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Opinião
Dr. Wilson Shcolnik
Médico patologista clínico, presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica
(Abramed) e do Conselho de ex-presidentes da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/
Medicina Laboratorial (SBPC/ML), vice-presidente do SINDHOSP, membro da Sociedade Brasileira
para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp) e da Câmara Técnica de
Segurança do Paciente do CFM
presidencia@abramed.org.br
Avançar sem dialogar é impossível
Não há relacionamento sem diálogo. Em nenhum (ANS) algumas das pautas mais relevantes da nossa e têm interesse em doar equipamentos de altíssima
aspecto. Quando pensamos de forma institucional, o atualidade. qualidade, mas que não mais serão utilizados, para o
diálogo também se faz relevante, principalmente diante Foi satisfatório poder estar em um debate Sistema Único de Saúde (SUS) e para Santas Casas de
de cenários de ampla complexidade como o setor da transparente e aberto para compreender como muitos Misericórdia, mas acabam bloqueadas pela regulação,
saúde. E não basta investir no poder da comunicação dos nossos pleitos estão sendo tratados por essas que proíbe esse tipo de operação. Equipamentos de
somente quando crises despontam. Comunicar-se deve entidades. E perceber que essas instituições estão alto custo, parados, sendo que poderiam contribuir
ser um exercício diário e sistemático. dispostas a nos ouvir, entender nossas necessidades para ampliar o acesso da população brasileira a
Uma das atividades associativas está justamente e permitir que possamos auxiliar na construção de exames de qualidade.
focada na promoção do diálogo entre todos os regulamentações que coloquem, sempre, a qualidade Por fim, nos sentimos satisfeitos ao perceber que
atores que compõem a cadeia da saúde. Na medicina dos serviços e a segurança do paciente em primeiro temos construído, ao longo da última década, uma
diagnóstica – representada nacionalmente pela lugar. relação ética de confiança e transparência com as
Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica Entre os temas que pudemos debater e que agências responsáveis pela regulamentação do nosso
(Abramed), que presido desde 2019, não há como impactam o dia a dia das empresas brasileiras de setor, aí incluída também a ANS. Reconhecemos a
trabalhar pela melhoria do setor sem envolver medicina diagnóstica estava, por exemplo, a revisão importância do rigor da atuação dessas entidades, que
empresas públicas e privadas, poderes Executivo da RDC 302, cujo texto inicial desagradou ao setor, prezam pela qualidade do nosso segmento, e estamos
e Legislativo, órgãos reguladores, população, provocando ampla reação, mas que está sendo tratada sempre dispostos a contribuir compartilhando nosso
profissionais da saúde e todos os outros membros com atenção redobrada pelas equipes técnicas da conhecimento e nossa expertise.
que, juntos, constroem um dos sistemas mais Anvisa. Como consequência, também discutimos se Do outro lado, nos traz tranquilidade ter acesso
necessários ao país. autorizar a realização de exames fora dos ambientes à alta diretoria das agências reguladoras. Isso tem
Recentemente realizamos a quinta edição altamente controlados dos laboratórios clínicos nos permitido encaminhar pleitos de interesse do
do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde representa oferta de acesso ou de risco aos pacientes. setor e discutir os impactos que as normas podem
(FILIS), um evento promovido pela Abramed e que Além disso, pudemos questionar como a agência desencadear.
consegue reunir todos os principais elementos vem trabalhando na revisão da RDC 25, sobre o Todas essas conquistas só foram obtidas por meio
estratégicos do segmento. Durante esse encontro recondicionamento, transferência e doação de de um trabalho dedicado, iniciado por profissionais do
tivemos a oportunidade de debater diretamente com produtos para a saúde usados, pois sabemos que nosso setor que nos antecederam. Cabe a nós, com
executivos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária nossas clínicas e laboratórios muitas vezes investem na responsabilidade, vencer o desafio de manter essa
(Anvisa) e Agência Nacional de Saúde Suplementar substituição e atualização de seu parque tecnológico chama acesa.
Estudo clínico
Liderado por MSF mostra eficiência de
novo tratamento contra tuberculose resistente
Terapia é mais rápida e tem menos efeitos colaterais do que regime atual para tratar doença
Um estudo clínico liderado por Médicos Sem médico de MSF e pesquisador-chefe do estudo. “Eles
Fronteiras (MSF) concluiu que um novo regime de nos relatavam o quão difícil era seguir o tratamento,
tratamento de seis meses com remédios ingeridos mas havia poucos avanços na obtenção de
por via oral é mais efetivo e seguro do que as terapias alternativas menos agressivas, porque doenças que
adotadas atualmente para pacientes com tuberculose são prevalentes em países de renda baixa e média não
resistente ao antibiótico rifampicina (TB-RR), um dos atraem investimentos. Então decidimos nós mesmos
medicamentos mais usados contra a doença. buscar novas opções de tratamento”, explicou ele.
Os resultados dão perspectivas melhores para as “Estes resultados dão esperança de um futuro melhor
pessoas com tuberculose drogarresistente (TBDR), para pacientes, suas famílias e profissionais de saúde
que atualmente passam por tratamentos com até de todo o mundo.”
20 meses de duração, que podem incluir dolorosas MSF espera que as conclusões do estudo possam
injeções, ingestão de até 20 comprimidos diários e contribuir com o grande volume de evidências
severos efeitos colaterais. Mesmo com todo esse que indicam a necessidade de atualização das
esforço, os regimes de tratamento atuais curam recomendações globais de tratamento da doença,
apenas 1 em cada 2 pacientes e podem ainda causar comparação com os padrões de tratamento adotados para que passem a incluir um regime terapêutico
sérios impactos sobre sua saúde física e mental, além localmente. O estudo envolveu 552 pacientes no total, curto, efetivo e seguro. MSF acredita que estes
de consequências financeiras e sociais. dos quais 301 foram incluídos na análise até esta etapa, e resultados provem que é o momento de adotar
O anúncio dos resultados foi feito durante a ocorreu em sete cidades dos seguintes países: Belarus, mudanças nas práticas clínicas de combate à doença.
52ª Conferência Mundial sobre Saúde Pulmonar da África do Sul e Uzbequistão. MSF planeja trabalhar junto a programas
organização Union, que é referência no tema. O O ensaio clínico de fase II/III aferiu que o novo regime nacionais de enfrentamento da tuberculose,
trabalho deve ser publicado na íntegra ainda neste de tratamento mais curto foi muito efetivo contra Ministérios da Saúde e outros atores relevantes para
ano em uma revista científica que o submeterá a TB-RR. Entre os pacientes que receberam o novo que este tratamento esteja disponível o quanto antes
previamente à revisão por outros pesquisadores tratamento (BPaLM), 89% foram curados, comparados aos pacientes. “No ano passado, nossas equipes
(peer review). MSF também está compartilhando aos 52% no grupo que recebeu os tratamentos-padrão. ajudaram 13,8 mil pessoas a iniciar seu tratamento
as informações do estudo com a Organização Infelizmente, quatro pacientes do grupo de controle de tuberculose, incluindo 2.100 com tuberculose
Mundial da Saúde (OMS) para que a entidade possa morreram de tuberculose ou em função de efeitos drogarresistente. Como um dos mais importantes
eventualmente utilizá-las na revisão dos protocolos colaterais do tratamento, enquanto não houve mortes provedores não-governamentais de tratamento
de tratamento de TB drogarresistente e estimular entre os pacientes submetidos ao novo regime. contra a tuberculose no mundo, estamos animados
aprimoramentos nas práticas clínicas de cada país. Adicionalmente, resultados do estudo mostram que as com as perspectivas abertas por esses resultados
O estudo, denominado TB-PRACTECAL, é o novas drogas levaram à redução de efeitos colaterais para aqueles que sofrem com a tuberculose
primeiro ensaio clínico randomizado e controlado, mais graves, com 80% dos pacientes ficando livres deles drogarresistente”, disse o Dr. Christos Christou,
realizado em vários países, a analisar a eficácia e a em comparação com 40% no grupo de controle. presidente internacional de MSF.
segurança de um regime de tratamento de seis meses “Quando embarcamos nessa jornada, há nove anos Mais informações: Pragmatic Clinical Trial
utilizando somente medicamentos de via oral contra atrás, pacientes com tuberculose drogarresistente for a More Effective Concise and Less Toxic
a tuberculose resistente a rifampicina. No estudo, em todo o mundo enfrentavam tratamentos longos, MDR-TB Treatment Regimen(s) - Full Text View -
foram testados os medicamentos bedaquilina, ineficientes e extenuantes que afetavam negativamente ClinicalTrials.gov.
pretomanida, linezolida e moxifloxacina (BPaLM) em suas vidas”, afirmou Bern-Thomas Nyang’wa, diretor imprensa@msf.org.br
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