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Opinião
Biomedicina in Rio, o maior congresso
regional da profissão!
Dr. Dácio Eduardo Leandro Campos “nova” na área da saúde, crescemos em presença e importância nos serviços de saúde
públicos e privados, e mostramos o quão relevante somos na cadeia dos serviços de
Presidente do CRBM – 1ª Região saúde em nosso país (a pandemia pelo Sars-C-2 evidenciou o nosso compromisso
presidencia@crbm1.gov.br e capacidade no enfrentamento das situações emergenciais), e depois porque a
responsabilidade de atuação de um biomédico, de um médico, de um farmacêutico...
enfim, exige atualização contínua, estudos e experiências que moldam um profissional
e o capacitam para os desafios impostos na saúde, de norte a sul do país, e também
Profissionais biomédicos e da saúde estiveram reunidos, no início de junho, no estrangeiro.
naquele que já é considerado o maior evento regional da Biomedicina: o I Congresso Ao longo de meu trabalho, sempre apoiei a capacitação continuada. Portanto, ver
Regional de Biomedicina, VII Encontro Carioca de Biomedicina e I Congresso tomar forma um sonho e saber que representa apenas o início das muitas edições
Regional de Saúde Estética, na cidade do Rio de Janeiro - RJ. que certamente virão, acompanhando as necessidades do cotidiano dos profissionais,
O local escolhido para receber os mais de 2.200 inscritos, dentre profissionais, nas muitas e mais diferentes habilitações que a Biomedicina oferece, bem como as
acadêmicos e reconhecidos nomes da Biomedicina foi o Centro de Convenções e mudanças e evoluções verificadas no setor, confirma que nós, pioneiros da profissão,
Eventos Riocentro, amplo e acolhedor espaço localizado na Barra da Tijuca. caminhamos a estrada certa. Os percalços foram muitos ao longo dos anos, mas muito
A realização esteve a cargo da Associação Paulista de Biomedicina (APBM) e da honrado estou em saber o quanto conquistamos, o quão valorizada e imprescindível é
Associação Carioca e Capixaba de Biomedicina (ACCBM), com apoio do Conselho a Biomedicina e cada profissional que a abraçou.
Regional de Biomedicina 1ª Região (CRBM1) e do Conselho Federal de Biomedicina Quero aqui incluir os docentes e as instituições de ensino, igualmente responsáveis
(CFBM). pelos resultados da Biomedicina em nosso país. Instituições que acreditaram e
De 2 a 4 de junho, foram três dias de ampla e inovadora programação e a presença acreditam no projeto, investem e valorizam a formação de cada futuro biomédico.
de especialistas nacionais e do exterior em arenas e espaços diferenciados de vivência A área das Análises Clínicas, tão responsável pela nossa bela trajetória, esteve
da profissão. amplamente contemplada neste Congresso. Também foi possível, em parceria com a
Todo esse trabalho de apoio ao evento, de tamanha grandeza, pelo Conselho Prefeitura Municipal, realizar vacinação contra a gripe ao público presente no evento.
Regional, nos enche de orgulho e satisfação. Primeiro porque somos uma profissão É o biomédico atuando na prevenção!
Tinea pedis (“pé de atleta”)
Dra. Angela Satie Nishikaku
Doutorado em Ciências, Departamento de Imunologia, ICB-USP. Pós-doutorado no Laboratório Especial de Micologia,
Disciplina de Infectologia, Departamento de Medicina, UNIFESP.
Atualmente pertence ao Corpo Técnico-Científico do Centro de Pesquisa em Biologia Molecular Dr Ivo Ricci.
info@biomolricci.com / biomolricci23@gmail.com
A tinea pedis, também conhecida como “pé de atleta”, frieira ou tinha do pé, é uma e erosivas, prurido, ardor e mau odor), (2) vesicular ou inflamatória (bolhas ou
infecção causada por fungos, que acometem a pele localizada na região plantar (sola) vesículas sobre as solas), (3) hiperqueratótica crônica (tipo “mocassim”; recebe esse
e nos espaços entre os dedos dos pés (particularmente entre os 3º–4º ou 4º–5º dedos) nome, pois afeta toda a área da pele coberta por esse modelo de calçado) e (4) ulcerativa
(https://en.fungaleducation.org/tinea/). Apesar de afligir a humanidade há séculos, (lesões com erosões e úlceras, associadas a infecções bacterianas secundárias), que é
essa micose foi primeiramente descrita em 1888 por Pellizzari e, logo depois, em o tipo observado particularmente em pacientes imunocomprometidos e diabéticos (4).
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1892, um famoso dermatologista turco do Império Otomano, chamado Celalettin Mais de 30% dos casos de onicomicose (tinea unguium) nos dedos dos pés ocorrem
Muhtar “Celal” Özden, ficou conhecido por identificar uma infecção dermatomicótica concomitantemente com a tinha dos pés e de outras partes do corpo. 6
denominada “tinea pedis et manuum” (tinha dos pés e das mãos) ou doença de “Celal O diagnóstico de tinea pedis é realizado rotineiramente por achados clínicos,
Muhtar”, descrevendo-a como uma “tricofitose” plantar e palmar. Em 1908, Whitfield porém, suas manifestações clínicas podem lembrar aquelas de outras doenças
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e Sabouraud relataram casos de tinea pedis, que foram consideradas infecções raras cutâneas, como psoríase, celulite, infecções herpéticas, eritrasma, impetigo, eczema
causadas pelo mesmo agente responsável pela tinea capitis (tinha da cabeça ou do disidrótico, síndrome de Reiter, candidíase, pênfigo e infecções bacterianas nos espaços
couro cabeludo). 3 interdigitais. Nesse contexto, a realização de exames laboratoriais é fundamental
4,8
Vários estudos demonstram que a tinea pedis aumenta com a idade, sendo mais para evitar diagnósticos incorretos, incluindo a demonstração do fungo por exame
frequente em indivíduos adultos na faixa etária de 31–60 anos e também com >60 microscópico direto com solução de hidróxido de potássio (KOH) e a cultura de
anos de idade, mais comum em homens do que em mulheres e predominante em raspados da pele lesionada, além da histopatologia com o corante ácido periódico de
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países desenvolvidos. Outros fatores de risco importantes incluem características Schiff (PSA) para visualização de elementos fúngicos nas lesões teciduais. Entretanto,
sociais e comportamentais, que aumentam as chances de infecção, como por exemplo: a sensibilidade dos testes micológicos convencionais depende de fatores técnicos,
locais quentes e úmidos, sudorese excessiva, uso de calçados fechados por longos incluindo o preparo e a coleta adequada da amostra, do tempo de observação, uso
períodos, exposição prolongada à água (em locais de uso comunitário, como piscinas e de meios de cultura apropriados e da experiência do profissional. Resultados falso-
chuveiros) e traumas recorrentes na pele e nas unhas dos pés, associadas às atividades negativos são observados em até 30% das culturas, que podem demorar até 2–4
profissionais ou esportivas, sobretudo, em mineradores, soldados, maratonistas, semanas para o crescimento de dermatófitos. Para superar essas limitações, técnicas
nadadores e jogadores de futebol. Além disso, uma revisão sistemática da literatura moleculares baseadas na análise do DNA (PCR e sequenciamento) podem aumentar
4–6
demonstrou taxas de tinea pedis de até 38% na população em situação de rua. 7 a sensibilidade, especificidade e rapidez no diagnóstico, para a identificação correta
A prevalência dos agentes etiológicos de tinea pedis pode variar em determinadas de fungos causadores de tinea pedis, diretamente das amostras clínicas, que é
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regiões do mundo, de acordo com aspectos climáticos e ambientais de cada lugar essencial, devido ao aumento da resistência de fungos filamentosos dermatófitos e
(umidade e temperatura). Entretanto, os dermatófitos, fungos capazes de decompor não dermatófitos ao antifúngicos, como terbinafina e azólicos. 6,9
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a queratina presente na pele e nas unhas, respondem pela maioria dos casos. O manejo eficaz é influenciado pelo diagnóstico preciso, adesão do paciente ao
Trichophyton rubrum é a espécie prevalente, com cerca de 70% dos casos, seguida tratamento com antifúngicos apropriados, prescritos por médicos, aliados a outras
por T. interdigitale ou T. mentagrophytes e em menor extensão, Epidermophyton medidas de combate, controle e prevenção, que envolvem profissionais capacitados,
floccosum. Já as leveduras (Candida spp.) e os fungos filamentosos não dermatófitos, como por exemplo, podólogos; torna-se indispensável a educação dos pacientes para
como Aspergillus, Fusarium e Scopulariopsis, são os menos frequentes. 6 mudanças no estilo de vida e melhora nos hábitos de higiene dos pés, evitando assim
Essa micose manifesta-se pela presença de dermatite intertriginosa, com coceira, a disseminação fúngica, condições crônicas / recorrentes da infecção, complicações e
ardor, fissuras, maceração e descamação da pele nos dedos e sola dos pés. As quatro efeitos negativos na qualidade de vida. Bibliografia. As referências serão enviadas,
6,8
8
principais formas clínicas são: (1) interdigital (mais frequente, com lesões eritematosas quando solicitadas.
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