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Pesquisa
Faixa etária predominante nas UTIs Covid é de pacientes com mais de 70 anos
Pesquisa de número 18 realizada pelo SindHosp- Na pesquisa anterior de número 17 (período de 26/7 a
Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do 1/8) eram 42% dos hospitais que registravam ocupação
Estado de São Paulo apurou que 60% dos hospitais de 51% a 70%. A ocupação de leitos UTI para Covid
privados paulistas da amostra consultada informam acima de 80% manteve-se inalterada: 2% dos hospitais
que a faixa etária mais frequente dos pacientes informam ocupação de UTI Covid acima de 80%.
internados por Covid-19 em leitos de UTI está acima Maior problema é a falta de profissionais - Metade
dos 70 anos. Também na internação em leitos clínicos (50%) dos hospitais aponta como maior problema
para Covid 52% dos pacientes têm mais de 70 anos. no enfrentamento à pandemia o afastamento de
O levantamento foi feito no período de 12 a 17 de colaboradores por problemas de saúde; 39% apontam
agosto, com 60 hospitais privados paulistas, sendo 27% e Região, alerta que é muito preocupante a falta de a falta de outros profissionais de saúde e 11% a falta de
da capital e 73% do interior e que somam 2.470 leitos profissionais de saúde tanto por causa da pandemia médicos. Questionados se o hospital tem encontrado
de UTI e 4.762 leitos clínicos. Destes, 1.094 são leitos quanto por causa do quadro geral de saúde da população problema na reposição de funcionários, 62% informam
clínicos destinados a pacientes Covid e 707 para UTI “É sabido que teremos nos próximos anos um cenário que sim.
Covid. Para o médico Francisco Balestrin, presidente preocupante de agravamento da saúde da população que Pacientes não Covid - Questionados se existe
do SindHosp, a volta dos idosos aos hospitais é teve dificuldades para seguir tratamentos para doenças uma fila de paciente não Covid por conta da demanda
preocupante e pode estar relacionada ao fato de os crônicas, ou optou por prorrogar procedimentos, reprimida, 55% responderam que sim e 45% que não.
mais idosos terem tomado a vacina há mais tempo e à consultas ou cirurgias. Além disso, sabemos que muitas E 93% informam que o período de espera é de 15 dias
queda da imunidade. “Importante avaliar a necessidade doenças não foram diagnosticadas a tempo e podem para realizar um procedimento no hospital. Ao mesmo
de uma terceira dose de reforço das vacinas atualmente demandar até transplantes num futuro próximo ou a tempo, 70% dos hospitais informam que não houve
disponíveis”, destaca. O médico observa ainda que os médio prazo, podem tornar um paciente crônico e até aumento no agendamento de cirurgias eletivas.
idosos imunizados podem ter voltado a ter uma vida diminuir a expectativa de vida da população. Há que se Variante Delta - Na pergunta sobre se o hospital
normal sem os devidos cuidados de saúde: máscara, pensar, urgentemente, em estratégia de enfrentamento está testando para a variante Delta, 91% responderam
lavagem de mãos e distanciamento social. deste cenário”. que não estão realizando este teste e 9% que sim.
Yussif Ali Mere Jr. presidente da FEHOESP-Federação Ocupação de leitos UTI Covid - Neste *O SindHosp é o maior e mais antigo (1938) sindicato patronal
dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São levantamento, 71% dos hospitais entrevistados estão de saúde da América Latina, representando 55 mil serviços de
saúde privados e realizando negociações com 50 sindicatos de
Paulo e do Sindicato dos Hospitais de Ribeirão Preto com taxa de ocupação de leitos de UTI entre 51% e 70%. trabalhadores.
Oncologia evoluiu nas últimas décadas como nenhuma
Oncologia
outra área da medicina, diz presidente da SBOC
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) Gil, membro da entidade desde 1981. foi lutando para que toda essa inovação se tornasse
completa 40 anos e faz balanço de como a especialidade Criada com o propósito principal de gerar acessível à população por meio da rede pública e da
prosperou ao longo desse período. Em 1963, quando conhecimento para os médicos que tratavam pacientes saúde suplementar”, conta o diretor executivo da
foi criada a Sociedade Brasileira de Quimioterapia com câncer, a SBOC passou a aturar em diversas outras entidade, Dr. Renan Clara.
Antineoplásica, em Belo Horizonte (MG), nascia a primeira frentes, como incentivo à pesquisa, políticas de saúde, A atuação da SBOC nesse período foi
entidade médica voltada ao tratamento do câncer no defesa profissional, relações nacionais e internacionais. extremamente relevante. Em 2017, a entidade
país. Contudo, suas atividades foram interrompidas “Era difícil imaginar que conheceríamos tanto sobre foi escolhida para ser a representante oficial da
com a morte de seu presidente, o médico baiano Dalmo câncer como hoje, e ainda mais inimagináveis as tantas Associação Médica Brasileira (AMB) em todos os
Carvalho Rodrigues. Dezesseis anos depois, durante um inovações no tratamento e no diagnóstico, permitindo assuntos relacionados à oncologia. “Esse passo nos
simpósio em Porto Alegre (RS), a entidade ressurgiu com cada vez mais a cura em muitos casos e mesmo lidar ajudou a ser mais reconhecidos e trabalhar cada vez
novo nome, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica com a doença como uma condição crônica”, avalia a mais pelas melhores práticas na atuação oncológica
(SBOC), para, em 1981 ser oficialmente fundada. presidente da Sociedade, Dra. Clarissa Mathias. no Brasil”, afirma Dra. Clarissa Mathias.
“Estávamos vindo de um enorme congresso sobre AVANÇOS CONTRA O CÂNCER E A PARTICIPAÇÃO Nos anos seguintes, a SBOC atuou ativamente na
cancerologia, pois na época nem usávamos muito o DA SBOC - Na época da criação da SBOC, a quimioterapia defesa do acesso da população aos avanços da ciência
termo oncologia, e percebemos que havia interesse já havia sido descoberta – o que ocorreu no fim dos oncológica. Entre as principais conquistas nessa área
amplo da classe médica no assunto: cirurgiões, anos 50 e é considerado o primeiro grande marco da estão a incorporação de tratamentos modernos pela
radioterapeutas, clínicos...”, lembra Dr. Gilberto Luis oncologia. Porém, pouco se sabia sobre os diferentes rede pública e saúde suplementar, como:
Santos Salgado, membro-fundador da SBOC. tipos de cânceres, que são únicos e complexos. Foi Terapias-alvo (quimioterápicos orais): trastuzumabe
A história de fundação da SBOC se confunde no final dos anos 90 que tudo começou a avançar, (2017) e pertuzumabe (2018) para tratamento de câncer
com a da própria prática sistematizada da oncologia com o lançamento do primeiro anticorpo monoclonal de mama;
clínica no país – isto é, do cuidado mais amplo para quimérico, em 1997, um passo importante na evolução Terapias-alvo (quimioterápicos orais): pazopanibe e
o diagnóstico e tratamento das diferentes neoplasias. dos tratamentos. Pouco tempo depois, em 2001, o sunitinibe (2018) para tratamento de câncer renal; e
Até então, a oncologia clínica era uma área ainda genoma humano foi sequenciado pela primeira vez Imunoterápicos: nivolumabe e pembrolizumabe
pouco difundida no país, mas que, com a atuação da e o primeiro quimioterápico via oral foi lançado – (2020) para tratamento de câncer de pele do tipo
SBOC, foi se tornando uma das especialidades mais um medicamento que revolucionou o tratamento melanoma.
fortes da medicina nacional. “Hoje é quase impossível de pacientes com leucemia, agindo diretamente na Em 2020, diante de tantos desafios, a SBOC
pensar em praticar oncologia clínica no país sem ter alteração genética que causa a doença. conseguiu engajar médicos e hospitais para entender
vínculos com a SBOC”, avalia Dr. Roberto de Almeida "Ao longo de todos esses avanços, a SBOC e reduzir os impactos da pandemia no cuidado
protagonizou grandes oncológico, realizando uma pesquisa nacional sobre as
conquistas e foi se relações entre a COVID-19 e o câncer. Além disso, após
estabelecendo como a dois anos desde a maior submissão de tecnologias por
maior interlocutora da uma única entidade ao Rol de Procedimentos e Eventos
oncologia clínica nacional, em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar
atuando fortemente no (ANS), a SBOC celebrou a incorporação de 14 dos 26
amadurecimento da área medicamentos e procedimentos defendidos por seus
no Brasil", diz Dra. Clarissa especialistas. “É com muito orgulho que contamos a
Mathias. “A especialidade história da SBOC e destacamos o quanto contribuímos
estava mudando muito com o acesso a melhores opções terapêuticas, pois
e a SBOC já agia para essa é uma de nossas maiores prioridades”, pontua Dra.
permitir que oncologistas e Clarissa. A SBOC também respondeu, no ano passado,
pacientes estivessem a par ao chamado da Organização Mundial de Saúde
desses avanços científicos (OMS) e se reuniu com outras sociedades médicas,
enormes e das melhores associações de pacientes, o Ministério da Saúde e a
práticas”, completa. Organização Pan-Americana de Saúde para planejar
Em 2011, a primeira como eliminar o câncer no colo do útero no Brasil e no
imunoterapia para mundo nos próximos anos.
câncer foi aprovada, um Diante da importância crescente da especialidade,
tratamento que potencializa a SBOC tem se aprimorado constantemente como
o sistema imunológico agente reflexivo, propositivo, colaborativo e
para que ele combata os realizador, visando contribuir para o fortalecimento
tumores. “As opções de da oncologia no Brasil e no mundo.
classes terapêuticas foram Para 2022, a SBOC permanecerá se dedicando
se expandindo, permitindo a reverter o cenário de atrasos em diagnósticos e
que os mais diversos tipos e tratamento. “Queremos ajudar a ampliar o acesso aos
subtipos de câncer tivessem avanços no tratamento oncológico, com o intuito de
tratamento. E a SBOC, melhorar o controle do câncer no Brasil e impactar
ao lado da sociedade civil positivamente na qualidade de vida dos pacientes”,
e com o poder público, finaliza Dra. Clarissa.
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