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Opinião
DR. CARLOS EDUARDO DOS SANTOS FERREIRA
Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para o biênio
2020-2021
Gerente Médico do Departamento de Patologia Clínica. Laboratório Clínico - Sociedade
Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
Coordenador Médico do Setor de Imunoquímica do Laboratório Central do Hospital São
Paulo - Escola Paulista de Medicina / Universidade Federal São Paulo (EPM/UNIFESP)
presidente@sbpc.org.br
A importância do acesso ao diagnóstico
O IBGE divulgou em agosto a Pesquisa Nacional da COVID-19 é o RT-PCR, e que o sorológico tem uso efetiva da SBPC/ML na audiência pública junto à
por Amostra de Domicílios (PNAD Covid19), onde clínico restrito (determinado período de doença), ANS, que reivindicou esta cobertura em documento
mostra que desde o início da pandemia até julho apesar de sua recomendação para entendermos a conjunto com a Associação Médica Brasileira (AMB)
de 2020, cerca de 13,3 milhões de pessoas (6,3% epidemiologia e as necessidades de cobertura vacinal e a International Society for Quality in Helath Care
da população brasileira) fizeram algum teste para quando disponível. External Evaluation Association (IEEA).
diagnóstico da COVID-19. Destes, 20,4% (2,7 milhões Vimos ainda que quanto mais elevado o nível de Entendemos a importância de uma posição
de pessoas) obtiveram resultado positivo e 79,6% escolaridade, maior o percentual de pessoas que fez definitiva sobre esse exame, sua maneira de
tiveram resultado negativo. algum teste. Apenas 3,1% das pessoas sem instrução uso na prática clínica, assim como a qualidade
Separando por tipo do tecnologia, das 13,3 ou fundamental incompleto, e 14,2% entre aqueles aferida de cada fabricante. Temos um programa
milhões de pessoas que fizeram algum teste, 4,7 com superior completo ou pós-graduação. E quanto de avaliação dos diferentes kits e tecnologias que
milhões de pessoas fizeram o RT-PCR (secreção mais alta a renda domiciliar per capita, maior o estão sendo utilizado para auxílio diagnóstico da
de naso/oro faringe); 4,0 milhões fizeram o teste percentual de pessoas que realizaram algum teste COVID-19, referência hoje, (www.testecovid19.
sorológico em laboratório, com coleta de sangue, e para COVID-19, chegando a 14,2% nas classes mais org.br), e continuamos a acreditar nos benefícios
a maior parcela, 6,4 milhões, fez o teste rápido com altas contra 4,0% nas classes menos favorecidas. do diagnóstico precoce tanto no tratamento da
a gota de sangue, através de lancetada na ponta do Esses números reforçam porque foi tão população como ferramenta para melhorar a gestão
dedo. importante a decisão da Agência Nacional de Saúde da saúde e da pandemia no Brasil.
Para entender a circulação do vírus e sua curva Suplementar (ANS) ao aprovar a norma que obriga Como já dizem por aí que os dados serão
de imunidade de rebanho, por região, os números os planos de saúde a cobrirem o teste de sorologia o petróleo deste século, quanto mais dados e
de testagem ainda são expressivamente baixos. para COVID-19. A RN nº 460 de 13 de agosto de 2020 informações, melhores decisões poderão ser tomadas
Lembrando que o teste padrão ouro para o diagnóstico foi publicada após um rico debate com participação no enfrentamento desta pandemia.
Alerta
Riscos tóxicos do uso de nanopartículas de prata no combate ao
coronavírus geram preocupação em cientistas
“NANOPARTÍCULAS: um mundo fantástico e desconhecido que exige cuidado”
Materiais produzidos em nanoescala – 2- Risco ao Meio Ambiente:
partículas com tamanho incrivelmente pequeno O Comitê Científico da União Europeia adverte:
– têm sua eficácia potencializada. Prata e cobre “Ao avaliar a fase final de vida dos produtos
têm propriedades antibacterianas conhecidas há contendo nanopartículas de prata, é assumido que
milhares de anos e, nos últimos 10 anos, a nanoprata o tratamento dos resíduos (reciclagem, tratamento
tem sido incorporada a produtos como tecidos, de água, aterros e incineração) seja similar ao dos
embalagens de alimentos, cateteres médicos. Seu produtos convencionais. Consequentemente, a
amplo uso no combate ao coronavírus complica a prata nos resíduos não reciclados vai terminar no
difícil tarefa de controle dos efeitos tóxicos para o meio ambiente, como resíduos sólidos em aterros,
ambiente e saúde como emissão a partir das unidades de tratamento
Covid-19, a pandemia do coronavírus, causou de água, ou como resíduos das unidades de
enorme estresse na população que, ansiosa por incineração”.
técnicas e produtos capazes de combater o vírus integrar e fortalecer ações governamentais 3- Quem é o vilão: as nanopartículas ou os
mortal, acabou refém de notícias conflitantes – para promover o desenvolvimento científico e íons de Prata?
como é o caso da eficácia da medicação cloroquina tecnológico da nanotecnologia”. O estudo sobre toxicidade em animais e
– e dos anúncios chamativos sobre produtos Com a pandemia vigente, surgem produtos humanos feito pelo pesquisador Nelson Durána e
revolucionários. usando as nanopartículas de prata e apresentados colaboradores do Instituto de Biologia, Unicamp,
O uso das nanopartículas de prata como ao público como forma efetiva e segura de e do Centro de Ciências Naturais e Humanas da
agente antiviral é campo propício para isso: as combater o coronavírus: desde tecidos a serem Universidade Federal do ABC (“Quim. Nova vol.42
propriedades antimicrobianas da prata e do cobre usados em máscaras, toalhas, estofamento de no.2 São Paulo Feb. 2019”) relata que: (a) as
têm sido demonstradas há milênios; fenícios e assentos, até álcool gel e sprays. Seria de enorme nanopartículas de prata(NP-Ag) podem liberar
romanos usavam vasos desses metais para purificar benefício público se, usando a bandeira tão em íons Ag+ quando são expostas a água e oxigênio,
a água e preservar o leite. As nanopartículas, por moda no mundo corporativo – a sustentabilidade existentes no meio biológico; (b) assume-se
terem uma área de superfície muito aumentada – explicassem o porquê de tamanha preocupação que as nanopartículas podem penetrar nas
em relação ao seu volume, apresentam um por parte de cientistas e órgãos reguladores. Três células liberando ions Ag+ dentro delas, o que
aumento espetacular das propriedades físico- questões fundamentais precisam de respostas: pode levar a morte celular. Essa observação dos
químicas. Há 15 anos, laboratórios de pesquisa em 1- Risco à saúde humana: pesquisadores não é uma surpresa porque – se
todo o mundo anunciavam empolgados que um O relatório do Comitê Científico da a nanopartícula pode penetrar e matar uma
novo mundo, submiscroscópico, estava surgindo: União Europeia de Junho de 2014 diz que as bactéria, também pode fazê-lo em uma célula do
o mundo da nanoescala. nanopartículas de prata adquiridas via oral corpo humano.
A rapidez com que a indústria passou a ou respiratória têm depósito preferencial nos Na investigação sobre os efeitos tóxicos das
incorporar nanopartículas em seus produtos rins, fígado e baço. No caso das nanopartículas nanopartículas de prata sobre diferentes tipos de
ultrapassou em muito a velocidade com que se estarem no sangue, o sistema mais atingido é o células de mamíferos (“Journal of Nanomaterials
coletavam dados sobre os riscos tóxicos para o autoimune. Como haviam naquela época relatos Volume 2015, Article ID 136765”), F. Sambale e
meio ambiente e saúde. Como na maioria dos de efeitos genéticos tóxicos, a Comissão Científica colaboradores do Instituto de Química Técnica da
países, a regulamentação da nanotecnologia não recomenda que estudos adicionais fossem feitos Leibniz University, Hannover, e do Instituto de Física
avançou: o primeiro Projeto de Lei de No. 5076 de sobre esse risco. Nuclear, Tashkent, Uzbekistan, concluíram que:
2005 foi abandonado. Em 2013, foi apresentado Para citar uma das referências nacionais, no “nanopartículas de prata são consideravelmente
novo Projeto de Lei de No. 5133, atualizado no VII Workshop de Nanotecnologia Aplicada ao mais tóxicas do que íons de prata”.
mesmo ano pela incorporação do Projeto de Lei de Agronegócio – Embrapa Instrumentação, São O noticiário internacional de 2020 destacou
No. 6741 que se encontra em trâmite até hoje. Carlos, 10 a 13 de Junho de 2013, foi apresentado a identificação de nanopartículas de plástico em
Mesmo sem legislação específica, foi aprovado nas conclusões: “Resultados nos testes de várias amostras de tecidos humanos. Plástico ou
no dia 19 de Fevereiro último o Marco Legal da toxicidade sugeriram, inicialmente, degeneração prata, as nanopartículas já fazem parte do mundo
Nanotecnologia pela Comissão de Constituição celular no fígado de ratos machos causada pelas moderno. E do corpo humano também.
e Justiça do Senado Federal. O objetivo é: “criar, nanopartículas de prata.” www.pitinovacoes.com.br
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