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Opinião



                     DR. YUSSIF ALI MERE JR
                     Presidente da Federação e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e
                     Laboratórios de Ribeirão Preto e Região (FEHOESP e SindRibeirão)
                     presidencia@fehoesp.org.br

                                      A Saúde não pode pagar essa conta



          Em meados de setembro, o Sindicato dos   espaço, nem fôlego, para mais impostos.   (IBGE),  a  taxa de  desemprego  no  Brasil
       Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado   Estudo  do   Instituto  Brasileiro  de  estava em 13,6%, ou seja, atingia cerca de
       de  São  Paulo  (SindHosp),  a  Confederação   Planejamento Tributário (IBPT) divulgado   12,9 milhões de brasileiros.
       Nacional  de  Saúde  (CNSaúde),  a  Federação   recentemente mostra que todos os tributos   A  proposta  do  governo,  de  unificação  de
       Brasileira de Hospitais (FBH) e a Associação   somados  (federais,  estaduais  e  municipais)   PIS e Cofins e a criação da Contribuição Social
       Brasileira  de    Medicina    Diagnóstica  equivalem a 41% do salário do brasileiro.   sobre Operações com Bens e Serviços  (CBS),
       (Abramed) lançaram uma campanha para       Em 2020, nós, contribuintes, trabalhamos   com alíquota única de 12%, exigirá que a saúde
       conscientizar parlamentares e a sociedade   até 30 de maio (151 dias) apenas para pagar   privada reajuste seus preços. Com isso, estima-
       sobre os impactos que a proposta de reforma   impostos. Em 2001, trabalhávamos 130 dias,   se que 1,2  milhão de  pessoas migrem para o
       tributária que tramita no Congresso Nacional   ou seja, um aumento de 16% no período   SUS,  engrossando  as  filas  e  dificultando  ainda
       trará  para  o  setor  de  saúde.  Com  o  slogan   trabalhado. Além disso, o IBPT mostra quão   mais o acesso ao sistema. Em suma: todos serão
       “A  Saúde  não  pode  pagar  essa  conta”,  os   injusto é o sistema arrecadatório nacional:   impactados com o aumento de impostos  para
       idealizadores da campanha buscam apoio de   impostos sobre o consumo equivalem a 23%   a  saúde,  independente  se  utilizam  o  SUS  ou  o
       outras entidades do setor objetivando criar   da arrecadação; sobre a renda, cerca de 15%;   setor suplementar.
       uma aliança nacional contra o aumento de   e, por fim, sobre o patrimônio, 3%.           Trabalhamos por uma saúde de qualidade.
       impostos. A FEHOESP já aderiu à iniciativa e   A   proposta   de   reforma   tributária   Se  esse  modelo  de  reforma  tributária  for
       está ajudando na divulgação e conscientização   apresentada  pelo  governo  federal  aumenta   aprovado isso ficará cada vez mais distante,
       de integrantes do Executivo e Legislativo das   em  aproximadamente  170%  os  impostos   pois o setor terá dificuldade para continuar
       três esferas governamentais.               para  o  setor  da  saúde.  Além  de  poder  levar   investindo  em  infraestrutura,  pesquisas,
          O Brasil precisa de uma reforma tributária   ao  fechamento  milhares  de  prestadores  de   desenvolvimento e inovação. Que o setor
       que  traga  mais  justiça  social  e  simplifique   serviços  privados,  dificultando  o  acesso  à   de  saúde  consiga  se  unir  em  prol  dessa
       o dia a dia de empresas e contribuintes.   saúde  da  população,  muitos  profissionais   causa,  que  a  sociedade  faça  coro  contra
       Nenhum empresário ou cidadão é contrário a   perderão seus empregos. E o desemprego   essa  fome  arrecadatória  do  governo  e  que
       isso. Ocorre que já temos uma das mais altas   hoje é um enorme problema social, agravado   possamos construir, juntos,  uma  proposta
       cargas tributárias do mundo e sustentamos   com a pandemia do novo coronavírus. No    de  reforma  tributária  que  contribua  para  o
       um Estado inchado e incompetente, que      início deste mês de setembro, segundo o    desenvolvimento do país. Saúde é um serviço
       devolve muito pouco à sociedade. Não há    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística   essencial e não pode pagar essa conta.



                      Fernando Silveira Filho
                      Presidente Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de
                      Produtos para Saúde (ABIMED) - www.abimed.org.br

                      presidencia@abimed.org.br


                 Os impactos no setor da Saúde com a Reforma Tributária



          O  tema  Reforma  Tributária  está  no  topo  da   hoje existentes sob quaisquer rubricas;  a  PEC   Nesse momento que o país busca reerguer dos
       lista  das principais preocupações do momento,   110,  faz  referência  tão  somente  ao  mercado  de   impactos  da  Covid-19,  o  setor  da  saúde,  aquela
       especialmente  quando  se   observa  uma   medicamentos,  alijando assim  toda a complexa   garantida  constitucionalmente a  todo  cidadão
       tendência de estabilidade de pandemia, que tem   e  extensa  cadeia  produtiva  do  setor  da  Saúde,  e   brasileiro, está potencialmente em vias de sofrer
       apresentado, muito lentamente um declínio tanto   dou  ênfase  especificamente  para  dispositivos,   e gerar um abalo muito sério na economia do país.
       no número de infectados, como no de morte. Seus   equipamentos médicos e seus serviços agregados.   Maior custo antecipando as projeções críticas em
       efeitos resultarão, a médio e longo prazos, um alto   A terceira é o PL 3887-2020, proposto pelo   torno de dez anos.
       impacto na vida dos brasileiros no pós pandemia.  Executivo,  que  faz  menção  a  que  as  compras   Uma  Reforma  Tributária  e  quaisquer  outras
          Responsável pela geração  de 0,6% do  Produto   efetuadas  pelo  Sistema  Público  –  SUS,  teriam   medidas  de  caráter  fiscal  que  envolvam  o  setor,
       Interno Bruto – PIB nacional, a extensa e complexa   tratamento  tributário  diferenciado,  como  se   devem reconhecer que ele é potencialmente gerador
       cadeia ainda gera quarenta mil empregos diretos em   ao assim proceder, a oneração sobre o setor   de riqueza e renda para o país. Seja através da
       todos os níveis de atividade, e invariavelmente de alta   privado não gerasse reflexos negativos no total   manutenção  e  geração  de  empregos  qualificados,
       qualificação. Este mesmo mercado vem desfrutando,   da conta da Saúde, uma vez que ao onerar o setor   pela necessidade de manter, expandir e modernizar
       ao longo dos últimos anos, de certo reconhecimento   privado, se potencializa o risco de mais pessoas   nosso parque produtivo nacional, sem discriminação
       dentro do cenário tributário e fiscal do país.   e empresas perderem a capacidade de manter   da origem de capital de tal forma a que o país se insira
          O investimento no setor da saúde, atualmente,   seus planos de saúde, gerando potencialmente   definitivamente nas grandes e ainda mais complexas
       oscila entre 9 e 9,5% do PIB no momento, mas   a partir daí um aumento da demanda sobre o   cadeias internacionais de abastecimento do setor.
       a  tendência  é  de  aumento.  Uma  série  de  fatores,   próprio SUS, o qual pela vigência da Lei de Teto   Enfim  deve  obrigatoriamente  contemplar
       como o crescimento populacional; a extensão   de Gastos, veria seu orçamento mais e mais   tratamento  diferenciado  pleno  em  toda  a  cadeia
       da longevidade de vida, acompanhada da maior   comprometido quanto a capacidade de novos   de  suprimentos  e,  mais  especificamente  em
       incidência de doenças degenerativas e crônicas; e a   investimentos e, talvez até mesmo de atender   dispositivos,  equipamentos  médicos  e seus
       maior demanda por serviços de saúde, acompanhada   um afluxo maior de pacientes.       serviços agregados, mercado altamente inovador e
       pela elevação dos preços desses serviços, deverão   Considerando  as  propostas  de  reforma   responsável pela oferta de tecnologias avançadas
       provocar um aumento progressivo os próximos 10   tributária hoje existentes e, caso seguissem adiante   para todas as etapas dos atendimentos de saúde.
       ou 15 anos, passando para a faixa de 25 a 30% do   na forma originalmente proposta, temos indicação   A  Reforma  e  toda  a  questão  fiscal,  devem
       PIB, provocando uma situação insustentável.  clara  de  que  o  setor  da  Saúde  teria  aumento  da   ser  construídos  para  serem  simples,  eficazes,
          A  questão  da  Reforma  Tributária  apresenta   carga tributária em uma faixa de 12 a 25 pontos   redutores de custos para o cidadão e as empresas
       três  propostas no momento, sendo  duas do   percentuais,  ao  que deveria ser ainda  agregado   e justos. Porém, acima  de tudo, coerente ao
       legislativo: a PEC 45, elimina pura e simplesmente   eventuais onerações  advindas de alterações no   reconhecer a essencialidade do setor da saúde e
       todo  e  qualquer  benefício  tributário  e  fiscal   Convenio ICMS 01/99.             dos mercados a ele conectados.
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