Entenda os sintomas, exames diagnósticos e avanços no tratamento dessa doença hematológica
O linfoma não-Hodgkin (LNH) é um tipo de câncer que se desenvolve a partir dos linfócitos, células do sistema imunológico presentes no sangue. Ele afeta pessoas de todas as idades, raças e classes socioeconômicas. Segundo Nydia Bacal, hematologista e patologista clínica da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), “o linfoma não-Hodgkin pode se originar em linfócitos B, T ou NK, sendo o tipo B o mais comum. As manifestações, tratamentos e prognósticos variam conforme o subtipo, por isso um diagnóstico preciso é essencial.”
Em crianças, o LNH tende a ser mais agressivo e progredir rapidamente. Sintomas comuns incluem linfadenomegalia, ou seja, aumento dos gânglios linfáticos no pescoço, axilas ou virilha, além de febre, suor noturno e perda de peso inexplicada. No entanto, essa doença pode se manifestar de forma diferente dependendo da localização dos linfomas. “Linfomas no tórax podem causar dor, tosse e falta de ar, enquanto linfomas no abdômen podem levar à distensão abdominal e aumento do fígado e do baço”, explica a especialista da SBPC/ML. Ela destaca que, em casos mais raros, o linfoma pode infiltrar o trato gastrointestinal, causando falta de apetite, perda de peso, obstruções ou até hemorragias intestinais, e, em alguns casos, pode acometer o sistema nervoso central, causando dores de cabeça, sintomas neurológicos e até meningite.
O diagnóstico do LNH é complexo e depende de uma série de exames específicos. Além de uma biópsia para análise da anatomia patológica, exames laboratoriais como hemograma, cálcio sérico, ácido úrico e desidrogenase láctica ajudam a avaliar a condição do paciente. Nydia explica que “a presença de linfócitos anômalos em sangue periférico suspeitado na análise citomorfológica pode ser identificado com mais precisão pela imunofenotipagem, e exames como o cariótipo e sequenciamento de nova geração (NGS) podem indicar mutações específicas, permitindo tratamentos personalizados.”
Além disso, exames de imagem, como ultrassom, tomografia e PET-CT, são fundamentais para identificar as áreas afetadas, determinar a extensão da doença e localizar os melhores pontos para a biópsia. “Esses exames ajudam no estadiamento da doença e na avaliação da carga tumoral”, afirma a médica da SBPC/ML. Outros exames importantes incluem a biópsia de medula óssea para avaliar a possibilidade de transplante e a análise de líquido cefalorraquidiano e de amostras de líquidos no abdômen ou pleura, quando há suspeita de infiltração.
No que diz respeito ao tratamento, as opções vão desde quimioterapia oral e endovenosa até imunoterapias avançadas e radioterapia. Nydia destaca que “recentemente, a terapia CAR-T, baseada em células T modificadas para atacar o tumor, tem sido disponibilizada para alguns casos de LNH, representando uma abordagem promissora.” Outros tratamentos incluem anticorpos monoclonais e transplantes de medula óssea autólogos e alogênicos. No entanto, casos de linfomas agressivos, como o linfoma de Burkitt, demandam intervenção imediata. “Obstruções respiratórias, sangramentos e crescimento rápido de massas abdominais são situações emergenciais que exigem tratamento rápido”, alerta Nydia, enfatizando a importância de um diagnóstico ágil: “essa é uma doença que pode ser fatal, mas também pode ter cura. A rapidez no diagnóstico e a personalização do tratamento são cruciais para impedir a progressão da doença e melhorar o prognóstico do paciente.”