Doença caracterizada, há pouco mais de um século, por Samuel Darling, médico americano, e que é causada por Histoplasma capsulatum . Embora tenham sido descritas, através da taxonomia, três variedades desse importate fungo, somente duas são patogênicas aos humanos: Histoplasma capsulatum var. capsulatum e Histoplasma capsulatum var. duboisii , sendo que este último está presente predominantemente na África1.
Vale relatar que Histoplasma capsulatum é fungo dimórfico, isto é, apresenta duas formas de acordo com a temperatura: forma micelial ou filamentosa (no ambiente) e a leveduriforme (encontrada nos tecidos). A mudança ocorre no espaço alveolar onde os conídios são reconhecidos e fagocitados pelos macrófagos residentes e então no interior deles são convertidos em células leveduriformes – etapa necessária para a patogênese. É considerado fungo cosmopolita e pode estar presente em solos contaminados por fezes de pássaros ou morcegos, assim como em construções abandonadas, escavações e cavernas2, 3. O H. capsulatum pode sobreviver durante muitos anos no solo enriquecido por restos orgânicos de pássaros ou morcegos3. Há algumas regiões no mundo onde esse fungo ocorre em maior concentração e que podem ser consideradas endêmicas, como por exemplo: Estados Unidos (vales dos rios Mississipi e Ohio), África, Ásia (sudeste), Austrália e Europa (sul), América Central e América do Sul.
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS)4, há microepidemias em 10 estados da federação, com “maior concentração nas regiões Sudeste e Centro-Oeste” (Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Goiás)3,4.
A contaminação pode ocorrer por vias aéreas
após inalar microconídios (partículas microscópicas do fungo) do H. capsulatum presentes no ar. A resposta clínica é bem diversificada e depende da quantidade de fungo inalada e da resposta imune, com sintomas variáveis. Há também casos que, mesmo após o indivíduo contrair a histoplasmose, poderá evoluir para uma cura espontânea sem medicação, porém aqueles com imunossupressão poderão desenvolver quadro mais grave6,7 e evoluir para doença pulmonar aguda ou crônica, com disseminação7-9. A forma disseminada pode ocorrer tanto após a infecção inicial quanto como reativação da infecção latente nos indivíduos imunocomprometidos (HIV-AIDS, pacientes com câncer hematológico, transplantados de órgãos sólidos, usuários de corticosteroides e antagonistas do fator de necrose tumoral)6,7,10.
O diagnóstico de histoplasmose é baseado em cultura, histopatologia e detecção de anticorpos e antígenos, sendo que a sensibilidade da cultura varia de acordo com o tipo de amostra usada.
De acordo com publicação11, a sensibilidade dos testes sorológicos também depende da imunidade do paciente e do estágio e clínica da doença. As colorações histológicas revelam elementos fúngicos, mas a identificação às vezes é difícil devido às semelhanças nas aparências das células de levedura pertencentes a várias espécies de fungos dimórficos. De acordo com publicação12, alguns parasitas também podem apresentar morfologia semelhante ao Histoplasma capsulatum , como por exemplo, agentes de Leishmaniose, Toxoplasmose e Doença de Chagas, que igualmente apresentam microrganismos intracelulares13. Em resumo, realizar um diagnóstico definitivo de histoplasmose a partir de cortes teciduais (histológicos) é um desafio. Dessa forma, considerando-se que a morfologia do H. capsulatum não é específica, é importante sempre realizar a correlação clínico-epidemiológica14 e solicitar exames alternativos. Atualmente, os métodos moleculares, fundamentados na amplificação de ácidos nucleicos (análise de DNA) a partir de amostras clínicas são muito úteis.
Ademais, métodos embasados em Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) fornecem resultados mais rápidos, sensíveis e específicos que a cultura.
Especificamente na histoplasmose, há ensaios mocelulares (PCR nested )11 próprios para a detecção e identificação de DNA de H. capsulatum em amostras de tecido humano (biópsias) sem necessidade de sequenciamento.
Portanto, o diagnóstico precoce de histoplasmose a partir da biologia molecular, favorece uma terapia adequada.
Referências serão fornecidas, quando solicitadas.