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Opinião
Dr. Irineu Grinberg
Ex-Presidente da SBAC
Diretor da Lab Farm Consult
irineugrinberg@gmail.com
O discurso contrário à obrigatoriedade da vacina
utiliza a liberdade individual como argumento
É o que lemos e escutamos diariamente através conceitos e preceitos que envolvem o livre arbítrio, importante dos governos, tem se voltado para a
de todos os órgãos de divulgação em nosso país, com todos os direitos e deveres nele contidos. concepção e produção de vacinas.
bem como de muitos outros, grifados por quase Entretanto, desde a instalação no planeta do
todos aqueles que prezam as atitudes individuais vírus SARS-COV 2 no segundo semestre de 2019, Não poderia ser de outra forma.
em relação às necessidades coletivas. rapidamente multiplicado e declarado pandêmico
É de evidente obviedade que o bem maior de pela OMS ao início de 2020, os olhares da Algumas nações, das mais desenvolvidas,
uma nação é a concepção e execução de todos dos comunidade científica, com o pleno apoio de parte por falta de informações “presumidamente
confiáveis” negaram abertamente o seu uso,
mesmo conscientes de que seu arsenal científico
e capacidade de produção fosse amplamente
suficiente para criar, fabricar e produzir o produto
para boa parte do mundo.
É o caso dos EUA, que após um início de
pandemia quase trágico, com a posse de um novo
Presidente da República, conseguiu reverter a
situação. Atualmente estão em franca recuperação,
vacinando a população em massa. O início da
normalidade ampla está próximo.
Em relação à China há que se levar em conta
o fato de, apesar de uma postura governamental
eminente capitalista em relação aos demais países,
é um país declaradamente comunista, e como tal,
é governado pelo PC chinês e seus representantes.
A população, em que pese os grandes saltos nos
padrões de vida, ensino e formação profissional
ainda preserva a mentalidade de vida em comum,
com base no coletivismo, portanto, totalmente
suscetíveis de aceitar decisões governamentais,
tais como vacinação em massa. Além de manter
suas fronteiras fechadas.
As suspeitas de substituição de uma terceira
guerra mundial por uma pandemia, extrapola
todos os indicativos do bom senso.
Cingapura e Taiwan, apesar de ostentarem altos
níveis de crescimentos comerciais, intelectuais e de
ensino tiveram grandes problemas baseados no
individualismo populacional e em falhas na triagem
de seus aeroportos. Vários de seus funcionários
foram infectados ao receber passageiros de
outros países, o que facilitou, inclusive a entrada
da variante indiana B.1.617. Esses mesmos
trabalhadores, ao realizarem suas refeições nas
praças de alimentação do aeroporto, fomentaram
a dispersão dessa mutação.
Nos países da Europa ocidental, as tentativas
de curtos lockdown não alcançaram os objetivos
desejáveis e os efeitos nefastos da pandemia foram
maiores do que os esperados.
Na América Latina apenas o Chile conseguiu
baixos índices de contágio. Foi o país mais aderente
à vacinação e o número de contaminados e óbitos
tem sido os mais baixos do continente.
No nosso país a tentativa de ressuscitar
produtos da era Galênica obteve péssimo índice de
eficiência. Perdemos vidas, conceito e respeito.
O então Ministro da Saúde, com a pandemia
já declarada pela OMS, solicitava, através de suas
múltiplas aparições nos órgãos de imprensa,
que os infectados somente procurassem os
hospitais públicos após as presenças inequívocas
de sintomas. Atrasamos a compra de vacinas,
portanto estamos com parte significativa da
população desprovida de proteção imunitária. A
probabilidade de novos ciclos da doença existe.
Desta forma, são bem razoáveis as
possibilidades de continuarmos adquirindo luvas
de procedimento por valores superiores a R$
100,00 por caixa.
O dito popular, a partir de agora, poderia passar a
ser VIVER PARA VER, VER PARA CRER.
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