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Opinião
A detecção molecular, e não a incubação prolongada da cultura,
contribui para o diagnóstico de infecção fúngica (*)
Giannina Ricci, PhD - Consultora em Biologia Molecular
Doutorado (CAPES/DAAD) Instituto de Medicina Tropical, Universidade de Tübingen, Alemanha e Depto. de Patologia/UNIFESP.
Pós-doutorado: Disciplina de Infectologia, Departamento de Medicina – LEMI/UNIFESP.
Centro de Pesquisa em Biologia Molecular Dr. Ivo Ricci
info@biomolricci.com
biomolricci23@gmail.com
(*) Texto extraído e traduzido livremente do artigo científico intitulado prospectivamente, a análise desse alvo molecular por PCR demonstrou seu
“Molecular detection, not extended culture incubation, contributes to diagnosis of valor para o diagnóstico de IFs negativas à microscopia. A PCR da região ITS
fungal infection” de Zhu et al. (2021). BMC Infect Dis.,21(1):1159. foi implementada no laboratório de Zhu e cols. em 2013, com o estabelecimento
A expansão contínua da população de pacientes imunocomprometidos, como de um protocolo que exige dos médicos infectologistas a solicitação do teste
resultado da adoção generalizada de terapias imunossupressoras agressivas e de especialmente quando uma amostra de uma fonte estéril é negativa para cultura de
novos medicamentos modificadoras do sistema imunológico, está associada ao fungos e a suspeita de IF é alta. O objetivo do estudo foi revisar a experiência dos
aumento das infecções fúngicas invasivas (IFIs) em número e gravidade. A taxa de autores com a cultura fúngica para determinar o tempo ideal de incubação e revisar
mortalidade em 12 semanas de pacientes com IFIs foi relatada como sendo de até a experiência com a PCR da região ITS-rRNA para o diagnóstico de infecções
46,7% para receptores de transplante de células-tronco hematopoiéticas adultos e fúngicas (IFs) com cultura negativa.
29,6% para pacientes de transplante de órgãos sólidos. Portanto, o início imediato Segundo os autores, o Manual de Microbiologia Clínica recomenda que as
da terapia antifúngica é a intervenção mais importante para diminuir a mortalidade culturas que rastreiam Candida spp precisam ser incubadas por no máximo 72 h, as
em pacientes com IFIs. culturas de triagem para dermatófitos, por apenas 8 dias e a triagem de culturas para
Apesar de sua baixa sensibilidade, a cultura continua sendo um dos principais todos os patógenos deve ser realizada por 4 semanas, uma recomendação universal
métodos para o diagnóstico e o tratamento de infecções fúngicas (IFs), uma vez que comumente baseada na experiência empírica, a fim de maximizar a recuperação
identifica o agente etiológico em nível de gênero e espécie, além de possibilitar a de espécies de crescimento lento e em virtude da necessidade de detecção de
realização de testes de suscetibilidade. Contudo, a recuperação de patógenos fúngicos uma ampla variedade de organismos em pacientes imunocomprometidos. Como
depende de vários fatores, incluindo qualidade da amostra, coleta e transporte resultado, a incubação de culturas por 4 semanas é uma prática comum na
apropriados da amostra e condição e tempo ideais de incubação. Alguns estudos maioria dos laboratórios de microbiologia clínica. Porém, o tempo de incubação
investigaram o tempo de incubação da cultura e geraram resultados mistos. Morris estendido não apenas atrasa a notificação de resultados de cultura negativos, mas
e col. revisaram mais de 2.700 culturas clínicas consecutivas e determinaram que também aumenta a chance de recuperar um contaminante. No estudo, os autores
98% dos isolados fúngicos foram detectados no 14 dia. Labarca e cols. avaliaram salientaram que apenas 7 amostras apresentaram crescimento de fungos após
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cerca de 4.000 culturas fúngicas positivas e concluíram que isolados recuperados 14 dias de incubação e que em todos os casos, os organismos recuperados pela
durante a 4ª semana raramente eram clinicamente significativos. O estudo de cultura foram considerados clinicamente irrelevantes, sendo 3 deles isolados de
Bosshard sugeriu que 2 semanas de incubação eram suficientes para avaliação Penicillium spp., de significado clínico questionável após recuperação durante a
de não dermatófitos, enquanto uma incubação de 4 semanas era necessária para incubação estendida.
recuperação de dermatófitos. Segundo o artigo, a PCR (ITS) seguida de sequenciamento tornou-se o
Para superar a baixa sensibilidade da cultura fúngica, métodos diagnósticos método, independente de cultura, de escolha devido à sua vantagem de permitir
adicionais, como os testes para antígenos e biomarcadores fúngicos, são maior sensibilidade e rápida identificação de fungos em espécimes clínicos.
frequentemente usados além da cultura para ajudar a estabelecer um diagnóstico. Conforme ressaltado pelos autores, um estudo recente demonstrou que o método
Ensaios baseados em PCR visando várias regiões genéticas foram desenvolvidos molecular apresentou sensibilidade de 96,6% e especificidade de 98,2% para
para melhorar o rendimento diagnóstico, mas são principalmente restritos às detecção de patógenos, diretamente de espécimes clínicos, com diagnóstico
espécies de Aspergillus e Candida. Em situações em que outros patógenos conhecido e rendimento diagnóstico de 71,3% em pacientes com IFIs comprovadas
oportunistas não podem ser descartados, a detecção molecular de uma ampla com base na Organização Europeia para Pesquisa e Tratamento de Câncer/IFIs.
gama de patógenos é desejada. A PCR da região do espaçador transcrito interno Por fim, concluem que estender a incubação da cultura além de 2 semanas não
do RNA ribossomal (ITS-rRNA), considerado o alvo molecular universal para gerou resultados clinicamente relevantes e afirmam que quando a cultura falhou
fungos, em combinação com o sequenciamento de DNA é promissora para a no diagnóstico laboratorial, a PCR e o sequenciamento produziram resultados
detecção e identificação de fungos em amostras clínicas. Em um estudo realizado clinicamente significativos.
Por que o ser humano tem
tanta dificuldade de mudar?
Estudo brasileiro analisa as características que dificultam o
ser humano de lidar bem com mudanças
Mudar é essencial para se adaptar a novos cenários, no entanto, essa nem sempre
é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas e esse tipo de resistência, pode não ter
ligação apenas com saudosismo, mas também com características neurais. É o que
aponta um novo estudo intitulado “Doenças do lobo frontotemporal: Dificuldades de
aprendizado”, publicado na revista científica “Cuadernos de Educación y Desarrollo”.
Dr. Bora Kostic, Médico, Cirurgião Plástico e pesquisador do Centro de
Pesquisas e Análises Hieráclito - CPAH, um dos autores do estudo, juntamente
com o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu e o Médico Ortopedista
Dr. Luiz Felipe, explica que aspectos biológicos podem interferir na compreensão
do ser humano.
“O ser humano por sua essência já possui certa dificuldade na assimilação de
novas opiniões [...],, mas a dificuldade de aceitar uma realidade pode se dar por
meio de disfunções” Afirma no estudo.
Por que mudanças de comportamento podem ser tão difíceis? Existem diversas
características que podem influenciar a resistência a alterações em rotinas,
comportamentos e hábitos, como genética, ambiente e até mesmo patologias.
“A genética influencia diretamente a habilidade cognitiva do ser humano, mas
também podem ser influenciadas por fatores externos como trauma ambiental,
problemas no nascimento, deficiências nutricionais e necessidades sociais [...]
As redes sociais e a internet são de grande impacto na vida cotidiana, onde as
pessoas tendem a se tornar dependentes dessas tecnologias para estarem incluídos
na sociedade”. Créditos: Dr. Bora Kostic, Dr. Fabiano de Abreu e Dr. Luiz Felipe (MF Press Global)
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