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Opinião
Saúde resiliente e sistema colaborativo
E a interrogação que surge é como retomar conquistas que foram fortemente
arranhadas – falando, especialmente, da realidade brasileira – para que possamos
Dr. Yussif Ali Mere Jr avançar?
Presidente da Federação e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e
Laboratórios de Ribeirão Preto e Região (FEHOESP e SindRibeirão) Um relatório emitido pelo Fórum Econômico Mundial, em dezembro de 2021,
presidencia@fehoesp.org.br e intitulado “Hora de agir: investir na abordagem dos determinantes sociais para
melhorar a saúde”, alerta para a necessidade de estabelecimento de vários suportes
para proporcionar saúde. São direitos básicos como moradia, educação e alimentação
dignas e todo o resto que já se sabe, como cenários de segurança pública, mobilidade,
Saúde universal para o público e para os chefes de Estado – um conceito que direitos humanos e outros.
parece vago, mas nunca foi tão urgente. Por que, com tanto conhecimento e dados Segundo o documento, esses determinantes sociais e econômicos têm peso de
acumulados e tanta tecnologia e estrutura para inovar, ainda lutamos contra epidemias, até 70% nos resultados da nossa saúde. Exemplos didáticos disso estão nos impactos
surtos, aumento de casos de doenças controladas no passado e persistência de outras da pandemia do COVID-19 nas diferentes populações ao redor do mundo e mesmo
tantas, para as quais há tratamentos seguros, que seguem comprometendo gravemente dentro do Brasil, ou das 20 doenças negligenciadas que violentam a saúde e qualidade
a vida de populações vulneráveis? de vida de populações vulneráveis.
Jarbas Barbosa, o brasileiro empossado, dia 1º de fevereiro, como novo diretor da A construção do que o relatório chama de “comunidades saudáveis” é o grande
OPAS-Organização Pan-Americana da Saúde (atuando desde 2017 como subdiretor), desafio dos chefes de Estado não só das Américas. E também é desafio – quem sabe um
alertou para o “cenário epidemiológico complexo” na região das Américas e o desafio dos maiores – tanto para o setor público, como privado, a adoção de uma abordagem
de fazer com que os sistemas de saúde “se recuperem mais fortes do que antes (da colaborativa para buscar soluções.
pandemia)” e capazes de “desempenhar adequadamente todas as funções essenciais Outro estudo, da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal),
de saúde pública”. informa que, no ano passado, os índices de pobreza estavam acima dos números pré-
Em seus discursos, o novo diretor da OPAS falou em trabalhar para que a pandemia. Um dado que não pode ser negligenciado por tomadores de decisões é que
Organização mantenha as conquistas já obtidas – o que mostra um olhar importante um terço da população na região vive na pobreza, condição que afeta 45% de todos os
para um problema que atesta falha estrutural no diálogo governo-cidadãos e adolescentes e crianças – isso é quase a metade desse grupo!
escancara uma muralha que impedirá avanços. Afinal, não previmos que conceitos O cenário coloca em xeque o conceito de desenvolvimento não apenas para as
científicos estabelecidos, inclusive bem trabalhados junto a grupos populacionais regiões do planeta mais afetadas, mas para todo o mundo. E voltamos ao conceito de que
vulneráveis e com pouco acesso à educação formal, seriam corrompidos. São intensificar esforços para prover saúde e educação de qualidade é uma estratégia urgente
conceitos que davam importante suporte às políticas de saúde pública, como o e emergencial sem a qual não se avança de forma sustentável. Um sinal importante
respeito à ciência e o que decorre disso – a vacinação é um exemplo. Para avançar da política do novo diretor da OPAS nesse sentido foi a referência ao “sonho do
na qualidade da saúde pública, é preciso retomar, manter e garantir conquistas que panamericanismo”, que, segundo ele, é “o sonho de que a solidariedade entre os países
acreditávamos sólidas. das Américas é uma força poderosa para melhorar a vida dos nossos povos”.
Doença crônica
Alzheimer pode acometer pessoas jovens?
“Insidiosa e progressiva, com considerável impacto
na vida dos portadores, familiares e cuidadores", o padrões de herança familiar e correlação com alterações
genéticas específicas que constituem fatores de risco
médico Victor Falcão, geriatra e coordenador da equipe para o desenvolvimento da doença, interagindo com
de Cuidados Paliativos da OTO Aldeota, caracteriza a fatores ambientais e entre si”, declara.
doença de Alzheimer. Em evidência durante a campanha Independentemente da idade de início, a doença
de conscientização ‘Fevereiro Roxo’, a doença de Alzheimer é uma condição neuropsiquiátrica
neurodegenerativa é a causa mais comum de demência crônica bastante heterogênea em sua manifestação
no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde clínica. “Pacientes apresentam a perda de memória
(OMS). Embora comumente relacionada à idade, com recente como queixa mais comum, com dificuldade
sua prevalência dobrando a cada 5 anos a partir dos 60 crescente para reter novas informações, esquecimento
anos, a patologia também pode acometer pessoas mais de horários, endereços e nomes; prejuízos na linguagem
jovens. Como aponta a Mayo Clinic, centro hospitalar com dificuldade de encontrar as palavras e erros de
e de pesquisa referência nos EUA, 5% dos casos de nomeação, com discurso verbal empobrecido; alterações
Alzheimer no mundo ocorrem em indivíduos com sinais da doença de Alzheimer e o histórico da família na orientação temporal e espacial com redução do senso
menos de 60 anos. permite identificação, tratamento e cuidados mais geográfico e dificuldades de localização”, exemplifica.
A doença também pode aparecer de forma ainda oportunos". O profissional pontua, entretanto, que o
mais precoce, com sintomas surgindo na quarta ou aparecimento da enfermidade em pessoas nessa faixa Alterações comportamentais como desânimo,
irritabilidade, apatia, agitação motora e sintomas
quinta década de vida, complementa o médico geriatra. etária é extremamente raro e tem sua causa exata pouco psicóticos também são comuns em pessoas acometidas
“Estar atento a essa possibilidade, conhecer bem os conhecida. “Nesse contexto, pesquisas sugerem alguns pela doença, segundo o médico.
Gestação
Malformação congênita é a segunda maior causa de mortes em recém-nascidos
Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que nas américas. De acordo com o Ministério da Saúde, maternidade da região, sendo referência para dois
no mundo 1 em cada 33 bebês nasce com alguma anualmente, 270 mil bebês morrem nas primeiras quatro municípios e mais de 50 aldeias indígenas no Norte do
malformação congênita ― anomalia adquirida pela semanas de vida em virtude de problemas congênitos. país.
criança durante a vida intrauterina, que pode ser Segundo o médico Juan Carlos, diretor Técnico do Apesar das dificuldades para identificar as causas
identificada durante a gestação, no nascimento ou Hospital Bom Pastor, de Guajará-Mirim (RO), a maioria na maioria dos casos de malformação, há alguns fatores
posterior a ele. dos defeitos ocorre nos três primeiros meses de gestação. que aumentam a chance e precisam ser evitados:
Para os especialistas, a malformação pode afetar o “É o período em que os órgãos do bebê estão em – fumar, ingerir bebidas alcoólicas ou drogas
coração, cérebro, pés, entre outros, comprometendo a formação. Essas anomalias podem ser provenientes de durante a gravidez;
aparência ou o funcionamento do corpo. alterações genéticas, agentes infecciosos como vírus da – obesidade e/ou diabetes não controlado antes e
Atrás somente da prematuridade, a malformação rubéola, do HIV e o Zika vírus, deficiência nutricional durante a gravidez;
congênita é a segunda principal causa de morte em ou ambiental”, afirma o médico da unidade que pertence – fazer uso de medicamentos contraindicados no
recém-nascidos e crianças menores de cinco anos à entidade filantrópica Pró-Saúde e atua como única período gestacional.
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