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Opinião



                     Prof. Dr. Paulo Cesar Naoum
                     Professor Titular pela UNESP
                     Diretor da Academia de Ciência e Tecnologia,
                     Acadêmico da ARLC
                     a.c.t@terra.com.br
                                        Pessoas com sangue do tipo A

                                     são mais suscetíveis à COVID-19


         A cada dia surge informações referentes às novas   Em 2020 pesquisadores da Dinamarca analisaram   Covid-19, facilitando a ação imune contra estes vírus.
       descobertas de alterações orgânicas e laboratoriais de   sangue de 473.000 pessoas vacinadas e não vacinadas,   Resposta à pergunta 2: descobriu-se que pacientes
       infectados por Covid-19 na pandemia de 2019 e 2020.   e  concluíram  que  as  dos  tipos  A  e  AB  eram  mais   gravemente doentes por Covid-19 tinham níveis mais
       Recentemente,  por  exemplo,  desvendou-se  um  dos   suscetíveis aos vírus da Covid-19, enquanto que as que   elevados de Fator de von Willebrand – uma proteína
       grandes enigmas: -  Por que a incidência de pessoas   tinham tipos O e B se portavam com mais resistência.   que desencadeia a hemostasia primária e a coagulação
       infectadas por Covid-19 na África foi menor em relação   Na Dinamarca a prevalência dos tipos sanguíneos do   sanguínea,  enquanto que pessoas com sangue tipo O
       às de outros continentes?                  sistema ABO é a seguinte*: A (42%), B (11%), AB (5%) e   as tinham em níveis menores. Como se sabe valores
         As  respostas  começaram  a  aparecer  já  em   O (42%).                             elevados  desta  proteína  estimulam  a  coagulação
       2019,  quando  ainda  não  haviam  vacinas  contra  os   Diante desse breve relato, a resposta à pergunta   espontânea  e  podem  causar  hipercoagulabilidades,
       vírus  causadores  desta  pandemia.  Naquele  ano   realizada  no  início  deste  artigo  sobre  a  razão  pela   acidentes  vasculares  cerebrais,  insuficiência  renal
       pesquisadores  da  Índia  analisaram  2.500  doentes   qual as populações africanas tiveram menor impacto   e  embolia  pulmonar,  patologias  que  estiveram
       hospitalizados  com  Covid-19,  e  estabeleceram   infeccioso durante a  Covid-19, é a seguinte:  intrinsicamente  associadas  aos  casos  graves  de
       relações  entre  infectados  e  tipos  sanguíneos  dos   Na  África,  em  geral,  a  prevalência  de  tipos  de   infecções por Covid.
       sistemas  ABO  e  Rh.  Os  testes  estatísticos  aplicados   sangue é a seguinte*: O (47%), A (24%),        B (19%)   Por  fim  é  importante  destacar  que  as  análises
       demonstraram  que    pessoas  portadoras  de  sangue   e AB (10%), ou seja, quase metade da população é do   do  sistema  Rh  ficaram  prejudicadas  para  este  tipo
       tipos A tinham duas vezes mais chances de contraírem   tipo O e apenas 1/4 tem sangue tipo A. Portanto, é de   de  avaliação,  pois  98,5%  da  população  mundial  é
       o vírus quando comparados com as de tipos O, B e AB.   se supor que a maior resistência à infecção causada   portadora de Rh positivo e apenas 1,5% é portadora
       É importante notificar que a prevalência dos tipos de   pelo vírus da covid-19 em africanos esteja relacionada   de  Rh  negativo.  Portanto,  a  quase  totalidade  dos
       sangue do sistema ABO na Índia é a seguinte*: A (23%),   à maior prevalência de sangue tipo O.   infectados tinham Rh positivos.
       B (34%), AB (9%) e O (34%).                   Na  sequência  desses  conhecimentos  surgiram
         Já  na  vigência  da  vacina,  um  estudo  efetuado   outras duas perguntas:            Obs: os valores porcentuais dos tipos sanguíneos
       na  China  em  2021  com  2.000  pessoas  infectadas   1)  Por  que  razão  pessoas  com  tipo  O  são  mais   foram colocados em números inteiros pelo autor para
       com  Covid-19  concluiu  que  a  maior  incidência  desta   resistentes à Covid-19?    facilitar a leitura deste artigo.
       infecção viral também atingia com maior impacto as   2) O que explicaria a maior morbidade em pessoas   Fontes para consultas adicionais:
       pessoas com sangue de tipo A, enquanto que aquelas   com sangue do tipo A infectada por Covid-19?  1-https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/
       portadoras de sangue tipo O eram pouco afetadas. Na   Resposta  à  pergunta  1:  pessoas  com  tipo  O   fcimb.2021.767771/full
                                                                                                 2-https://www.menshealth.com/health/a34394784/
       China a prevalência do tipos sanguíneos é a seguinte*:   produzem  anticorpos  anti-A  e  estes  anticorpos   blood-type-coronavirus-covid-19/
       A (28%), B (35%), AB (9%) e O (28%).       seriam eficazes no bloqueio da replicação dos vírus da   3- Blood Adv. 2020 Oct 27; 4(20): 4990–4993.



              Saúde
           Especialistas debatem a situação da hanseníase no Brasil


           Na  virada  deste  século,  a  OMS-Organização                                     como  uma  doença  negligenciada;  a  tentativa  de
        Mundial de Saúde declarou a hanseníase eliminada                                      diminuição do tempo de tratamento dos pacientes
        como problema de saúde pública em todo o mundo.                                       com  os  mesmos  antibióticos  usados  há  mais  de
        22 anos após, o Brasil é um dos poucos países que                                     40 anos, ignorando a capacidade bacteriana de se
        continuam  diagnosticando  a  doença.  São  cerca  de                                 proteger para se manter viva; o uso indiscriminado
        30  mil  novos  casos  a  cada  ano,  em  média,  mas  a                              de  drogas  imunossupressoras  para  o  tratamento
        SBH-Sociedade  Brasileira  de  Hansenologia  estima                                   de “reações” que nunca cessam; o diagnóstico de
        que  existam  entre  três  a  cinco  vezes  mais  casos                               outras  doenças  que  podem,  em  algumas  de  suas
        de doentes sem diagnóstico no país. A hanseníase                                      fases,  se  parecer  com  a  hanseníase,  dentre  vários
        como doença sistêmica e  complexa  é  tema  do  16º                                   outros problemas.
        Congresso Brasileiro de Hansenologia, de 7 a 10/12,                                      Um retrato da hanseníase em todas as regiões
        em Vitória/ES.                                                                        brasileiras   será   debatido   na   mesa-redonda
           Segundo a SBH, realizadora do congresso, que                                       “Hanseníase  no  meu  mundo.  Qual  a  real  situação
        é o maior evento no Brasil voltado exclusivamente                                     da hanseníase na região que você atua?”, dia 9, das
        à hanseníase, o país vem registrando um aumento                                       8h  às  10h,  com  coordenação  do  médico  Claudio
        do percentual de pessoas diagnosticadas com grau                                      Salgado, junto com o fisioterapeuta Josafá Barreto,
        2  de  incapacidade  física  (sequelas  incapacitantes),                              também  da  Universidade  Federal  do  Pará,  mestre
        consequência  de  diagnóstico  tardio.  “Além  disso,   Claudio Salgado, presidente da SBH e presidente do congresso  e  doutor  em  Doenças  Tropicais.  Participam  ainda
        temos muitos casos diagnosticados em crianças, o                                      o  dermatologista  Marco  Andrey  Cipriani  Frade
        que  indica  uma  alta  circulação  do  bacilo  causador   no mundo. Uma vez eliminada, serviços são extintos   (Faculdade  de  Medicina  de  Ribeirão  Preto-USP)
        da  hanseníase  nas  comunidades”,  alerta  Claudio   e  a  doença  para  de  ser  ensinada  nas  faculdades   para  falar  sobre  o  cenário  no  Sudeste;  Francisco
        Salgado,  presidente  da  SBH  e  presidente  do   e  universidades,  resultando  em  um  quadro  grave   Bezerra  de  Almeida  Neto  (UNINASSAU/PE),  que
        congresso.                                de  falta  de  conhecimento  da  hanseníase  no  meio   apresentará  a  situação  do  Nordeste;  Seyna  Ueno
           Nos  últimos  anos,  a  SBH  vem  promovendo   acadêmico, com a consequente falta de diagnóstico,   (Secretaria Municipal de Saúde de Palmas/TO) falará
        cursos de capacitação de profissionais de saúde para   mesmo  de  quadros  clássicos,  nos  serviços  de   sobre a Região Norte; Andreia Tomborelli (CERMAC-
        o diagnóstico e tratamento da hanseníase, além de   atendimento à população”, analisa Claudio Salgado,   Centro  Estadual  de  Referência  de  Média  e  Alta
        realizar ações de busca ativa de casos. Com isso, em   que  é  dermatologista,  hansenólogo,  doutor  em   Complexidades, Cuiabá/MT) falará sobre o Centro-
        todas as regiões onde especialistas foram a campo   Imunologia  da  Pele  pela  Universidade  de  Tóquio  e   Oeste, e Claudio Salgado fará apresentação sobre a
        avaliar a população, muitos casos foram detectados,   professor titular da Universidade Federal do Pará.  questão da hanseníase na Amazônia.
        indicando  o  que  o  presidente  da  SBH  caracteriza   Ele ressalta que o cenário remete a um histórico   O 16º Congresso Brasileiro de Hansenologia tem
        como “endemia oculta altíssima” da doença.  de  estigma  e  preconceito  institucional,  profissional   apoio do Ministério da Saúde, CNPQ-Conselho Nacional
           Há  anos,  a  SBH  vem  alertando  autoridades   e da sociedade em geral contra as pessoas atingidas   de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e OPAS-
        brasileiras  e  estrangeiras  sobre  o  problema.  “Os   pela  hanseníase  e  familiares  que  convivem  ou   Organização  Pan-Americana  da  Saúde,  participação
        22  anos  da  era  pós-eliminação  se  caracterizam,   conviveram com a doença; falta de linhas de cuidado,   de especialistas do Brasil e exterior, ONGs brasileiras
        portanto,  pelo  silêncio  epidemiológico  nas  áreas   fazendo  com  que  os  pacientes  diagnosticados  não   e  estrangeiras,  pesquisadores,  gestores  públicos,
        onde  a  hanseníase  foi  eliminada,  mesmo  com  o   tenham  acesso  ao  sistema  de  saúde;  ausência  de   professores, estudantes, movimentos sociais etc.
        diagnóstico de mais de 200 mil casos novos por ano   novas  drogas  para  tratamento,  o  que  a  caracteriza   www.sbhansenologiacom.br
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