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Professor brasileiro é convidado a apresentar pesquisas sobre Doenças Tropicais Negligenciadas de interesse amazônico nos EUA

O professor Moises Silva, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi convidado a compartilhar suas pesquisas nos prestigiosos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) em Atlanta e no National Institutes of Health (NIH) em Washington DC. As palestras, realizadas em 16 e 18 de abril, focaram na qualidade das publicações do grupo de pesquisa que participa e na necessidade de compartilhamento de conhecimento entre instituições engajadas no diagnóstico, tratamento e pesquisa das doenças tropicais negligenciadas.

As palestras “Paths through the Amazon: Understanding the Epidemiological and Scientific Dimensions of Chromoblastomycosis and Leprosy” e “Chromoblastomycosis: Epidemiological and Scientific Challenge in Brazilian Amazon” contribuíram para a troca de conhecimento e experiência em doenças tropicais negligenciadas, promovendo a importância da cooperação internacional no combate as Doenças Tropicais Negligenciadas de interesse amazônico.

O professor Moises Silva destacou as doenças tropicais de importância significativa no Pará. Segundo ele, a cromoblastomicose é uma micose de implantação de fungos demáceos (fungos melanizados) que naturalmente são encontrados no solo e vegetais em regiões tropicais e subtropicais. O Brasil é o segundo país em número de casos e o estado do Pará tem a maior casuística no país. Esta doença ainda representa um desafio para a saúde pública em áreas endêmicas, exigindo abordagens abrangentes que incluam melhorias no diagnóstico, tratamento acessível e medidas educativas para reduzir seu impacto na qualidade de vida dos indivíduos afetados. O grupo de pesquisa tem se dedicado a diagnosticar e tratar pacientes, mas a manutenção do tratamento tem sido um desafio pela instabilidade de oferecimento do tratamento.

Sobre a hanseníase, Silva  destaca que a doença apresenta um impacto significativo na saúde pública em todo o Brasil devido a fatores como a falta de profissionais médicos e multiprofissionais com formação adequada para realizar o diagnóstico, a instabilidade recente de oferecimento da medicação, baixa cobertura da atenção primária e a falta de incorporação de novas metodologias para o diagnóstico dos casos verdadeiramente precoces, ou seja, sem lesão e sem incapacidade física.  O grupo de pesquisa avançou muito tanto no processo de detecção de novos casos, quanto nos estudos moleculares, sendo pioneiro nos estudos de miRNA, piRNA e DNA mitocondrial dos pacientes portadores da doença.

Moises Silva

É professor de microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, foi formado na UFPA, com graduação em Licenciatura em Biologia, mestrado e doutorado no programa de Neurociências e Biologia Celular (ICB) tendo realizado um pós-doutorado na Colorado State University, ecom extensa experiência em estudos sobre cromoblastomicose, hanseníase e outras doenças tropicais de interesse amazônico.

O grupo de pesquisa da UFPA do qual o professor Moises Silva faz parte inclui os professores Claudio Salgado (ICB), Josafá Barreto (Campus Castanhal), Pablo Pinto (ICM), Patrícia Costa (ICB), Andrêa Ribeiro dos Santos, Sidney Santos (ICB), Marco Andrey (FMRP-USP) e John Spencer (Colorado State University).

CDC e NIH

O Center for Disease Control and Prevention (CDC) e o National Institutes of Health (NIH) são amplamente reconhecidos como líderes mundiais em pesquisa e prática em saúde pública. O CDC, uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, desempenha um papel crucial no monitoramento e controle de doenças infecciosas em todo o mundo. Sua missão abrange desde a investigação e resposta a surtos de doenças até o desenvolvimento de diretrizes para prevenção e controle de doenças críticas. Por outro lado, o NIH, a principal agência de financiamento de pesquisa biomédica do país, lidera avanços inovadores em pesquisa. Com um orçamento substancial para financiar pesquisas médicas e de saúde, o NIH está na vanguarda das descobertas científicas, apoiando projetos que abordam uma ampla gama de questões médicas, desde doenças crônicas até descobertas revolucionárias no tratamento de condições complexas.

Os convites foram feitos pelo chefe da Seção de Doenças Fungicas do CDC, Tom Chiller, e Amir Seyedmousavi, pesquisador sênior da equipe de microbiologia clínica do NIH, e representam um marco no estreitamento das relações acadêmicas entre a UFPA e dois dos mais importantes centros de pesquisa em saúde dos Estados Unidos. Essa oportunidade não apenas reconhece a expertise pesquisador brasileiro, mas também sinaliza o potencial para futuras colaborações e intercâmbios acadêmicos.