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Opinião

Dr. Yussif Ali Mere Jr
Presidente da Federação e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e
Laboratórios de Ribeirão Preto e Região (FEHOESP e SindRibeirão)

presidencia@fehoesp.org.br
Tragédia anunciada

Estamos enfrentando a maior crise sanitária da Público, Tribunal de Contas da União e pode os esforços na compra e produção de vacinas. Em
história. Na data de fechamento deste artigo, o originar uma CPI no Congresso. 2020, o governo cancelou a compra dos imunizantes
mundo contabilizava mais de 2,7 milhões de mortes Em meio a manchetes diárias desanimadoras ou não negociou com os laboratórios fabricantes e,
por Covid-19 e 123,2 milhões de casos. Infelizmente, que mostram claramente que a pandemia está hoje, estamos no fim da fila. O presidente chegou
a máxima popular “está ruim, mas pode piorar”, fora de controle no Brasil, Bolsonaro arrumou um a “comemorar” a morte de um voluntário da
cabe como uma luva ao Brasil. A falta de rumo e bode expiatório para o desastre. Sobrou para o Coronavac, em novembro do ano passado, que
planejamento do governo Bolsonaro levou o país cumpridor de ordens Eduardo Pazuello, que foi comprovadamente nada teve a ver com a vacina.
ao caos, com 12 milhões de casos da doença e 300 substituído recentemente pelo médico Marcelo "Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o
mil mortes. Soma-se a essas perdas irreparáveis o Queiroga no Ministério da Saúde. Em 12 meses e Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la.
colapso dos sistemas público e privado de saúde em plena pandemia teremos o quarto ministro da Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, postou em
em todo o país, com falta de kits de intubação, Saúde! Mandetta e Teich eram incompetentes? suas redes sociais. Seria asqueroso se fosse ficção,
medicamentos, oxigênio, leitos e ventiladores, ou Claro que não, eram profissionais técnicos e sérios, como é realidade, me falta adjetivo.
seja, uma tragédia anunciada. que queriam combater a pandemia de acordo Agora, em uma ação desesperada, o governo
O negacionismo feroz da pandemia, com a ciência e os exemplos bem-sucedidos de tomou uma decisão arriscada, de usar todo o
externado por Bolsonaro em quase todas as outros países. Mas pessoas assim não tiveram até estoque de vacinas na primeira dose. Corremos o
suas declarações e entrevistas, está fazendo o momento espaço nesse governo. risco de milhares de doses já aplicadas perderem
com que brasileiros morram diariamente sem O Ministério da Saúde, gestão Pazuello, é a eficácia, caso essas pessoas não recebam
dignidade, por falta de assistência. Além de responsável pela atual falta de medicamentos a segunda dose no prazo certo. A pergunta
desumano, é inaceitável que um Presidente da utilizados nos processos de intubação. Em agosto, que toda sociedade faz, nesse momento, é:
República insista em negar a ciência, defenda o Ministério cancelou, sem justificativa, importação “Será que Marcelo Queiroga será mais um pau
e invista recursos (escassos!) em tratamentos desses produtos. O Conselho Nacional de Saúde mandado de Bolsonaro ou agirá como médico
comprovadamente ineficazes e fale contra o uso alertou o Ministério, na época, que a assistência que é e respeitará a ciência?”. Se ele conseguir
de máscaras e o distanciamento social, medidas aos pacientes de Covid-19 entraria em colapso. fazer com que Bolsonaro fique de boca fechada
sanitárias importantes de prevenção contra o Novamente, nada foi feito. A imunização, caminho e pare de atrapalhar, já será alguma coisa. Mas
novo coronavírus. Essas atitudes fizeram com para evitar casos mais graves da doença e, devagar, precisamos de muito mais. Além de vacinas,
que a gestão da pandemia no país fosse parar retomar o dia a dia da economia, foi, por várias leitos, medicamentos, oxigênio e planejamento, o
no Conselho de Direitos Humanos da ONU. vezes, motivo de chacota de Bolsonaro. Agora, em povo brasileiro precisa de solidariedade, respeito,
Internamente, há investigações sendo realizadas pronunciamento nacional em TV e rádio, mente, dignidade. Pelo que temos assistido até aqui,
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Ministério afirmando que seu governo empreendeu todos parecem coisas impossíveis nesse governo.

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