Ou seja, o risco é maior.
- Obstrução das vias urinárias; Em casos de cólica renal, alguns casos podem demandar um procedimento cirúrgico
- Distúrbios metabólicos do ácido úrico ou da glândula paratireoide. com urgência, por exemplo, quando a obstrução está associada a infeção urinária, com
sérios riscos à vida.
SINTOMAS O consumo regular de água é, certamente, a principal maneira de prevenir pedras
Em muitos casos, a presença dos cálculos renais pode ser assintomática e passar nos rins. A água ajuda a diluir substâncias químicas que podem causar cristais, pois
despercebida. Em outros, o paciente sofre com dores intensas, que começam nas costas deixa a urina menos concentrada. Recomenda-se que as pessoas consumam, em média,
e se espalham pelo abdômen. 2 litros de água por dia.
A cólica renal intensa, associada a vômitos e mal-estar, é típica do cálculo em Outra medida de prevenção importante é evitar – ou pelo menos diminuir – a
migração, já no ureter (tubo que transporta a urina até a bexiga), não sendo comum para ingestão de sódio, muito presente em alimentos industrializados. O sódio aumenta a
cálculos ainda localizados nos rins. Outros sintomas que podem surgir são: produção de ácido úrico, fósforo, oxalato e cálcio, substâncias que podem provocar
- Febre; surgimentos de cálculos renais.
- Sangue na urina; Também pensando em prevenção, recomenda-se evitar a ingestão de bebidas
- Infecções urinárias; alcoólicas ou, ao menos, consumir de maneira moderada, sempre acompanhadas de
- Diminuição ou suspensão do fluxo urinário; doses de água. O uso abusivo de álcool provoca desidratação e prejudica as funções
- Necessidade constante de urinar; renais.
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