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Saúde
                          Importância dos Testes Rápidos para Covid-19

                                           na atenção primária à saúde



         O  COVID-19 é  uma doença  respiratória   incubação. O vírus permanece incubado durante   Um falso negativo pode ser um grande problema
       causada pelo novo  coronavírus  (SARS-CoV-2).   dias.                                  para a própria população.
       O período  de  incubação  varia de  2 a 14  dias,   Após 2 a 14 dias de incubação, surgem os   Além  disso,  as associações  de classe, como
       sendo de 5 dias em média. Os sintomas surgem   primeiros sintomas, como febre alta (acima   SBAC e SBPC, devem se posicionar e criar um
       após esse período e geralmente persistem por   de 37, 8 graus) e tosse seca. Esses sintomas   protocolo de usabilidade de todos  os testes
       5 a 7 dias. Após sete dias, começa o período de   duram em torno de 1 semana e o maior risco de   rápidos no Brasil,  além  de uma  validação  de
       maior transmissibilidade, isto é, quando é maior   complicações respiratórias, como pneumonia,   eficácia  em  um  laboratório  de  referência,
       o risco das pessoas passarem o vírus a outras   ocorre entre 8 a 9 dias.               comprovando as informações  contidas nas
       pessoas.                                      A partir desse  período,  o organismo inicia   instruções de uso de cada kit.
         Os principais sintomas da doença         a  produção  de  anticorpos,  a  fim  de  combater   Diagnóstico rápido  para detecção de
       incluem   febre,  tosse   e   dificuldade  e, na  maioria dos casos, vencer a  infecção. A   antígeno (Ag) do Covid-19
       respiratória. O quadro clínico nos pacientes   concentração sanguínea  de IgG e IgM  cresce   O diagnóstico rápido que detecta  a
       mais graves assemelha-se mais a um quadro   rapidamente a partir de 8 a 9 dias da infecção.  presença  de  antígeno é útil  na fase aguda  da
       de pneumonia do que a uma gripe.              Teste rápido para detecção de anticorpos   doença,  desafogando  as  filas  nos  hospitais  e
         Durante a epidemia,  quando se  tem         Testes rápidos que detectam a presença   auxiliando nas tomadas de decisões imediatas,
       transmissão comunitária do vírus, a identificação   de IgG e IgM não são adequados para a fase   como o isolamento do paciente positivo até o
       rápida dos pacientes com quadro de síndrome   aguda da doença, pois é alta a probabilidade   recebimento do teste confirmatório.
       gripal, na atenção primária à saúde, e posterior   de falso negativo.                     Como forma de screening, o teste para
       isolamento, são medidas  importantes para     Segundo alguns estudos, a eficácia de 100%   detecção de Ag é uma ferramenta mais útil do
       conter a disseminação. Casos mais graves devem   se dá somente a partir de 10 dias da provável   que a detecção de IgM e IgG, por ter uma janela
       ser  identificados  pelo  médico,  estabilizados  e   infecção. Com  7 dias, a sensibilidade é de até   de detecção menor (em torno de 5 dias da
       encaminhados para centros de referência.   80%.  Antes disso,  o paciente com COVID-19   infecção), o que é ponto chave no combate de
         Os exames diagnósticos, incluindo os     ainda não produz anticorpos e o teste rápido   qualquer epidemia.
       testes rápidos, podem desempenhar um       pode apresentar um  resultado  negativo para   Importante ressaltar  que um resultado
       papel fundamental no processo de triagem   IgM ou IgG, levando o paciente a retornar para   positivo no teste rápido de detecção do Ag, indica
       e diagnóstico, em que pacientes infectados   sua residência com alto risco de disseminação.  presença do  SARS-CoV-2, mas é necessário
       com coronavírus e diversas outras infecções   Portanto, para termos  segurança  diante de   ser  confirmado  em  laboratórios  de  referência,
       respiratórias virais, podem se presentar   um resultado “Negativo”, os testes rápidos de IgG   normalmente através da técnica PCR-RT.
       concomitantemente, apresentando quadro     e IgM são adequados somente a partir de 9/10
       semelhante de síndrome gripal.             dias da provável infecção. Importante lembrar   Diagnóstico diferencial de outras doenças
         O  processo  imunológico de resposta ao   que as especificidades destes testes são muito   respiratórias
       coronavírus                                altas,  com poucas chances de reação cruzada   Testes  rápidos para outras doenças
         Para entender a diferença entre os diversos   com outras doenças respiratórias.      respiratórias podem ser úteis para descartar o
       testes  disponíveis,  é preciso  compreender  a   A grande preocupação com os  testes   Covid-19.
       história  natural  da COVID-19,  observando a   sorológicos  por  imunocromatografia  são  as   Doenças  como  influenza,  vírus  sincicial
       resposta imunológica (Figura 1).           informações incompletas que estão circulando,   respiratório  (RSV), Adenovírus  ou mesmo
         Após infecção pelo vírus,  a  carga viral   devido  ao pânico  gerado pela doença.  Os   faringite estreptocócica têm sintomas que
       no organismo aumenta  rapidamente em       fabricantes  devem ter  responsabilidade  e   podem ser confundidos com COVID-19. Assim, o
       poucos dias. Mas o paciente pode permanecer   indicar, de maneira  clara,  a  real  efetividade   médico precisa descartar essas condições para
       assintomático, pois ainda  está  no período  de   (sensibilidade) do uso desses testes sorológicos.   um diagnóstico correto.
                                                                                                 Vale lembrar que com a chegada do inverno
                                                                                              no Brasil, a incidência de doenças respiratórias
                                                                                              vai aumentar e outros  vírus  irão circular com
                                                                                              maior força.
                                                                                                 O mundo ideal, sem dúvidas, seria o uso de
                                                                                              painéis multiplex respiratórios (já existentes
                                                                                              no mercado) por Biologia Molecular, mas
                                                                                              sabemos que, ainda, não é a realidade  do
                                                                                              Brasil por vários motivos: alto custo, demora
                                                                                              no resultado e áreas remotas onde o envio do
                                                                                              swab pode comprometer a pesquisa do vírus,
                                                                                              dando falso negativo.
                                                                                                 Por isso, os testes de pesquisa de antígenos
                                                                                              de outras doenças respiratórias, sejam por
                                                                                              imunocromatografia,  fluorescência  ou  biologia
                                                                                              molecular, devem ser considerados e colocados
                                                                                              na  linha  de frente, também  para o combate a
                                                                                              COVID-19.




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      Figura 1. Resposta imunológica esperada após contado com o novo coronavírus e              Cassyano J Correr - Farmacêutico, doutor em
      manifestação da doença.                                                                        medicina interna. Professor da UFPR
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