Page 6 - Jornal Labor News Digital
P. 6
Opinião
Luiz Fernando Barcelos
Presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas
- SBAC, biênio 2019 / 2021
Portador do TEAC nº 0558
barcelos@sbac.org.br
Interessante modelo estatístico para a eficácia
da vacinação COVID-19
Existe em nosso país um excelente blog chamado do mundo na batalha contra o SARS-CoV-2. é, de pessoas com menor risco em relação aos casos
BRAZIL JOURNAL. De publicação diária, mesmo O estudo do professor Morris foca na análise e severos), enquanto o grupo de pessoas já vacinadas
aos finais de semana, a página é editada pelo eficácia da vacina em situações de casos severos, apresenta uma porcentagem maior de indivíduos com
jornalista Geraldo Samour, que tem como finalidade que requerem baixas hospitalares, o que deve mais idade (ou que possuem risco maior em casos
principal levar aos leitores informações sobre as ser considerado o fator de maior importância e severos). Essa diferença distorce a realidade, uma vez
principais movimentações econômicas, financeiras relevância para a saúde pública. Dos 515 casos de que um componente externo (perfil etário) leva a uma
e de marketing que ocorrem no país – de vendas de baixas hospitalares verificados atualmente, 301 são de redução de casos severos no grupo dos não vacinados
empresas e fusões a novas participações societárias pessoas totalmente vacinadas (60% do total), o que – motivo que não tem relação com a vacina.
e acionárias. Enfim, tudo aquilo que possa interessar conduz a preocupações relevantes. Para evitar essa distorção, Morris separa a
àqueles que têm interesses em aplicações financeiras Entretanto, esta proporção é distorcida pelo comparação por grupos etários. O resultado é que, no
difusas, e mesmo aos executivos em diversas fato de que o percentual de indivíduos israelenses grupo de pessoas com menos de 50 anos, o número
atividades empresariais e econômicas. vacinados é muito alto, de forma que um número de casos para cada 100 mil habitantes cai de 3,9
O blog também é muito apreciado por profissionais absoluto de casos não tem grande significado. na população não vacinada para 0,3 na população
e executivos da área da saúde, pois é sempre o Supondo que a população estivesse 100% vacinada, resultando numa eficácia de 92%. Já no
primeiro a divulgar as grandes movimentações que vacinada, naturalmente haveria zero casos entre grupo de idade superior a 50 anos, para cada 100 mil
vem acontecendo com certa frequência no setor. pessoas não vacinadas, e a totalidade dos casos habitantes, cai de 92 para 14, representando uma
Na edição de 18/08/2021, por exemplo, foi seriam de vacinados, o que, em termos absolutos, eficácia de 85%. Ao separar as faixas de idade ainda
publicado um texto extremamente interessante sobre nada significaria. Assim, o que realmente interessaria mais granulares, o professor mostra que, em quase
o momento atual da pandemia COVID-19. Nele, o autor, para uma leitura mais correta seria o número relativo todos os grupos, a eficácia contra casos severos ante
Paulo Belliboni – empresário, economista e sócio da de casos, nunca o absoluto. os dados analisados é próxima ou superior a 90%.
VELT Partners – faz uma série de considerações sobre Uma vacina eficaz deve gerar um número inferior A conclusão que se tira é que, no caso de Israel,
a variante Delta em Israel, onde 79% da população de casos na população vacinada, em comparação à os dados apontam para um resultado que difere do
acima dos 12 anos é totalmente vacinada, executando população não vacinada. Em Israel, observa-se que que vem sendo atualmente veiculado. Na realidade,
uma análise do que vem acontecendo naquele país o número de casos severos para 100 mil pessoas os dados parecem apontar para uma eficácia bastante
tendo em vista o significativo recrudescimento de decresce de 16,4 casos na população não vacinada alta da vacina, mesmo com a evolução da variante
novos casos. para 5,3 na população totalmente vacinada, o que Delta na região.
Intitulado “Variante Delta: vacinas eficazes, indica uma eficácia de 67% como medida relativa da No Brasil, onde os índices de vacinação ainda são
estudos nem tanto”, o texto procura demonstrar que diminuição do número de casos. Embora positivo, esse inferiores aos de Israel, estamos agora iniciando o
falta mais eficácia em alguns estudos sobre as ações número ainda não reflete com precisão a realidade, período no qual o impacto deste estudo começará a ser
das vacinas do que sobre a eficiência das mesmas. que parece ser ainda mais positiva, uma vez que há importante. Isto não significa, de forma alguma, que
Este trabalho foi conduzido pelo professor de outro fator importante que também distorce a análise os cuidados e os protocolos de segurança em relação
bioestatística da Universidade da Pensilvânia Jeffrey e deve ser ajustado: os grupos de pessoas vacinadas à COVID-19 devam deixar de serem seguidos com a
Morris, e mostra que os dados alarmantes veiculados e não vacinadas possuem diferenças de perfil que vacinação e outros protocolos. Mas, certamente, o
sobre uma possível eficácia declinante possuem impactam no número de casos severos, por motivos professor Morris ajuda a trazer um pouco de alívio,
falhas de análise que distorcem as conclusões, não nunca relacionáveis à vacina – sendo o mais marcante esperança e confiança de que estamos evoluindo na
refletindo, portanto, a realidade. deles a diferença de faixa etária. direção certa.
Acontece que, ao eliminar essas distorções, Como a porcentagem de pessoas vacinadas é Fora isso, o estudo também mostra, de forma
os dados mostram com clareza que a eficácia da superior em faixas etárias mais elevadas, as amostras bem simples e didática, o quanto é importante o rigor
vacina, diante da evolução da variante Delta, segue analisadas possuem uma distribuição bastante e o cuidado a analisar dados em qualquer contexto.
em patamar bastante elevado: 92% em média para diferente no que diz respeito às faixas de idade – e Ainda mais quando se trata de um tema de saúde
pessoas com idade inferior a 50 anos, e 85% para essa diferença impacta materialmente no número de pública, com importantíssimas implicações na vida das
pacientes acima de 50 anos – o que traduz uma casos em cada grupo. O grupo de indivíduos ainda não pessoas, em meio a um contexto de tanta polarização,
leitura muito positiva e encorajadora para o resto vacinados contém um percentual maior de jovens (isto preocupação e sofrimento no mundo.
Otorrino
Rinoplastia e clima seco
Segundo especialista em cirurgia de nariz, baixa umidade do ar não é indicativo para adiar o procedimento, mas cuidados
no pós operatório devem ser redobrados para dar conforto e tranquilidade ao paciente
clima característico desta época proporciona. O
desconforto pode ser ainda pior para quem acabou
de passar por uma cirurgia no nariz e está em
processo de recuperação.
Para o médico otorrinolaringologista e
especialista em rinoplastia, Dr. Edson Freitas,
apesar dos incômodos, a cirurgia neste período
não precisa ser adiada por causa das condições
climáticas.
“O processo de recuperação de uma cirurgia no
nariz já dificulta a respiração em qualquer época
do ano, em climas mais secos, o ideal é redobrar a do local da cirurgia e se mantenha a região seca e
hidratação e a frequência de lavagens para aliviar o com curativo, evitando infecções e complicações
O Brasil já vive dias secos e quentes, e a ressecamento nasal”, afirma. posteriores. Neste período seco, pode-se fazer
tendência é que nos próximos meses a situação Ainda segundo o especialista, o pós operatório uso de umidificadores de ar e até nebulizações,
se agrave e a umidade relativa do ar fique ainda é fundamental para o sucesso da cirurgia plástica, e mas sempre busque a orientação do seu médico”,
mais baixa. Dificuldade para respirar e mucosas depende muito dos cuidados do paciente para que alerta.
secas são algumas das consequências que o a recuperação seja breve e eficaz. Fotos: Acervo pessoal.
“Indico que o paciente faça limpeza adequada www.pressmf.global - mf@pressmf.global
6 6